Finalizando a programação especial dos 40 anos do Museu Municipal Parque da Baronesa (MMPB), cápsulas do tempo foram enterradas durante cerimônia realizada na tarde desta segunda-feira (19), em frente ao prédio histórico.
Os escritos do projeto intitulado como Lendo o Passado, Escrevendo o Futuro marcam a forma de comunicação que os moradores originais utilizavam na época, principalmente fazendo alusão às cartas trocadas entre a baronesa Amélia e a filha Sinhá. Dentre relatos de moradores de Pelotas, estudantes e outras personalidades da cidade, está uma carta escrita pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).
A ação visa mais do que homenagear o estilo de vida da época, mas também conta a história da cidade no atual momento. Cada depoimento depositado na cápsula ajudará a contar um pouco do sentimento presente no agora. Segundo a diretora do museu, Fabiane Moraes, a atividade contou com a participação da comunidade jovem do município. “Ao longo do tempo a gente trabalhou mandando o convite para jornais, para as escolas estaduais, particulares, municipais, pra que essas escolas participassem. Porque, na verdade, a gente tinha o passado, com as cartas da baronesa, mas e o futuro, como a gente faz esse futuro? O futuro são as crianças, o futuro é justamente isso que a gente tá deixando aqui, essa semente que a gente tá deixando”, aponta.
Por outro lado, Fabiane fala sobre a dificuldade de conseguir os relatos com os estudantes. “Infelizmente a gente não teve uma participação muito grande, porque a pandemia trouxe várias coisas, inclusive esse déficit na educação. As crianças que a gente imaginou que estariam participando, que trabalham a história de Pelotas, não foram alfabetizadas, elas acabaram passando pela história, entrando no primeiro ano, no segundo ano, e pularam dois anos. Muitas não foram alfabetizadas”, conta. Para ela, junto dos demais organizadores da programação do museu, foi um choque saber que muitas crianças não sabiam escrever. “Se pensou assim, perdemos vida na pandemia, e a gente descobre que se perdeu muito mais que isso”, completa.
O conteúdo do Projeto Lendo o Passado, Escrevendo o Futuro permanecerá no solo por 10 anos, vindo a ser retirado e aberto apenas no dia 25 de abril de 2032, data do jubileu de ouro do MMPB.
Quanto ao futuro do Museu da Baronesa, a diretora reforça a expectativa de incluir na história do local as pessoas escravizadas que constituíam parte importante da época e acabaram sendo deixadas de lado nas retratações do museu.
Além da cápsula do tempo, uma série de outras atividades como o lançamento do documentário Entre Amélias e a exposição das cartas trocadas entre a baronesa e a filha integraram a programação das quatro décadas do museu. O documentário pode ser conferido no canal do YouTube do museu.
No momento, o local está passando por reformas, que preveem intervenções nas esquadrias, forro, pintura e outras melhorias estruturais. O Museu reformulado deve ser reaberto para visitação em 2023.
Prefeita anuncia presente para o parque
Durante a cerimônia para enterro das cápsulas do tempo, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) fez um importante anúncio para o parque do local. Conforme a chefe do Executivo, o município finalmente recebeu a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para execução de um projeto que levará diversas melhorias ao local.
Em entrevista ao JTR, Paula detalhou a construção de um espaço com quadras esportivas em um local até então abandonado do parque. Além da estrutura para o esporte, serão acrescentados muros em pontos onde há falta da barreira, assim como será colocada iluminação em led ao longo do local.
Mascarenhas também cita a construção de um anfiteatro próximo ao edifício do museu. A construção será escavada no chão do parque.
As melhorias constituem, segundo a prefeita, o maior investimento que o Parque da Baronesa já recebeu. O investimento no local está orçado em mais R$ 7,1 milhões. Os recursos são por meio do programa Avançar no Turismo, do governo do Estado, com contrapartida municipal.