O Theatro Guarany ficou lotado, na noite de segunda-feira (20), para a solenidade de abertura do 13º Festival Internacional Sesc de Música. Até o dia 31 de janeiro, o maior evento de música erudita da América Latina reunirá 400 alunos e 50 professores de 13 países em dezenas de cursos e oferecerá à comunidade aproximadamente 60 apresentações gratuitas. No ano passado, 40 mil pessoas assistiram aos concertos realizados em diversos locais da cidade.
“A edição deste ano é, especialmente, ainda mais significativa, pois é a celebração de um grande esforço, da retomada da nossa atividade, após a tragédia das enchentes que todos nós vivemos e cujos reflexos atingiram, mesmo que indiretamente, o comércio, a indústria e os serviços. O festival envolve toda a comunidade e, além da arte, movimenta todo o comércio, a indústria do turismo e os serviços, desde os hotéis até aquele que vende o cachorro-quente. Além de desenvolvimento econômico, através do festival, a Fecomércio por meio do Sesc reafirma seu compromisso na promoção da cultura e no bem-estar de toda a comunidade”, declarou Joel Vieira Dadda, primeiro vice-presidente da Fecomércio.

Para o gerente regional do Sesc Pelotas, Luiz Fernando Parada, a cidade abraçou o evento, como tem feito desde a primeira edição realizada em 2012. “A energia da cidade é maravilhosa, todos estão vivendo a música e a gente tem só que agradecer a comunidade pelotense por sempre esse apoio aos projetos do Sesc, em especial o Festival de Música, que é um evento gigantesco, que põe o nome da cidade em todo o mundo”, disse.
A secretária municipal de Cultura, Carmen Vera Roig, afirmou que o festival materializa a ideia de cultura pensada para Pelotas. “Dá uma alegria ver a cidade sendo utilizada pelas pessoas com alegria. É isso que a gente quer para Pelotas. Uma cidade que as pessoas usem os seus espaços públicos com arte e cultura e não há nada mais lindo do que a música para unir as pessoas”, destacou.
Em seu discurso, o prefeito Fernando Marroni (PT) apontou a importância do festival para a comunidade, reforçou as medidas de inclusão, como a tradução em libras e os programas em Braille como formas que permitem a cultura chegar a toda população, ressaltou a participação das orquestras estudantis municipais como ferramenta de difusão da música entre os jovens e falou da identificação da cidade com o evento.

“O festival nos conecta com a cultura, com a alma da nossa cidade e, para todos nós, é motivo de muito orgulho ter esse evento, que proporciona momentos de prazer, de reflexão, diversão a todos, sem exceção. É um presente para a nossa comunidade, um espaço democrático, onde a arte se torna de todos e sem barreiras. Além de ser um importante espaço de aprendizado, de intercâmbio cultural”, declarou.
Após os discursos, a plateia de 1,2 mil pessoas assistiu ao primeiro concerto da programação, executado pela Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo com regência de Linus Lerner e no qual foram apresentadas obras de Otto Schwarz, Maestro Duda, a grandiosa Symphonic Overture de James Barnes e a icônica Rhapsody in Blue, de George Gershwin.

Cortejo fez o centro transbordar de música
No fim da tarde, o Largo do Mercado Central foi tomado por músicos de toda a cidade, representantes de blocos carnavalescos, professores e alunos do 13º Festival Internacional Sesc de Música, que dali saíram em cortejo espalhando música por todos os cantos do Centro Histórico.

Entre o grupo que tocou peças populares do cancioneiro nacional, como Asa Branca, de Luiz Gonzaga, marchinhas e músicas de carnaval estavam Airton Krolow, de 62 anos, e, Lucian Krolow, de 36. Pai e filho sempre viveram da música e nela encontraram, além de uma ligação poderosa, um amor para toda a vida. Apesar de uma parceria, que começou quando Lucian, aos oito anos de idade, iniciou as aulas no Conservatório de Música de Pelotas e depois seguiu firme nas bandinhas alemãs e de carnaval, essa foi a primeira vez que os dois tocaram juntos no Festival Sesc.
“Eu achava que não deveria vir porque era uma coisa dos professores e alunos e eu não sou professor nem aluno. Então, não participava como uma maneira de respeitar esse momento. Mas aí descobri que existe uma abertura e que eu também poderia estar aqui e, prontamente, um dos professores me convidou e é claro que eu vim e daqui pra frente não vou mais deixar de vir”, contou Airton, que durante décadas integrou banda do 9º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro.

O convite que seduziu o ex-sargento do Exército partiu de um professor muito especial, o filho Lucian, músico da Força Aérea Brasileira, professor da Oficina de Choro do Santander Cultural em Porto Alegre e que há sete anos leciona no curso de instrumentos de sopro do núcleo de Choro do Festival Internacional Sesc de Música. “Depois de alguma insistência, o pai criou coragem, pegou a tuba e veio para o cortejo e foi uma experiência muito bacana poder tocar ao lado dele aqui, especialmente porque o Festival reúne o mundo inteiro em Pelotas para estudar e compartilhar música. Então, esse momento é muito especial”, comentou.
