Poder público determina que invasores do MST desocupem propriedades em Pedras Altas

De acordo com o MST, as ações fazem parte do movimento “Natal sem Terra” tendo por objetivo pressionar o governo federal na vistoria e compra de terras para assentar 1,5 mil famílias no Estado (Foto: Divulgação)

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) invadiu, no começo da manhã de terça-feira (3), duas áreas na zona rural de Pedras Altas. Durante a tarde, o poder público determinou que as famílias desocupassem as áreas invadidas.

Segundo os produtores locais, a primeira propriedade invadida foi a Cabanha Santa Angélica, já a segunda propriedade foi a Fazenda Nova, na divisa do município com Hulha Negra. Ambas estão em atividade produtiva no setor agropecuário.

Para a reportagem do JTR, o representante da Cabanha Santa Angélica, Ramiro Madruga Costa, explicou que o poder público determinou a retirada dos invasores. “Ainda na tarde de ontem (3), por decisão do poder público, os invasores foram retirados do local com apoio da Brigada Militar. A maioria deles deixaram o local, mas durante a noite chegou um reforço com mais pessoas e estão montando acampamento na estrada em frente à entrada da fazenda”.

Segundo Costa, o clima é de tensão e prejuízo na propriedade porque existe a possibilidade de o grupo permanecer no local e invadir novamente. “Estamos sem poder trabalhar, o clima é de tensão, são mais de 20 funcionários na propriedade todos sem conseguir desenvolver suas atividades. Estamos numa época de produção em alta, precisamos plantar, colher, é período de reprodução e somos obrigados parar nosso serviço para atender essa demanda que não deveria acontecer”, declarou.

Costa também ressaltou que a propriedade é altamente produtiva e não há razão nenhuma para a invasão. “Produzimos arroz, soja, milho, gado de corte, leite, genética de bovinos e genética de cavalo crioulo. É uma fazenda centenária, tradicional na agropecuária com um trabalho desenvolvido em família. Somos quase 20 produtores”.

O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, se manifestou sobre o ocorrido. “Lamentavelmente fomos surpreendidos com a volta das invasões do MST ao estado do Rio Grande do Sul. Isso significa que traz insegurança jurídica aos nossos produtores rurais e por isso mesmo que nós estamos muito atentos. Já estamos em contato com o governador do Estado, com Casa Civil, com Secretaria de Segurança Pública que já estão tomando as devidas providências”.

Em nota, a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) repudiou a invasão. “Atos como este representam uma afronta inaceitável ao direito de propriedade, base fundamental para o desenvolvimento do setor agropecuário e para a segurança alimentar do Brasil. A invasão de propriedades rurais é um ataque direto à ordem constitucional e coloca em risco a estabilidade jurídica necessária para que os produtores possam desempenhar suas atividades com segurança e planejamento.

A Febrac condena com firmeza qualquer forma de violência no campo e reforça que os conflitos devem ser resolvidos dentro do marco democrático, por meio do diálogo e do respeito às leis. Invasões e ações arbitrárias comprometem não apenas os produtores diretamente afetados, mas também a confiança em um setor estratégico para o Brasil e para o mundo.

Reiteramos a necessidade de uma resposta imediata e efetiva das autoridades competentes para proteger os direitos dos produtores e restaurar a ordem. A Febrac não tolera a impunidade e exige que medidas enérgicas sejam tomadas para evitar que ações semelhantes se repitam. Nossa total solidariedade está com os proprietários e colaboradores da Cabanha Santa Angélica, que enfrentam não apenas prejuízos econômicos, mas também a indignidade de ver seu trabalho e dedicação desrespeitados”, diz parte do texto.

De acordo com o MST, as ações fazem parte do movimento “Natal sem Terra” tendo por objetivo pressionar o governo federal na vistoria e compra de terras para assentar 1,5 mil famílias no Estado. O grupo de invasores são membros do acampamento Sebastião Sales, de Hulha Negra.

Investigação

O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, determinou, nesta quarta-feira (4), a instauração de um inquérito policial para investigar a denúncia de possível uso de bens públicos em ações relacionadas ao ato do MST no município. A decisão foi comunicada ao deputado estadual Marcus Vinícius de Almeida (PP), autor do pedido, após o envio de um ofício detalhando os fatos.

“Já enviando para a Polícia Civil para urgente instauração de inquérito”, afirmou o secretário em resposta ao parlamentar.

Novas denúncias incluem caminhão público

Além das máquinas mencionadas inicialmente, o deputado também recebeu imagens enviadas por produtores da região que indicam a presença de um possível caminhão público nas terras invadidas. Esses relatos reforçam a necessidade de uma investigação ampla e detalhada sobre o uso de recursos públicos na ocupação.

O caso foi levado à atenção do deputado por produtores rurais da região, que relataram o uso de bens públicos em ações de assentamento em áreas invadidas.

Enquanto isso, cerca de 200 integrantes do MST seguem em vigília no pátio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Porto Alegre, sem apresentação formal de pautas reivindicatórias.

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