Em Morro Redondo, reunião técnica aborda sistema de produção do pêssego

Evento teve a participação de especialistas do setor rural, que falaram sobre desafios e soluções para o setor produtivo do pêssego. (Foto: Diones Forlan/JTR)

Na terça-feira (8), foi realizada reunião técnica da cultura do pessegueiro no Centro Cultural de Eventos Valdino Krause de Morro Redondo, na qual foram abordados assuntos relacionados ao manejo de doenças, insetos, praga, adubação e clima na região produtora de Pelotas.

A reunião contou com cerca de 50 participantes, envolvendo equipes da Emater/RS-Ascar de Morro Redondo, Pelotas, Cerrito, Piratini e do Regional, produtores de Morro Redondo, Pelotas, Canguçu e Piratini e da associação de Desenvolvimento Comunitário de Produtores Rurais de Morro Redondo.. Também participaram representantes do Sicredi Morro Redondo, Amilcar Zanotta, Sindicato das Indústria de Doces e Conservas Alimentícias (Sindocopel).

O chefe do Escritório Municipal da Emater de Morro Redondo, Evaldo Voss, destacou que a reunião abordou vários aspectos importantes relacionados a safra do pêssego e serviu como oportunidade para tirar inúmeras dúvidas dos produtores.

O extensionista do Regional da Emater, Edgar Norenberg, que neste ano assumiu como responsável técnico pela fruticultura, salientou a importância da retomada dos encontros, retomados após a fase aguda da pandemia de Covid-19. “É o momento de ter trocas de ideias entre os colegas que são especialistas em algumas áreas e os produtores. Cada um tem as suas experiências”.

A analista e responsável pela área de transferência de tecnologia da Embrapa, Janni Haerter, disse que a entidade é parceira e disponibiliza os pesquisadores para compartilharem conhecimento aos produtores desta cadeia importante para a região.  O objetivo, segundo ele, é resolver em conjunto os problemas que são observados nos dias de hoje.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas, Nilso Loeck, ressaltou a transformação que o pêssego já teve, desde variedades que já foram eliminadas e outras que foram incluídas. “Ssão tantas as lutas para que os pessegueiros estejam sempre ocupando um espaço de destaque na indústria da nossa região”, afirmou.

O secretário de Desenvolvimento Rural e Turismo, Antônio Martins, disse ser uma satisfação para a administração municipal receber este encontro com os produtores e parceiros que fortalecem este setor através do diálogo e discussão. “Para o nosso município é muito importante pois temos várias indústrias, produtores e é gerado muitos empregos, e aqui vemos as novidades para resolver os problemas em conjunto com os profissionais qualificados, a cada dia estamos sempre aprendendo”, concluiu.

O extensionista da Emater Pelotas, Rodrigo Bubolz Prestes, tratou da adubação e calagem,  e disse que esta na época do produtor fazer a brotação, indicada para primeira intervenção.

Entre os principais cuidados ele citou o tipo de adubo, forma de aplicar e a quantidade,  além de atenção também com a renovação e ampliação dos pomares, onde deve-se fazer a análise correta do solo, de forma a fornececer com a adubação todos os nutrientes que a planta vai precisar.

O extensionista ainda focou na importância dos cuidados físicos e biológicos com o solo, utilizando plantas de cobertura como estratégia, tanto no segundo período de adubação, no raleio, durante outubro e na terceira adubação, entre janeiro e fevereiro, no período pós colheita.

O pesquisador da Embrapa, Bernardo Ueno, abordou o manejo de doenças nas plantas, e a preocupação em virtude de previsões de chuvas sequenciais na época que antecede e durante a colheita do pêssego. Ele aponta que as chuvas que duram por um período mais prolongado acarretam o favorecimento de podridão da fruta, de forma que não se consegue aplicar a pulverização de fungicidas.

Neste sentido, ele aconselha que o produtor precisa ficar atento às previsões meteorológicas para aproveitar cada oportunidade em que o clima for favorável para promover a pulverização, com tempo de secagem de pelo menos quatro horas sem chuva.

Os produtores devem estar atentos para eliminar os frutos que possuem doenças, retirando para que não contaminem os demais. A situação ocorre em virtude das possibilidades previstas de temporais durante a colheita, que danificam as frutas e servem como porta de entrada para os fungos.

Neste sentido, o monitoramento diário dos produtores é fundamental para o controle de doenças no pomar, que precisam ter em estoque certa quantia de fungicidas para que não falte durante a safra.

O manejo de insetos e pragas foi tratado pelo pesquisador da Embrapa Dori Edson Nava, que falou sobre questões relacionadas ao sistema de alerta da mosca das frutas, com apresentação de dados referentes ao ano de 2022 e prognóstico para 2023.

Ele adiantou que a partir da terceira semana de agosto terá início os boletins que irão transcorrer semanalmente até o fim de dezembro. Na sequência abordou o uso dos atrativos para mosca das frutas que são utilizados para monitorar a praga. Por captura maçal usa-se em torno de 100 armadilhas, por exemplo, com a chance de capturar o maior número possível. Dependendo da localização da propriedade, aplica-se um atrativo com inseticida intercalado no pomar visando a parte externa, outro método de isca tóxica que já vem sendo utilizado nos últimos anos.

Sobre os pontos de monitoramento serão cinco locais: Vila Nova e São Manoel em Pelotas, Rincão da Caneleira e Colorado no Morro Redondo e na Glória, em Canguçu. Nas armadilhas, uma vez por semana o técnico vai a estes locais e coleta as informações de captura da moscas e com isso começa-se a montagem de cada boletim.

O professor de meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Júlio Renato Marques, falou sobre a variação do clima e alerta de excessos de chuvas em relação ao ano passado. Segundo ele, aa primavera terá chuvas com períodos mais quentes e úmidos, acarretando problemas para o plantio e adubação.

Ele aponta que os impactos de chuvas ainda não são sentidos porque a gente vinha de período muito seco. Para os meses de outubro, novembro e dezembro projeta-se mais chuvas, por isso o professor orienta que os produtores acompanhem diariamente o site https://wp.ufpel.edu.br/cppmet/ , que auxiliará no manejo durante o período de colheita.

No encerramento, o engenheiro agrícola da Embrapa Clima Temperado, Carlos Reisser Junior, tratou sobre a relação do tempo com a planta, detalhando dados da produção de pessegueiro em anos de El Niño e como este fenômeno se comporta. Ele adianta que há anos em que se produz mais e outros menos e que dependendo da chuva pode prejudicar, assim como caso persista ou se há chuvas intercaladas entre os dias.

Outro ponto abordado foi a relação de horas de frio no que se refere a produtividade do pessegueiro. Por isso, o engenheiro destaca para a importância da implantação do pomar adequado, correção do solo e adubação específica. A planta irá se desenvolver bem e reduzirá problema de deficiência hídrica.

A promoção do evento foi da Embrapa Clima Temperado, em parceira com a Emater/RS-Ascar, UFPel, prefeituras municipais de Morro Redondo, Pelotas e de Canguçu, Sindocopel, Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP) e Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Pelotas.

As reuniões ocorrem das 13h30 às 17h e serão realizadas nesta quarta-feira (9) na Comunidade São Pedro, Vila Nova, em Pelotas; na quinta-feira (10), na Comunidade São Mateus, em São Manoel, Pelotas; e na sexta-feira (11), no Centro Comunitário da Glória, em Canguçu.

Confira mais fotos do evento

Fotos: Diones Forlan/JTR

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