II Seminário de Tradição Doceira é realizado em Morro Redondo

Seminário, realizado no Centro de Eventos Valdino Krause, integrou a programação da V Festa do Doce Colonial. (Foto: Diones Forlan/JTR)

Na quarta-feira (7), na abertura da programação da V Festa do Doce Colonial de Morro Redondo, o Centro Cultural de Eventos Valdino Krause recebeu o II Seminário de Tradição Doceira de Morro Redondo. O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) da Salvaguarda da Tradição Doceira.

Os participantes foram recepcionados, inicialmente, pelos titulados de prendas e peão do CTG Cancela grande. Conforme a vereadora Letícia Santos (PSDB), o Seminário foi criado em função da lei de sua autoria, que instituiu a Semana do Patrimônio Imaterial Doceiro de Morro Redondo, e  visa resgatar o trabalho dos doceiros e auxiliar na questão da Legislação com apoio das instituições.

A parlamentar agradeceu o CTG pela criação de uma música que auxiliou para que o município fosse reconhecido pela tradição doceira de patrimônio imaterial. Além disso, apresentou o GT composto pelo antropólogo Daniel Vaz Lima, a extensionista da Emater/RS-Ascar, Adriane Lobo, as doceiras Cibele Costa e Cíntia Costa, a museóloga Andrea Messias, o diretor de turismo Pedro Vieira e a vice-prefeita Angelica Boettge dos Santos (PSDB).

Na sequência, foram iniciados os discursos de autoridades presentes. O presidente da Câmara de Vereadores, Maico Vega (União) afirmou que o seminário é importante para o município e produtores, que a Câmara está presente e que se coloca à disposição para ajudar no que precisarem.

A vice-prefeita destacou que se Morro Redondo é destaque, isso se deve graças às instituições locais, que ajudam a realizar eventos e planejar o futuro do município e que as parcerias são fundamentais para o Executivo. “Trazer as crianças e jovens ao evento para gerar o conhecimento sobre a terra que nós pertencemos que é do doce colonial. O trabalho do Museu com os idosos também foi importante, são ações que precisamos para mostrar ao IPHAN [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]. Este seminário proporciona mostrar como a gente vive, como a dificuldade de legalização dos doceiros, onde as regras são as mesmas de indústrias grandes e que precisamos avançar tendo apoio da Emater, Embrapa e IPHAN para que pleitem juntos aos órgãos superiores que a legislação seja modificada. É um doce diferente que alimenta, e o trabalho nosso é cuidar do patrimônio, da cultura, do produtor e dos doceiros.

O chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Evaldo Voss,  parabenizou a colega Adriane Lobo e disse que ela faz um trabalho com amor relacionado a salvaguarda do doce colonial. Ele ainda contextualizou a relação de resiliência e superação na história do município, na qual os antepassados não tinham acesso a saúde e construíram o Hospital, não tinham educação e construíram a Escola Brasil. “Cosulati fechou o abatedouro e foi construído o Turismo, ou seja, o município foi se superando ao longo do tempo buscando formas. O doce também é resiliência e superação porque esta ainda aqui. Doces Costa, por exemplo, é uma das poucas fábricas que resistem aqui. Para isto, precisamos de ações de fato que venham dar suporte, visibilidade e oportunidade para as pessoas que estão nesta atividade. É raríssimo você chegar numa casa que não tenha alguém que não faça uma chimia, geleia ou compota que é um grande patrimônio de Morro Redondo”, disse.

Representando a chefia geral da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen relatou que no evento estavam presentes entre quatro pesquisadores que atuam diretamente com a fruticultura, ao qual dão o suporte à matéria-prima que é usada para fazer os doces. “A celebração de uma importante carta de intenções entre a Embrapa e a Prefeitura no dia de hoje visa atender as necessidades do município”, disse.

A presidente da Associação de Empreendedores de Turismo, Sabrina Waltzer, comenta que a realização da atividade mostra o trabalho dos pesquisadores, doceiros e entidades envolvidas. “O turismo e a cultura são parceiros e podem contar com a gente para fazer ações que promovam o doce colonial”, disse.

A presidente da Associação Amigos da Cultura e do Conselho Municipal de Cultura Patricia Hackbart fala do trabalho relevante que é de proteger e preservar esse modo de fazer, garantir esse modo de vida, esse cuidado por isso nós da cultura seremos vigilantes para auxiliar neste trabalho.

A vice-presidente da Associação Amigos da Cultura, vereadora Vivian Thiel Rickes (PSDB), como empreendedora, destacou a importância do doce e dos doceiros estarem no balcão. “Que com o seminário possa nos dar força para poder vender tranquilamente sem o medo da fiscalização, seja em qual for o comércio, oportunizando chance a todos”, afirmou.

O diretor de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Turismo, Pedro Vieira, agradeceu a todos os presentes e à vereadora Letícia, que segundo ele batalhou pela lei. “Ao Daniel Vaz Lima que é daqui e que se dedica a esta tradição. Quanto a festa do doce colonial, nasceu depois de uma feira do artesanato e produto colonial, que era para alavancar o turismo e encheu o município. Dizer que ficamos muito entusiasmados na época, ainda mais depois de uma visita à uma família doceira do Santo Amor, nos potencializou de fazer o evento de resgate cultural. O nosso turismo é autentico não precisa inventar e o doce colonial é característico daqui”, destacou.

Representando os doceiros e doceiras de Morro Redondo e o Grupo de Salvaguarda Cintia Costa, que é filha e neta de doceira e atua nos Doces Costa por intermédio de doces cristalizados destacou que o seminário é importante para valorizar este trabalho que faz parte da história desta cidade.

A professora do curso de Gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Tatiane Grando, agradeceu o convite da vice-prefeita, “que nos oportunizou vir trazer o que a gente conhece do Doce Colonial e, principalmente, juntamente com os acadêmicos, fazer a demonstração das várias técnicas de conservação de um prato confeccionado com produtos daqui, como o figo e marmelo”, apontou.

Representando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Bárbara Pinos Moraes, agradeceu a todos os interessados em apoiar a tradição doceira, o saber passado de geração em geração e disse que cada pessoa é importante. Além disso, ressaltou que o saber fazer, potencial afetivo e econômico, é fonte de alimentação das pessoas do município e de levar Morro Redondo e região para outros locais.

Após a abertura, o Seminário teve sequência com o relato de João Carlos Costa Gomes e Jair Nachtigal naturais, de Morro Redondo e da colônia Santo Amor, que contaram um pouco da história, tendo o doce além das gerações, com a tradição doceira na família. Eles possuem o Sitio Flor e Osória.

Em seguida, Giane Trovo Belmonte promoveu um relato rico sobre o seu mestrado, realizado sobre a tradição doceira no município, no qual foram ouvidos os doceiros e doceiras.

Barbara falou novamente sobre a tradição doceira como um patrimônio imaterial e fez o histórico do reconhecimento. “Agora estamos na fase de elaboração do plano de salvaguarda, que contará as histórias de cada doceiro”, explicou. Ela ainda comentou sobre as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fabricação dos doces e os limites exigidos para o uso do tacho de cobre, “mas desde que diga a sua importância e comprovação”.

O evento ainda teve um depoimento da doceira Zilda Oliveira, que mora no Passo do Valdez. Ela contou a trajetória dos seus pais, que foi envolta do doce pelo Santo Amor e que até os dias de hoje mantém viva.

No encerramento do evento, foi firmada a assinatura de uma Carta de Intenções entre Prefeitura Municipal e a Embrapa Clima Temperado, através do representante da instituição e a vice-prefeita, com o objetivo de ampliar as ações conjuntas entre as duas instituições, e ampliar projetos já existentes.

Prefeitura e Embrapa Clima Temperado assinaram uma carta de intenções com objetivos entre a administração e a instituição em prol do desenvolvimento local. (Foto: Diones Forlan/JTR)

O documento firmou algumas intenções, sendo elas: a implantação de quintais orgânicos; resgate do marmelo SAF Doceiro; necessidade de ativar o horto municipal; apoio a produção de figo, morango, pêssego, goiaba e marmelo; apoio ao grupo de psicultura e apicultura efetuando capacitações; instalação de uma unidade de observação de pastagens e uma unidade demonstrativa de forrageiras de inverno e verão; elaboração de uma unidade de agricultura familiar; apoio nos eventos do Roteiro Morro de Amores, Feira do Artesanato e Produtos Coloniais, Festa do Doce Colonial, Festa Flores Cores e Sabores e Seminário da Tradição Doceira.

Para Angelica, a carta foi uma semente que dará muitos frutos no futuro. “A ideia do evento, que foi um sucesso, foi de fato dar a real importância ao nosso doce tradicional, ao doce colonial, aquele feito no tacho mesmo e cuidar dos nossos doceiros com um olhar diferenciado. Tivemos falas de realmente emocionar, e a assinatura do convênio que inicia hoje com a Embrapa foi realmente muito emocionante, todos os momentos”, disse.

Os acadêmicos do curso de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) realizaram uma aula show em paralelo ao seminário, na qual promoveram uma demonstração de técnicas culinárias diversificadas de conservação de alimentos para a montagem de uma sobremesa que utilizou o figo e o marmelo como componentes principais de destaque do prato.

Seminário controu com aula show promovida por alunos do curso de Gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). (Foto: Diones Forlan/JTR)

Participaram a coordenadora do curso, professora Tatiane Gandra, e os acadêmicos Tatiane Tavares Fujii Centeno e Nataniél Wyse, autores do prato “Figo e Marmelo Festivo”. Também participaram as acadêmicas Laura da Silva Duarte e Gabriela da Rosa Petzinger, como equipe de apoio.

A aula ainda teve 15 participantes da comunidade, que puderam degustar o prato ao final. A coordenadora agradeceu a vice-prefeita pela oportunidade de poder demonstrar o trabalho no município e aos alunos que toparam o desafio.

Confira a programação prossegue da V Festa do Doce Colonial:

Sábado (10)junho
9h – Mateada Paulo Gustavo Caravanas Culturais: voltado a profissionais da música, dança, pintura, escultura, cinema, fotografia e artes digitais. O evento falará sobre a Lei Paulo Gustavo, que é pensada para apoiar o setor e socorrer os trabalhadores da cultura, que foram atingidos pela pandemia de  Covid-19. A ação conta com apoio da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Conselho dos Dirigentes Municipais de Cultura do Rio Grande do Sul (CODIC), UFPel e governo federal.

Local: Centro Cultural de Eventos Valdino Krause

13h30 – Abertura Oficial
Local: Praça 12 de Maio

14h – 2º Doce Encontro Cultural com a participação de grupos folclóricos da região
Local: Ginásio de Esportes

19h – Jantar Romântico do Dia dos Namorados
Local: Casa Wille | Contato: (53) 99165-2436

Domingo (11)

10h – Abertura da Feira Local

Apresentação da Waltzer Musik – Escola de Música
Brincadeiras Coloniais

Local: Praça 12 de Maio

12h – Almoço nos empreendimentos do Roteiro Morro de Amores

13h – Grupo Stiepen Dança da Polonese com o público
Local: Praça 12 de Maio

15h30 Expresso da Vaneira
Local: Praça 12 de Maio

E mais: Doce Fristick, exposições, Feira de Artesanato, bancas com produtos coloniais, brinquedos infláveis gratuitos e Museu Histórico aberto à visitação

Confira mais fotos do evento

Fotos: Diones Forlan/JTR

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