Entre a última terça-feira (23) e quinta-feira (25), no Centro Cultural de Eventos Valdino Krause, foi realizado o “Seminário de Formação Continuada”, com palestras voltadas a todos os profissionais da rede municipal de ensino de Morro Redondo com o foco em “Educação em Tempos Extremos: A Escola entre os Saberes e as Crenças”, através do professor de História e diretor do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Sebastião Peres.
Conforme ele, a ideia foi abordar a situação que a educação vive, ataques contra escolas públicas e aos professores. “Hoje se cobra dos professores devido a alguns assuntos não poderem ser trabalhados em sala de aula como situações de gênero, financiamento da educação e com isso afeta a educação pública”, afirma.
Segundo o diretor, os professores devem assumir como categoria, agir de forma coletiva e preparar os alunos para trabalharem as informações que a mídia e as redes sociais divulgam sobre o que é fake ou não. “Por fim, o professor não pode somente trabalhar, mas precisa ter qualificação sempre”, destaca.
Participaram da abertura oficial do seminário o prefeito Diocélio Jaeckel (PTB), secretário de Educação, Cultura e Desporto, Anderson Güths (Teko), presidente da Câmara de Vereadores, Silvia Wahast Islabão (DEM), vereadores Thiarles Schneider (PT), Zelodir Novack (DEM), Marcio Zanetti (DEM) e Marcos Pereira (PTB), secretário de Desenvolvimento Rural e Turismo, Flavio Almeida, representante do Sicredi, Roberto Britzius, diretores das escolas municipais, além de representantes das faculdades Fael e Uniasselvi.
Ainda, no seminário, outros seis seminários aconteceram no evento, com objetivo de consolidar a educação morro-redondense.
Sustentabilidade desenvolvida através de xilografia
No primeiro dia, foi realizada atividade de sustentabilidade, por intermédio da oficina de Xilografia em caixa de leite através da Pró-Reitora de Extensão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) com a pedagoga Rogéria Cruz e auxílio das bacharéis de artes visuais Eduarda Gonçalves Schuster e Luiza Alves de Macedo Tavares para os profissionais dos anos iniciais da rede municipal de ensino.
Conforme a pedagoga e as bacharéis, é importante repassar esta técnica de aprendizado para ser utilizada em sala de aula. “Serve como reaproveitamentos de materiais para desenvolver a criatividade, o lúdico e as técnicas de desenho, sendo a técnica mais antiga para reprodução em série de uma imagem, comenta Rogéria, acrescentando que é “importante que o material a ser utilizado é tinta para gravura, rolinho de tinta, material de superfície lisa como vidro, acrílico ou isopor. Cabe destacar que o material pode ser reaproveitado e reutilizado várias vezes, a impressão será sempre no papel e a matriz pode ser guardada e por vários anos reutilizada, mantendo a qualidade”.
Estratégias e possibilidades para ensinar a matemática
No mesmo dia, foi proporcionado para os profissionais dos anos iniciais, finais e EJA o tema “Estratégias e Possibilidades para Ensinar a Matemática Considerando os Processos da Mente”, discutido pela professora da rede municipal de Canguçu e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Carla Felcher.
Ela relatou, inicialmente, que a matemática é uma disciplina que os alunos mais reprovam. Para mudar este panorama, Carla aponta que o professor deve estar atento a forma que repassa o ensino. “Pode-se usar atividades como ilusão de ótica, material concreto, jogos pedagógicos e as novas tecnologias, onde o aluno produz vídeo com conteúdo matemático, pois nós aprendemos algo quando ensinamos a alguém, sendo a maneira mais efetiva de aprendizagem”, destaca.
Ensinar e aprender com metodologias ativas
Além destes, os profissionais dos anos finais e do EJA da rede municipal de ensino de Morro Redondo participaram de atividade sobre ensinar e aprender com metodologias ativas, ministrada pela professora Valesca Duarte, da rede estadual e municipal de Canguçu.
Segundo Valesca, “para alcançar os objetivos elementos podem colaborar, como avaliação através de diagnóstico para aprofundar mais aquele tema, saber o que os alunos sabem de determinado tema antes de entrar e aprofundar o conteúdo, variedades linguísticas trabalhadas em cima da música (o que a letra quer dizer não somente a batida, o que a mensagem vai transmitir e para isto temos que refletir), narrativa visual por meio da oralidade e cultura local, por imagem ver o que o aluno identifica e o conhecimento daquele tema”.
Brincar, criar e desafiar dando sentido e novas possibilidades para uma aprendizagem
significativa
Foi realizado, no mesmo dia, a oficina “Brincar, Criar e Desafiar dando sentido e novas possibilidades para uma aprendizagem significativa”, através da professora de educação infantil, EJA e supervisora da Secretaria Municipal de Educação de Pelotas, Alicéia Ceciliano, para os profissionais da educação infantil.
Conforme Alicéia, primeiro é necessário saber qual é o papel enquanto professor, que tipo de aluno quer formar e ser professor referência. “Hoje o professor tem que ter carinho pelo aluno, ter um olhar alegre para que o aluno possa ter caráter e personalidade. Quanto à aprendizagem significativa, deve-se deixar a criança criar, se expressar, usar o imaginário através de brincadeiras, ou seja, dar sentido aos objetos, dar significados. Para alcançar o objetivo, é possível trabalhar cores, coordenação motora, afetividade, curiosidade, formas e contos de história, lembrando que desafios surgem todo o dia”, concluiu.
Educação inclusiva e os desafios da prática
Já na quarta-feira (24), foi abordado o tema “Educação Inclusiva e os Desafios da Prática” pela professora de Biologia, chefe do Núcleo de Estudos, Pesquisas de Aprendizagem e de Inclusão e Cognição da UFPel, Rita Cóssio Rodrigues.
Para Rita, o importante é mostrar aos professores de como fazer os conceitos teóricos serem colocados em prática. “Existem necessidades significativas que são as pessoas com deficiência, com problemas de aprendizagem e transtorno. Quanto à avaliação pedagógica passa pelo percurso de aprendizagem que envolve o professor de sala de aula relacionado com o professor da sala de atendimento especializado. Necessita avaliar se o aluno aprende, interpreta, participa de grupos, por fim criar estratégias para que ele aprenda”, explica.
Também pode haver uma intervenção precoce que identifica a necessidade da criança, planejar em conjunto alguma atividade, mas que depende da sensibilidade do professor. “Cada caso será de um jeito, buscar apoio, envolver toda turma nos trabalhos, para que todos sejam inseridos”, finaliza.
A educação entre aprendizagem, a escolarização e a ensinagem
Também no dia 24, foi trabalhado o tema “Educação entre Aprendizagem, a Escolarização e a Ensinagem” com a bióloga Vera Miranda. Ela aponta que os professores vão para a sala de aula pensando que os alunos têm conhecimento, mas a forma de ensinar que fará a diferença: desde como ensina, acolhe, precisando o mesmo modificar o seu modo de agir. “Quanto à escolarização, o levar a criança à escola, não adianta só ir, tem que encantar o aluno para introduzir o conhecimento, ainda mais no mundo de hoje que tem tecnologia, precisa despertar o aluno e aguçar a sua curiosidade”, explana.
Aproveitando a estada, Vera realizou uma atividade lúdica que envolveu estratégia de aprendizagem através do brincar que é um despertador para esse fim, com os brinquedos, dinâmica, jogos, levando para sala de aula o que as crianças gostam aproveitando para executar o trabalho além de ter o bom humor sempre.
Para aliar valor, foi trabalhado pela psicóloga e psicopedagoga Janaína Rosa o estímulo e o afeto na formação da criança. Janaína fala que a ideia é conversar como os professores podem colocar os jogos na educação infantil, já que é a primeira oportunidade que as crianças vão ter depois de estarem apenas com contato em casa. “Para isto deve-se estar atento para a acolhida, afeto, humanização, olhar para criança com cuidado, ver o significado das suas atitudes, nomear as formas diferentes de resolver conflitos, ou seja, cada criança tem um jeito, o que mostra emoções, tornando o ambiente da criança na escola agradável e saudável com saúde. Emocionalmente estando bem ela vai aprender melhor na escola”, garante.