Descendentes de pomeranos cultivam tradição do Stiepen, trazida ao Brasil por imigrantes

O grupo foi reativado em 2008 e, em 2014, as apresentações foram incluídas no Roteiro Turístico Morro de Amores, sendo formado por instrumentistas, violonistas e gaiteiros, que percorrem as casas da localidade entoando canções e levando alegria às famílias. (Foto: Arquivo/Luciara Schneid/JTR)

Um grupo étnico que caracteriza muito bem a figura do colono é o pomerano, pela sua simplicidade, trabalho com a terra e respeito à natureza, além da religiosidade e valorização da sua cultura e origens. Os pomeranos são um grupo étnico proveniente da extinta Pomerânia, região da Europa situada entre a Alemanha e a Polônia.

Por motivos como a guerra, fome e perseguição religiosa, esse grupo emigrou para o Brasil a partir de 1859 em busca de novas perspectivas de vida, e se fixou principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo.

Na Zona Sul do estado, se estabeleceram principalmente junto aos municípios da Serra dos Tapes, com a presença de descendentes da etnia nos municípios de Pelotas, Morro Redondo, São Lourenço do Sul, Canguçu, Turuçu, Arroio do Padre e Cristal, onde até hoje a língua pomerana ainda é falada.

Em Morro Redondo, os primeiros grupos de colonizadores pomeranos chegaram em 1886, junto com os alemães e se estabeleceram na atual colônia São Domingos. Uma tradição da cultura dos colonizadores, que foi resgatada e é cultivada até hoje no município, por grupo incentivado pela cantora e compositora Sabrina Waltzer, é o Stiepen, que na tradução para o português significa “cutucar”.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo Sabrina, após uma pesquisa sobre o tema ela descobriu a verdadeira origem do nome, que vem da cultura pomerana, aportuguesado para Stipa. Trata-se de uma serenata realizada para “cutucar” a primavera, no hemisfério Norte, período que no hemisfério Sul coincide com o outono. O evento é realizado durante a primeira lua cheia da primavera, que ocorre na Páscoa. Ela se organiza agora para a realização de evento para marcar o Dia Estadual do Patrimônio Cultural, em 20 e 21 de agosto.

A tradição do Stiepen, que consiste em uma brincadeira entre amigos, foi trazida pelos mais velhos e ensinada aos mais jovens, que se engajaram por causa da musicalidade e alegria que transmite. O grupo, formado por instrumentistas, violonistas e gaiteiros, percorre as casas da localidade entoando canções e levando alegria às famílias. Em contrapartida, os anfitriões oferecem comida e bebida aos visitantes, em retribuição à serenata. As brincadeiras também são marca registrada do Stiepen, que na sua origem, exigia que os visitados entregassem seus ovos de Páscoa.

O grupo foi reativado em 2008 e, em 2014, as apresentações foram incluídas no Roteiro Turístico Morro de Amores, e a partir daí passou a ganhar maior visibilidade principalmente entre os turistas.

Na Páscoa, o Stipa ocorre na noite de sábado para domingo, a partir da meia-noite e já contou com a participação de pelo menos três grupos, que se dividiram entre as diferentes regiões da cidade, para dar tempo de atender a todos. Em cada casa, o grupo toca em torno de três músicas, como forma de levar a “Boa Nova” às famílias. A tradição, antes restrita à Páscoa, se tornou um atrativo turístico do município.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome