A paixão pela arte da cutelaria foi despertada em João José Ferreira Lopes, o Zeca Mundial, há poucos anos, mas o gosto pelo artesanato vem desde criança em meio à família. De acordo com o morador do bairro Cerro do Estado, que também já fez trabalhos com madeiras e pneus, sua a mãe fazia tricô, crochê e bordado. O pai era alambrador profissional, especialista na construção de mangueiras para gado, referencias que lhe deram inspirações para seguir produzindo.
“A necessidade de construir uma espada me levou diretamente ao estudo da cutelaria. Comecei a construir pequenas peças de facas e já faz mais de dois anos que estou produzindo facas sob encomendas e vendo para diversos lugares do Brasil”, explicou Lopes, que hoje em dia vê na cutelaria sua principal fonte de renda para sustentar a família.
O cuteleiro pega uma peça de aço bruto, esquenta em alta temperatura em forno especial até atingir um ponto de maleabilidade. Após, na base de marretadas contra uma grande bigorna dá a forma para a faca. Segundo ele, o trabalho não é fácil, exige muita paciência, precisão e habilidade com o fole e fogo. “Gosto de trabalhar usando o método por desbaste. Pego feixe de mola, traçadores antigos, disco de arado e transformo em facas. Inicialmente, desenho a lâmina, recorto e levo ao fogo para fazer o desempeno do metal, o alinhamento e a geometria. A partir daí começa a construção da faca, que nada mais é do que tirar a tempera, o desbaste, o preparo da lâmina para depois começar a etapa de polimento e a construção do cabo”, salientou.
Conforme Lopes, o galpão onde trabalha será ampliado assim que as finanças melhorarem. “Para trabalhar, uso os seguintes materiais: uma bigorna de trilho, uma forja a carvão, furadeira, lixadeira de cinta e um esmeril. São minhas principais ferramentas”, destacou.
Escolha do aço
A escolha do aço é fundamental para construir uma boa faca. Quanto mais carbono tiver o aço, mais duro ele será e de melhor qualidade será a faca que leva cerca de oito horas – depende do tamanho e da qualidade do aço -, desde o processo do corte, desenho, geometria, destemperamento, esmeril e confecção do cabo. “Hoje em dia está entrando novos aços na cutelaria, o que dá excelentes facas na retenção de corte. Uma boa faca tem que manter um bom fio por um longo tempo”, finalizou.
Assim que pandemia de Covid-19 passar, Zeca Mundial fará uma exposição dos trabalhos que atualmente podem ser visto em facebook.com/zecamundial. O nome da página, Cutelaria Alambrador, é uma homenagem ao seu pai, Diogo Moreira Lopez, mais conhecido como João Mundial, morto em 2001, e o símbolo da cutelaria é uma chave de arame, principal instrumento de trabalho do alambrador.
Contatos também podem ser feitos através do WhatsApp (53) 98425-3929.