Uma vida dedicada à Agricultura Familiar

Francieli mudou de região e formou uma família na zona sul do estado. (Foto: Arquivo Pessoal)

É indiscutível que a agricultura familiar vem agregando um aporte econômico no município de Arroio Grande ao longo dos anos. O desenvolvimento de políticas públicas e o reconhecimento do trabalho das famílias que encontram na produção os meios de subsistência mudaram e diversificaram a produção local. A alteração desses processos no município é atribuída às famílias de diversas regiões que conquistaram terras por aqui, formando assentamentos.

De acordo com o livro do professor Claudenir Bunilha Caetano “Resgate do Processo Histórico e Cultural das Raízes da Comunidade de Assentados do Município de Arroio Grande”, o Assentamento Chasqueiro foi o primeiro a receber famílias no ano de 1997. Na época, esses grupos eram, predominantemente, das regiões norte e noroeste do Rio Grande do Sul, como no caso da família de Francieli Turri Filipini que é natural do município de Sarandi (RS) e que desde pequena conviveu com as duras dificuldades de quem luta por uma vida digna e pela tão sonhada terra.

Comum a muitas histórias dos assentados, os pais de Francieli, trabalhavam em uma fazenda em sua cidade natal. No entanto, a vida era difícil e o desejo de adquirir a própria terra fez com que a família se aproximasse do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, participando, na época, da ocupação da Fazenda Anonni em 1985, movimento que envolveu mais de 7 mil trabalhadores. Em meio a esse clima de luta e superação, Francieli conta que nasceu e permaneceu com seus pais por mais sete anos no local, até conquistar a tão sonhada terra no município de Santiago (RS). Já em 2006, ela chegou a Arroio Grande, quando estava grávida de sua primeira filha.

A família Turri não participou da implementação dos assentamentos no município. Eles vieram para Arroio Grande após uma troca de lotes. A mudança de região trouxe novas expectativas para a jovem mãe, que passou a cursar Pedagogia na Unipampa e a atuar profissionalmente na escola rural 11 de Setembro Primeira Conquista, que faz parte do Assentamento Chasqueiro. “Naquela época morava no assentamento, trabalhava na escola 11 de Setembro de manhã, fazia as atividades do lote, cuidava da minha filha pequena e à noite ia para faculdade em Jaguarão. Depois de alguns anos recebi um convite para trabalhar em Pedras Altas, na Cooperativa de Assistência Técnica aos Assentamentos, onde fiquei por 4 anos junto com minha filha”, conta Francieli. Nesse período, ela adquiriu novas experiências e, mesmo viajando por diversos lugares, tendo uma vida marcada pela luta que vivenciou desde pequena, a agricultora considera Arroio Grande como sua casa, mesmo com tantas diferenças da região de onde é natural.

A família Turri é uma das tantas que contribuem para o desenvolvimento da agricultura familiar em Arroio Grande, participando das principais ações que envolvem o movimento, como as feiras e os cafés coloniais. “A feira na verdade além de ser hoje nosso maior sustento, tem a parte social de conhecer e conviver com outras pessoas. Naquele espaço mostramos a importância da mulher e do homem do campo. O quanto nossa atividade é importante e necessária para a alimentação da população e o movimento do comércio”, ressalta Francieli.

Extremamente apaixonada pelo que faz, a agricultora dedica-se, no momento, somente às atividades produtivas, participando das edições do tradicional Feirão da Agricultura Familiar, comercializando panificados, verduras e frutas. Casada há 4 anos, a sarandiense tem uma filha de 15 anos e um filho de 2 anos. “Posso dizer que hoje não trocaria por nada a vida que levo. Somos patrões de nós mesmos e nos dedicamos a levar um alimento de qualidade, feito com carinho aos nossos consumidores”, finaliza.

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