
A Comissão de Agropecuária e Industrial da Câmara de Vereadores de Arroio Grande propôs uma Audiência Pública para tratar da securitização de dívidas rurais na Zona Sul e esclarecer informações sobre o Projeto de Lei (PL) nº 320/2025, juntamente com o autor, senador Luiz Carlos Heinze (PP), reunindo produtores rurais, cooperativas, empresas do setor e demais interessados. A reunião está marcada para o dia 25, às 19h, no Centro de Cultura Basílio Conceição.
A comissão é constituída pelo revisor, vereador Fernando Matos (PP), a presidente, vereadora Maria Fernanda Espíndola (PDT) e o relator Antônio Carlos Campelo (PDT). Em entrevista para o JTR, Matos conta que apesar das dificuldades de créditos de produtores do município, a produção local não parou. “Muitos produtores que conversei me disseram que não estão conseguindo renovar o crédito, mas vão plantar de qualquer maneira, conseguindo empréstimos não só de bancos. Não tem como parar a produção, pensam na próxima safra mesmo com prejuízo pois não tem outra alternativa”, explica.
“É uma oportunidade de ficar realmente sabendo o que está sendo discutido, quais são as possibilidades e o que isso vai impactar ou não cada um. Luiz Carlos chegou a dizer que ser contra a securitização é como se não quisesse que o produtor trabalhasse mais. Para o futuro da atividade e a presença desse produtor no ramo, essa pauta é essencial porque tem um impacto econômico em toda a sociedade”, explica o vereador.
O produtor rural Rômulo Ribeiro Neto, também presente na entrevista, explica que o município tem cerca de 100 mil hectares de produção agrícola entre soja e arroz, o que impacta 5 mil empregos diretos e indiretos.
As cheias no fim de abril e início de maio de 2024 resultaram em um impacto econômico na agricultura do Rio Grande do Sul estimado em mais de R$ 8,5 bilhões em perdas na produção agrícola, perto de R$ 500 milhões em danos aos ativos agrícolas e aproximadamente R$ 3,7 bilhões em custos adicionais para recuperação de solos afetados pela erosão hídrica, totalizando R$ 12,72 bilhões, segundo levantamento liderado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Uma das ideias comentadas por Neto é buscar alternativas diferentes de negociação para a região devido aos prejuízos que os produtores tiveram.
Heinze se reuniu na terça-feira (15) com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, para discutir a situação dos produtores rurais do Rio Grande do Sul. Durante o encontro, o governo federal indicou que a suspensão das cobranças será limitada e dependerá da elaboração de um diagnóstico detalhado sobre as perdas. A promessa é realizar um novo encontro, desta vez, com representantes dos bancos para produzir um diagnóstico preciso. A expectativa é que essa reunião ocorra antes do encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, previsto para a próxima quarta-feira (23).