Direção pela vida

Fábio Rodrigo da Cunha Carvalho tem cerca de 20 anos dedicados a profissão de motorista. (Foto: Arquivo pessoal)

Encarar a direção como uma profissão em muitos casos pode não ser tarefa fácil, ainda mais quando trata-se da condução de pessoas que, na maioria das vezes, encontram-se entre a vida e a morte. Dentro das diversas frentes de trabalho que envolvem os profissionais da saúde, os motoristas são essenciais no processo de atendimento, seja por acidentes ou urgências em que sejam acionados.

O município de Arroio Grande tem como referência em saúde outros municípios que atendem diferentes especialidades. Por isso, é muito comum viagens com ambulâncias da cidade para diversas regiões do estado. Um dos profissionais que enfrenta diariamente essa realidade é o motorista resgatista Fábio Rodrigo da Cunha Carvalho, de 42 anos. Natural de Porto Alegre, o profissional tem cerca de 20 anos dedicado à profissão de motorista.

Começou a atuar no município de Jaguarão, em 2003, trabalhando com o transporte escolar. Ingressou no quadro de servidores públicos municipais de Arroio Grande em 2006, após ser aprovado em um concurso para a vaga de motorista de ambulância. Dessa forma, Carvalho descobriu sua paixão, não só por guiar, mas também por salvar vidas através de sua profissão.

Ele recorda que na época em que foi aprovado no concurso público para Arroio Grande, não era exigida nenhuma espécie de formação. No entanto, com o passar dos anos e as mudanças na legislação, acabou buscando a capacitação necessária para atuar na área. Desde então, dedica-se a estudar, para sempre prestar um atendimento de qualidade como profissional da saúde.

Buscando cada vez crescer mais na profissão, Carvalho capacitou-se através de dois cursos: o de Noções Básicas em Atendimento pré-hospitalar (APH) e o de Suporte Básico de Vida (BLS), que o credenciaram a atuar como resgatista em uma empresa que presta serviço para a ECOSUL, atendendo o posto que compreende o município de Arroio Grande.
Um dos grandes desafios da profissão é dirigir em alta velocidade e segurança, tendo em vista que, de acordo com o profissional “cinco minutos podem salvar uma vida”, comenta.

Trabalhando em dois empregos, Carvalho possui uma rotina de trabalho intensa, com uma escala em que não se permite ter horários fixos ou regrados. Por isso, ressalta que qualquer folga é tempo para descansar. Mesmo com a rotina puxada, o motorista não reclama e afirma que sempre gostou de dirigir. “Me recordo que quando era criança, meu avô colocou no pátio uma direção de Kombi e minha diversão era brincar de motorista”, recorda Carvalho.

Para o profissional, atuar na área da saúde é uma realização que encara com muito profissionalismo e cuidado. Com tanto tempo de profissão recorda-se de ter perdido um paciente e ressalta que, em momentos como esse, precisa manter o equilíbrio emocional, buscando controlar o ambiente.

Carvalho afirma que encara todo o paciente como o “amor de alguém” e salienta que já passou por momentos complicados, mas que cada atendimento em que recebe o retorno dos pacientes em forma de gratidão reforça o sentimento de que a profissão é muito importante para a sociedade.

Nessa rotina de estar sempre na estrada e, muitas vezes, presenciar acidentes de trânsito nos atendimentos, Carvalho observa com preocupação as muitas imprudências registradas e defende que a formação dos motoristas seja repensada, no sentido de que sejam aptos a dirigir com responsabilidade.

Aliar a profissão com o espirito altruísta faz de Carvalho um profissional apaixonado pela sua área de atuação. “Considero que faço o que eu gosto, por isso não passo trabalho, mesmo com a rotina intensa e a profissão não sendo tão valorizada diante da sua importância.”, disse. Para atuar na profissão, ele considera que um bom profissional é aquele motorista que procura se atualizar e ser cauteloso, sempre buscando melhorar para crescer na profissão, proporcionando um atendimento digno e um trânsito mais seguro para todos.

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