As quatro mil plantas de morango cultivadas por Gilvane Harms, de 34 anos, e a esposa Suelen, de 36, em Turuçu se tornaram o carro-chefe da família que trabalha no ramo das hortaliças há cerca de 10 anos.
A plantação acontece em meados de maio e a colheita é programada para o final de julho ou início de agosto. Enquanto isso, a rotina do casal consiste em, diariamente, pela manhã, abrir os túneis na lavoura e ao cair da tarde, fechá-los. Além disso, cabe a eles o acompanhamento da planta e a limpeza da lavoura. “A rotina é árdua, mas quando vemos o resultado, ficamos satisfeitos”, relata Harms.
Harms e a esposa fazem parte da Associação de Produtores de Morango de Turuçu (APMT), uma organização criada em 2005, que busca soluções coletivas para qualificar a produção e acessar políticas públicas. Um exemplo é o Programa Pró-Morango – da Prefeitura –, que beneficia, aproximadamente, 45 famílias integrantes da Associação, no qual os produtores recebem um subsídio de 30% do valor da muda e irão pagá-la ao final da safra.

A APMT e os agricultores familiares de Turuçu ainda recebem o apoio e acompanhamento da Emater/RS-Ascar, através de Janaína Silva da Rosa, responsável pela área técnica do morango. Para ela, o programa é muito importante, pois fortalece a agricultura familiar do município.
Além disso, Janaína destaca a importância da sucessão entre membros da família na agricultura familiar e como essas gerações acompanharam a evolução tecnológica no campo, como as diferentes formas de cultivo, uma maior produtividade e a utilização de bioinsumos. Pois, segundo ela, o produtor preocupa-se em ofertar ao cliente um alimento seguro, livre de agrotóxicos e que mantenha o sabor e a qualidade do fruto.
Ela cita que houve uma apropriação da tecnologia como fonte de vendas. “Estamos usando a nosso favor”, completa.
Para Harms, as vendas durante a pandemia de Covid-19 estão superando as expectativas, uma vez que não se esperava pela demanda apresentada. O produtor cita que o coronavírus o aproximou das vendas informais com os clientes, via WhatsApp e redes sociais. “Estamos surpresos com as vendas superaquecidas, a gente não esperava por isso”, finaliza.
Outra vitrine para o produto produzido na cidade era a tradicional Festa do Morango e da Pimenta, que acontecia no final de outubro. Porém, foi cancelada devido à pandemia. Assim, cabe ao produtor se adaptar e encontrar outra maneira de levar o produto até o cliente.
Turuçu: Capital Nacional da Pimenta
A presidente da Cooper Turuçu, Vera Tuchtenhagen, afirma que a área de pimenta plantada pelas agroindústrias de Turuçu diminuiu, mas houve um investimento na produtividade. Com isso, o município ainda é considerado a capital nacional da pimenta.
Os produtos são expostos na sede oficial da cooperativa, a Casa da Pimenta, localizada ao lado da BR-116. A organização foi criada em 2007, visando auxiliar na legitimação das comercializações e fortalecer novos mercados através da tomada de decisões coletivas.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um dos mercados do agricultor familiar. As demandas do setor de alimentação da Secretaria Municipal de Educação são encaminhadas pela Cooperativa aos cooperados e, assim, eles realizam a venda de frutas, sucos, vegetais e doces em geral produzidos nas agroindústrias da cidade.
De acordo com a presidente, a não realização da Festa do Morango e da Pimenta afeta diretamente o produtor, uma vez que o montante arrecadado durante os dias de festa, por vezes, era superior ao arrecadado mensalmente. Assim, os produtores seguem comercializando os produtos na Casa da Pimenta e por meio de redes sociais e aplicativos de mensagem.
A Casa da Pimenta permaneceu fechada por, aproximadamente, dois meses devido à Covid-19. De acordo com Vera, a Casa foi reaberta a pedido dos clientes e agora as vendas estão começando a normalizar.