São Lourenço do Sul possui uma grande área rural e grande parte dela é destinada para a agricultura familiar. A diversidade de culturas é grande, com destaque para a produção de grãos, como soja e milho, tabaco, pecuária leiteira e de corte, além de hortifrutigranjeiros.
São pequenas propriedades que produzem as maiores riquezas do município, e fazem da agricultura uma das principais economias locais.
O Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STAF) é a entidade que representa os interesses dos produtores rurais. Fundado há 56 anos, o sindicato leva para os poderes responsáveis as demandas e necessidades dos agricultores lourencianos, buscando constantemente ações para melhorar a produção e a vida no campo. Atualmente, possui cerca de 2,4 mil famílias associadas, o que se transformado em associados individuais passa de 8 mil pessoas atendidas.
O presidente do STAF, Valnei Bröse, fala sobre o atual cenário da agricultura no município, e ressalta que este é um ano atípico em que diversos fatores têm atingido a produção. O principal deles é a estiagem, que ocorre pelo terceiro ano consecutivo, com algumas regiões sendo mais afetadas. Outro fator é o custo de produção da safra, que foi muito alto. Agora, os preços dos produtos passam por uma redução. Ele cita como exemplo a soja, que teve uma redução de cerca de R$ 50 por saca de uma safra para outra. O lado positivo dessa diminuição é que os insumos estão acompanhando essa baixa, e se continuar assim, a próxima safra deve ser mais barata. No entanto, Bröse alerta que isso é apenas momentâneo e pode ser que haja um aumento novamente.
Para auxiliar os produtores que tiveram perdas com a estiagem estão sendo tomadas algumas providências. Em janeiro, foi realizado um levantamento em conjunto com a Emater/RS-Ascar, Conselho Agropecuário e Secretaria de Desenvolvimento Rural para estimar as perdas de produção, que apontou mais de R$ 300 milhões. Com isso, foi possível estabelecer o decreto de situação de emergência no município e, através dele, buscar mais ações.
Outro tema preocupante para a entidade é o próximo Plano Safra. Muitos produtores estão acionando o seguro pela terceira vez devido à estiagem. O manual de crédito prevê que o produtor que acionar o seguro por três anos consecutivos dentro de cinco anos perde o direito a financiamento. Brose explica que isso é muito preocupante, e que a entidade está discutindo que esse ponto seja revisto, e não valha para os anos em que o município decretou situação de emergência, visto que é um fenômeno regional, e não somente da propriedade. “A agricultura vive de ciclos, estamos em colheita e ao mesmo pensando nas regras da próxima safra, e por aí adiante”, explica o presidente.
Segundo ele, a agricultura familiar vem crescendo muito dentro da economia, seja na produção de alimentos ou de commodities, melhorando a condição das propriedades e em sequência, de todo o município. Sem os fatores climáticos, o qual os produtores não têm domínio, ele destaca que a agricultura está indo muito bem, pois os produtores vêm investindo cada vez mais em tecnologia, profissionalização e conhecimento para melhorarem a cada safra. “O sindicato está sempre junto dos agricultores, dentro de lutas e pautas que envolvem a agricultura. Esse é o nosso papel, cada vez fomentar mais a agricultura, e se colocar à disposição enquanto entidade e casa do agricultor”, finaliza Bröse.