A trajetória da Coopar e a sua marca na história foi e continua sendo traçada por muitas vidas. São mais de 5,5 mil famílias associadas que trabalham a terra no dia a dia e fazem do seu produto a matéria-prima da cooperativa. Além disso, 212 colaboradores diretos e outros 100 indiretos ajudam na transformação e comercialização.
E à frente destes associados e colaboradores, estão aqueles que foram e continuam sendo os grandes responsáveis pelo surgimento, desenvolvimento e expansão da cooperativa, tornando-a uma organização sólida e em constante evolução.
Nestes 30 anos, passaram pela Coopar sete presidentes: Ellemar Wojahn (1992-1995), José Sidney Nunes de Almeida (1995-1998), Gilmar Lüdtke (1998-2004), Renato Voigt (2004-2010), Udo Tessmer (2010-2013), Zilmar Caetano de Almeida (2013-2019) e Nildo Rutz (2019 até os dias atuais).
A seguir, o depoimento de alguns representantes daqueles que ajudaram a fundar e desenvolver a cooperativa e já deixaram sua marca na história da Coopar.
Nildo Rutz
A cooperativa começou logo após a fundação, conta. “A partir de grupos de sementeiros de batata e outros núcleos, participávamos bastante das reuniões e, em 2004, fui convidado a integrar o Conselho”, relembra. Em seguida, assumiu o cargo de secretário por dois mandatos, no total de seis anos, e teve participação ainda nos Conselhos Administrativo e Fiscal por outros seis anos, três anos em cada, ressalta. “Fiquei afastado durante alguns anos e, em 2019, novamente voltei a participar do Conselho e agora, [fui] efetivado como presidente pelo segundo mandato”, disse.
Rutz lembra a sua participação, na época como secretário, em importantes momentos da cooperativa, como a construção da primeira indústria de laticínios, na Boa Vista, e também, em 2001, o começo do trabalho com a atividade leiteira. Ele ressalta que mesmo não participando de cargos diretivos, sempre esteve ao lado e acompanhou cada fase. “Queremos que a cooperativa se desenvolva cada vez mais e tenha um trabalho cada vez mais forte junto da agricultura familiar, este é o nosso grande objetivo”, destaca.
O fortalecimento da agricultura familiar é o grande motivador à criação da cooperativa, numa época em que esses produtores se sentiam excluídos e a Coopar veio para valorizá-los, diz. “Se buscou um projeto sério, com tranquilidade e seriedade e que trouxe esperança aos pequenos agricultores de São Lourenço do Sul, numa época difícil, e hoje já agrega 17 municípios da região”. E a perspectiva, segundo ele, é de um crescimento cada vez maior, pois a procura pela cooperativa tem sido crescente.
“Isto nos deixa gratificados, pois sinaliza que o nosso trabalho está dando certo e trazendo resultados à agricultura familiar. Não poderia deixar de lembrar, neste momento, do nosso sócio fundador e ex-gerente geral, o saudoso Amilton Strelow, que nos deixou em 2019. Um abnegado pela causa do cooperativista, incentivador, e que nos deixou um pleno legado de cooperar e unir”, finaliza.
Ellemar Wojahn
O primeiro presidente, Ellemar Wojahn, é hoje membro do Conselho de Administração, atuando na assessoria da direção e no desenvolvimento de projetos estratégicos. Ao lado de José Nunes, era um dos agrônomos do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), organização responsável pela criação da Coopar. “A cooperativa não nasceu de um dia para outro. Foram três anos de reuniões e debates”, conta.
Segundo ele, o descrédito foi uma das grandes dificuldades enfrentadas na implantação. “Numa destas reuniões, um senhor de idade levantou e perguntou se esta cooperativa iria pagar a batata que outra cooperativa que falira há anos ficara lhe devendo”, salienta.
Além disso, ele lembra que aceitou ser o primeiro presidente por que nenhum agricultor quis assumir a tarefa, nem no segundo mandato, quando José Nunes foi o presidente. “Só a partir do terceiro mandato, Gilmar Lüdtke, um agricultor, assumiu a presidência e a partir de então sempre foram agricultores a assumir o cargo”, diz.
Um dos fundadores e idealizadores da cooperativa, Wojahn celebra o fato de ainda poder acompanhar as atividades da Coopar, que foi criada há mais de 30 anos, com o objetivo de ser uma alternativa de comercialização, assistência técnica, apoio à produção aos agricultores familiares de São Lourenço do Sul e região.
“Felizmente a nossa cooperativa está forte, passou por momentos difíceis, principalmente nos primeiros anos de sua implantação, mas vem se firmando graças ao trabalho de seus dirigentes, colaboradores e, principalmente, dos agricultores que dela participam, operam e cuidam, para que ela cada vez mais possa gerar renda e empregos ao desenvolvimento local e regional”, conclui.
José Sidney Nunes de Almeida
(Zé Nunes)
Um dos sócios-fundadores, ao lado de Wojahn, José Sidney Nunes de Almeida, hoje no seu segundo mandato como deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi o segundo presidente da Coopar. Ele lembra da sua participação na fundação da Coopar como funcionário do Capa, em que teve o papel de fomentar a ideia da cooperativa junto aos agricultores. “O Capa já realizava um trabalho junto aos agricultores familiares, organizando associações, e a partir daí se consolidou a ideia de criar uma cooperativa dos agricultores familiares em São Lourenço do Sul”, conta.
O seu trabalho foi reunir as comunidades, especialmente aquelas com quem já trabalhava e aprofundar a discussão sobre o cooperativismo, lembra. “Todo o processo legal da cooperativa foi feito junto com o Ellemar e também no processo inicial de gestão”, ressalta.
os primeiros três anos, não integrou o Conselho, mas ficou como suplente, com atuação intensa no campo, como agrônomo, para articular os programas de produção da cooperativa e atividades de organização desta produção, diz.
Em 1995, assumiu a gestão e a presidência da cooperativa, que exerceu até 1998. “O início foi bastante difícil e complicado, não tínhamos crédito, apoio, não existiam programas governamentais, como o Pronaf, além de ser um período de inflação alta”, ressalta.
Após o seu mandato como presidente, se elegeu vereador em São Lourenço do Sul, quando assumiu o seu vice, Gilmar Lüdtke. “Eu continuei como gerente administrativo”, afirma. Em 2005, assumiu como prefeito de São Lourenço e embora não tivesse nenhuma função administrativa, nunca se afastou das discussões, da participação e do encaminhamento das decisões que a cooperativa teve daí para frente.
“Quando a empresa BRF fechou as portas no município eu estava na condição de prefeito, o que foi determinante para a decisão da cooperativa em assumir a indústria, alugar a estrutura, e foi de fato algo construído com a nossa orientação e articulação”, ressalta.
O mesmo ocorreu com a decisão de abrir a primeira indústria de leite em que, como prefeito, foi ao Rio de Janeiro, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para articular o Programa de Investimentos Coletivos Produtivos (Proinco), programa de fundo social que deu início à possibilidade de constituir a primeira indústria.
“Ajudei a realizar este projeto e viabilizar os recursos, parte via governo federal, pelo BNDES, e programa de Territórios, com contrapartida do município”, aponta. Até hoje, ele participa de reuniões com a direção da cooperativa para discutir estratégias futuras, diz. “Me sinto uma peça ativa na construção do projeto cooperativista que a cada dia tem desafios novos”, salienta.
Entre os fatos marcantes da história da Coopar, ele destaca a energia, a disposição e o grau de unidade, nos anos de 1995 a 2000, para superar as dificuldades que a cooperativa enfrentava.
“Eram dificuldades oriundas da situação econômica do país, da falta de recursos para financiamento, com várias estiagens muito fortes no período e uma situação da economia muito instável, com variação de moeda, e sem programas para a agricultura familiar”, relembra.
Ele ressalta que a cooperativa estava se estruturando e, sem apoio governamental, teve que lutar com as próprias forças. Dificuldades, recursos escassos e ausência do Poder Público e, para complicar, havia movimento local, que combatia o cooperativismo, diz. “Tivemos ainda que superar ação judicial do próprio governo contra a cooperativa, que tinha dificuldades de recolher os tributos adequadamente”.
Para ele, foram cinco anos marcantes, mas superados, em que foram pagas todas as dívidas com fornecedores e sem nunca um agricultor ficar sem receber pela sua produção, o que manteve a cooperativa com crédito e legitimidade junto a seus associados.
A Coopar, uma cooperativa local e regional, tem uma importância fundamental para a região, pelo que ela já faz e pelo que ela ainda pode fazer, diz. “Enfrentar a realidade de mercado e colocar uma produção industrializada neste mercado não é tarefa fácil”, salienta. Hoje a Coopar consegue fazer isso no ramo do leite, ajudando toda a região, principalmente após as dificuldades enfrentadas pela Cosulati, destaca.
“A Coopar consegue, num processo industrial, agregar valor a esta produção, disputar o mercado com grandes empresas e ser eficiente neste processo”, destaca. Além disso, também atua na questão da regulação dos preços dos insumos, explica.
Com olhar para o futuro, ele salienta o que a cooperativa ainda pode fazer. “A região tem muitos jovens no meio rural das regiões Sul e Centro-Sul, abrangidas pela cooperativa, que representa um espaço e uma possibilidade para abrir novas atividades, novas frentes de produção, para oferecer mais alternativas a esses jovens no meio rural. Através da agricultura familiar, conseguir produzir e dar vida digna a essas famílias e terem perspectivas de futuro, sendo muito importante pelo que já faz e também pelo que ainda poderá fazer”, aponta.
Zilmar Caetano de Almeida
Presidente por dois mandatos e atual vice-presidente, Zilmar Caetano de Almeida, levou sua experiência com o cooperativismo para a Coopar. “Sempre trabalhei em cooperativa, primeiro como associado e depois como prestador de serviço e, no período em que estive como presidente, foi um grande aprendizado para mim”, ressalta.
Segundo ele, a cooperativa tem uma grande importância não só para São Lourenço do Sul, mas para a região como um todo, no que se refere ao seu desenvolvimento. “Tanto na área de grãos quanto do leite, para a região, ter uma cooperativa significa uma segurança para o produtor, que tem um local para depositar os seus produtos e fazer o elo completo da cadeia produtiva, dando condições principalmente aos pequenos de agregar valor ao seu produto”, destaca.
Almeida diz ainda que o período em que esteve presidente, de 2013 a 2019, pôde contribuir com sua história de vida, como pequeno produtor de leite, atividade que exerce até os dias de hoje. “A cooperativa veio trazer qualidade de vida a este produtor humilde que, sozinho, teria mais dificuldades para adquirir bens e comercializar os seus produtos”, disse.
Segundo ele, o município e a região também ganharam a partir da arrecadação de impostos, que se transformam em benefícios para a população nos diversos municípios. “A cooperativa gerou ainda mais de 200 empregos diretos e 100 indiretos, trazendo a estes colaboradores a oportunidade de ter um emprego e obterem sua renda com dignidade”, pontua.
A transparência e o diálogo, segundo ele, são a base da relação com estes colaboradores, trazendo desenvolvimento e impactando a vida de muitas pessoas. “Isto é o que a gente quer, trazer desenvolvimento e qualidade de vida a todos dentro e fora da cooperativa, associados, colaboradores e população em geral”, finaliza.
Fábio Bender
O gerente de Laticínios da cooperativa, Fábio Bender, relembra o início de sua trajetória junto à Coopar, em 1998. Na época, era estagiário do Capa como técnico em Agropecuária, com atuação direta na cooperativa.
“Depois, em 2001, quando a Coopar ingressou na atividade leiteira, eu comecei como técnico da cooperativa, prestando assistência aos produtores de leite”, destaca. O relato de Bender representa o sentimento e o comprometimento de cada um dos mais de 212 colaboradores diretos e 100 indiretos, responsáveis pelas atividades diárias de cada uma das sete unidades da cooperativa ao longo destes 30 anos de existência.
Bender conta que permaneceu na coordenação do Departamento Técnico por praticamente dez anos e, depois em 2010/2011 assumiu responsabilidades ainda maiores com a coordenação da Indústria de Laticínios da cooperativa. “Permaneço nessa função de gerente das indústrias até hoje”, ressalta.
Ela se orgulha da equipe que forma a Coopar, segundo ele, um quadro de colaboradores competentes, dedicados, que trabalham muito para o crescimento da organização. “A Coopar comemora 30 anos de muito trabalho, muita dedicação, sempre buscando fortalecer a agricultura familiar. Parabéns a toda a equipe Coopar e vida longa à cooperativa”.