A tradição do tabaco: a história da família Schneid

O casal Marcelo e Miriam com a filha Luiza, que plantam fumo na localidade de Boa Vista. (Foto: Catharine Thiel/JTR)

A cultura do tabaco é uma das mais expressivas no meio rural lourenciano, estando presente na maioria das propriedades e representando não apenas uma fonte de renda, mas um legado e uma cultura passada de geração em geração. Na localidade de Boa Vista, o casal Marcelo e Miriam e a filha Luiza são exemplos de dedicação e perseverança na cultura do tabaco. Com mais de 20 anos de experiência, o casal construiu a vida em torno dessa atividade agrícola. A história deles é marcada por desafios, aprendizados e conquistas.

Miriam cresceu em um ambiente onde o cultivo do tabaco fazia parte do cotidiano familiar, enquanto Marcelo, inicialmente, nunca havia plantado fumo em sua propriedade, que era dedicada a outras culturas. Foi no início do namoro que Marcelo viu a oportunidade de mudar. Ele contou com a orientação e o conhecimento da namorada, e os dois começaram a plantar tabaco juntos antes mesmo de se casarem. “Ele não sabia nada de fumo, eu que fui ensinando ele”, explica Miriam. A produção de tabaco possui práticas de manejo diferentes e a maioria das etapas é manual, o que exige aprendizagem por quem deseja cultivar.

Desde o início, a renda do casal sempre veio do tabaco. Nos primeiros anos, plantaram cerca de 30 mil pés de fumo. Como não tinham estufa para secar o tabaco, trocavam serviços com os pais de Miriam. Eles relembram que a época de colheita era o período mais exaustivo e a filha Luiza, ainda criança, passava a maior parte do tempo com a avó, pois os pais saíam cedo e voltavam tarde da lavoura.

Com mais de 20 anos de experiência, o casal construiu a vida em torno da atividade agrícola. (Foto: Catharine Thiel/JTR)

Com o passar dos anos e depois de muitos investimentos, Marcelo e Miriam ajustaram a produção em sua própria propriedade para cerca de 60 mil pés de fumo, o que consideram ideal para a capacidade de trabalho do casal. Há cerca de cinco anos, o casal decidiu também diversificar a produção e começou a plantar soja na propriedade. Essa cultura, mais mecanizada, ajuda na renda familiar e necessita de menos mão de obra braçal – diferente do tabaco.

A rotina com a cultura do tabaco é corrida e cheia de desafios. O clima, muitas vezes imprevisível, pode afetar severamente a produção, seja pela seca ou pelo excesso de chuvas. Houve anos em que a remuneração pelo tabaco foi baixa, mas a cultura sempre mostrou resiliência, garantindo um retorno suficiente para a família se manter. “É uma cultura que dá rentabilidade. Não é um alimento, mas para a renda do pequeno produtor, é difícil encontrar outra que dê igual”, afirma Marcelo.

O trabalho árduo na lavoura de tabaco trouxe muitas conquistas para a família. Eles conseguiram comprar dois tratores, implementos, adquirir mais áreas de terra e melhorar as estufas. Um dos investimentos mais importantes foi a implantação de energia solar, que reduziu significativamente os custos com eletricidade durante a secagem do tabaco nas estufas elétricas. “Um dos investimentos mais bem feitos”, destaca o produtor rural.

Em 2024, a família celebrou um motivo especial de orgulho: a filha Luiza foi coroada Princesa da Festa do Fumo. Para o casal, ver a filha representando a família e a cultura é uma grande honra. “Desfilei para a corte para representar meus pais”, conta Luiza, com orgulho. A Festa do Fumo do Salão Ziebell acontecerá no dia 2 de março de 2025.

Luiza foi coroada Princesa da Festa do Fumo neste ano. (Catharine Thiel/JTR)

Para o futuro, Marcelo e Miriam planejam manter a produção de tabaco e soja como está, garantindo a sustentabilidade da propriedade e a continuidade da tradição familiar. Eles acreditam que a dedicação e o trabalho em conjunto são fundamentais para superar os desafios e alcançar o sucesso.

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