Os membros do Conselho Municipal de Desenvolvimento da Agropecuária, Pesca, Micro e Pequenas Empresas (Comaperg), por unanimidade, orientaram o prefeito Fábio branco a decretar situação de emergência em Rio Grande em função da estiagem. Diante dos argumentos expostos no encontro e dos impactos já registrados pela seca, Branco afirmou que irá atender a indicação do Conselho e o decreto de emergência que deve ser assinado na próxima semana. A reunião extraordinária ocorreu nessa quinta-feira (12) na sede do Sindicato Rural.
“A decisão do Comaperg é a decisão que vamos tomar. Vamos fazer o encaminhamento, com as informações que a Defesa Civil precisa, para que a gente não perca tempo e que a situação de emergência seja homologada o mais rápido possível. A situação neste ano está ainda mais grave, então precisamos tomar essa atitude, assim como muitos outros municípios da região já fizeram e estão fazendo”, afirma o chefe do Executivo.
A Emater-RS/Ascar já vem compilando as informações estatísticas a respeito dos efeitos da estiagem na produção agrícola e pecuária. Nesta sexta-feira (13) o órgão deve divulgar um relatório com percentuais de perda nas diferentes culturas, assim como o impacto econômico.
Os dados serão compartilhados com a Secretaria da Pesca, Agricultura e Cooperativismo (SMPAC) e com a Defesa Civil do Rio Grande, que irá trabalhar com a justificativa para a correta decretação de situação de emergência, para que o município possa receber apoio dos governos Estadual e Federal. Após a divulgação do decreto, a Prefeitura possui 10 dias para encaminhar o relatório com as justificativas.
Estimativa de impactos
As principais perdas são na pecuária leiteira e de corte, assim como na cultura do milho. Na pecuária, a ausência de chuvas prejudica muito as pastagens, o que repercute na redução do peso do gado, assim como na produção leiteira. Estimativas apontam uma perda de cerca de 40%, tanto na pecuária leiteira quanto na de corte.
“Praticamente não vemos pastagens de verão. Então vamos ter grandes problemas com o gado, que vai se reproduzir menos, o que vai refletir muito no preço de venda do ano que vem. Na pecuária leiteira, a escassez de pastagem aumenta muito o custo de produção por causa da necessidade do uso da ração”, aponta o Presidente do Sindicato Rural, Ronaldo Zechlinski de Oliveira.
Na agricultura, o principal afetado é o milho, que é mais sensível a períodos de seca. De acordo com as estimativas da Emater, cerca de 70% do milho já plantado será perdido. Entretanto, muitos produtores aguardam até o mês de janeiro para o plantio e, em caso de precipitações adequadas, parte da safra poderá ser recuperada.
No caso da soja, cultura com maior área cultivada em Rio Grande, o impacto deve ser menor devido a sua grande capacidade de recuperação. Mas para isso é necessário que as chuvas voltem.
“Muitas lavouras semeadas ultimamente não germinaram direito, então isso representa um número menor de plantas. Outras pequenas áreas serão replantadas, mas em janeiro o potencial produtivo já é menor”, afirma o gestor da Emater de Rio Grande, Rogério Silveira.
Chuvas em dezembro e os microaçudes
Dados apresentados no encontro apontam para uma grande redução do volume de chuvas no mês de dezembro nos últimos anos. Em 2018, foram registrados 102 mm de precipitação, quantidade que vem diminuindo gradativamente ao longo dos anos. Em dezembro em 2022 foram apenas 9mm ao longo do mês.
Em função dessa situação, muitas das aguadas abertas recentemente para servir de bebedouro para os animais já estão totalmente secas, o que também afeta diretamente a produção pecuária. 87 produtores já solicitaram a abertura de novos microaçudes.
Falta de água potável
Desde o mês passado a Defesa Civil tem contribuído com o fornecimento de água, principalmente na Ilha do Leonídio. A situação, entretanto, não está concentrada na localidade como em outros momentos, e já atinge residências da Ilha dos Marinheiros e da Vila da Quinta.
Ao todo, já foram 170 mil litros de água entregues a 18 famílias, serviço executado com auxílio de caminhões-pipa do Exército e da secretaria de Zeladoria, e que deve continuar sendo necessário diante da falta de chuvas.