No final do século XX um grupo de empresários se reuniu com o objetivo de criar um empreendimento capaz de atender a crescente demanda das elites gaúchas por uma estação balneária a beira mar. Este plano comercial deu origem ao primeiro balneário planejado do Brasil: o Cassino, que nesta quarta-feira completa 132 anos de fundação.
No final do século XIX banhos de mar era apontados como tratamentos capazes de curar uma série de enfermidades e pensando nisso, empresários que controlavam as linhas de bondes do Rio Grande decidiram investir em dois projetos ambiciosos: a construção de um balneário na beira do Oceano Atlântico e em uma ferrovia que ligasse a cidade ao mar.
O historiador e professor da Fundação Universidade do Rio Grande, Luiz Henrique Torres conta que o projeto teve início em 1885 – a construção da estrada de ferro iniciou a partir de 1889 – e a inauguração com a primeira viagem de um trem levando veranistas foi realizada em 26 de janeiro de 1890. “O Cassino tem um pioneirismo histórico no banho de mar planificado no Brasil. Ele antecede, em termos de organização, a famosa praia de Copacabana que começa a se esboçar em 1892. Isto legou um longo período de acompanhamento histórico das mudanças de paradigma ligados aos banhos de mar medicinal e do turismo marítimo voltados ao lazer”, diz.
De empreendimento a bairro
Hoje o balneário fundado por empresários é o maior e mais populoso bairro da cidade com uma população fixa estimada em 50 mil pessoas e que nos finais de semana de maior movimento durante o verão pode chegar a 200 mil.
“O Cassino é hoje o grande atrativo turístico do município e a partir disso um elemento estratégico no desenvolvimento local a partir da nossa visão de que o turismo é uma das grandes alternativas para Rio Grande dar a volta por cima”, comenta o prefeito Fábio Branco.
A pandemia de Covid-19, todavia, impede a realização de eventos públicos programados para celebrar o aniversário do balneário. Para que a data não passe despercebida a Secretaria Especial do Cassino optou por realizar atividades diretamente na praia, utilizando o mar como ferramenta de inclusão.
“Na parte da manhã, com apoio do Corpo de Bombeiros, vamos disponibilizar uma cadeira de praia anfíbia para cadeirantes poderem tomar banho de praia. Também teremos aulas de surf para surdos, cegos e pessoas autistas”, diz o secretário do Cassino, Sandro Oliveira (Boka).
Também na quarta-feira, a tarde, será realizado um mutirão para recuperação da pista de skate do Cassino, ação que terá apoio do SESC e de uma comissão de skatistas, que utilizam a pista. “Já entramos com o corte de grama e estamos dando manutenção no entorno. Amanhã faremos a pintura, alguns remendos e a recuperação de parte da iluminação. Foi uma ideia que surgiu em conversas com o pessoal que usa diariamente o espaço e a intenção é, no dia do aniversário do Cassino, a gente dar uma geral na pista de skate”, afirma.