O aleitamento materno é de extrema importância para o bebê, incentivado desde a primeira hora de vida, sendo o único alimento da criança até os seis meses, devido ser rico em todos os macro e micro nutrientes, adicionalmente incluem agentes anti-inflamatórios, imunoglobulinas, antimicrobianos, antioxidantes, hormônios e fatores de crescimento. O efeito combinado desses componentes resulta na proteção à saúde dos pequenos.
Segundo a professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Ana Cláudia Vieira, amamentar é uma importante estratégia para reduzir a morbimortalidade, conforme estudos realizados pelo grupo de pesquisa coordenado pelo professor Cesar Victora, da respectiva instituição.
Após esse período, é possível a inserção de uma alimentação complementar adequada e saudável proposta no Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de dois anos, do Ministério da Saúde.
Porém, diante da pandemia do novo coronavírus, há a inquietude sobre a continuidade desse ato. De acordo com os estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do ministério, não foi comprovado que a mãe, mesmo sendo diagnosticada com Covid-19, não possa amamentar o filho, uma vez que a transmissão vertical do vírus não foi comprovada. Ou seja, o vírus não foi encontrado em análises de leite materno de mulheres com diagnóstico positivo para Covid-19.
Nesse sentido, se a mãe, contaminada pelo vírus, estiver confortável para amamentar, orienta-se que inicie o contato pele a pele e a amamentação, somente após realizar os cuidados de higiene e medidas de prevenção à contaminação do recém-nascido. Para isso, são necessários banhos, trocas de máscaras, toucas, roupas e lençóis que tenham sido utilizados, além de higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel 70%.
Todavia, caso a genitora não esteja habilitada a amamentar, é possível que adote a retirada do leite para a alimentação da criança e que se reverta para amamentação direto na mãe, assim que possível. Desta forma, é que se faz necessário os bancos de leite materno. Porém, no município pelotense, Ana Cláudia lamenta a não existência de um órgão como esse.
Também, a professora lembra da importância de apoiar todas as genitoras que estão em processo de lactação, buscando esclarecer dúvidas, ajudá-
las a lidar com os problemas de má ou incorreta pega do bebê para mamar, oportunizando a educação, incentivando o desenvolvimento de habilidades de comunicação e escuta, promovendo a disseminação do conhecimento.
Ainda, cita que não será possível apoiar as mães se não houver profissionais com expertise e com comportamento afetuoso e cordial para entender esse processo delicado na vida das mulheres. “É preciso desenvolver empatia associado a constante atualização, além de responsabilizar os gestores e instituições”, finaliza.
Agosto Dourado: mês da promoção à amamentação
Ainda, agosto é marcado por ser um período referente ao aleitamento materno no Brasil, sendo instituído pela Lei nº 13.435/2.017 que determina que, durante o mês deverão ocorrer atividades de conscientização e promoção sobre a importância do aleitamento materno, como palestras, reuniões com a comunidade e divulgação em espaços públicos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a cor dourada representa o padrão ouro de qualidade do leite materno.
Em 1990, em um encontro da OMS com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), foi assinada a “Declaração de Innocenti”. Diante da assinatura desse documento, os países fundaram, em 1991, a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (WABA, sigla em inglês). Em 1992, a WABA criou a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) e, todos os anos, é escolhido um tema para nortear as atividades que buscam promover o aleitamento exclusivo até os seis meses do bebê , se estendendo até os dois anos ou mais de idade.
Neste ano, o tema escolhido foi “Apoie o aleitamento materno para um planeta mais saudável”, que se concentra no impacto da alimentação infantil no meio ambiente e nas mudanças climáticas decorrentes dela. O leite materno é um alimento natural e renovável, seguro e ecológico, uma vez que é produzido e entregue sem causar poluição ao meio ambiente ou desperdício.
O tema já foi debatido na SMAM de 1997 e 2016, e está alinhado com o objetivo três da agenda 2030: “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”, que também elenca outras 16 metas para o Desenvolvimento Sustentável. Assim, neste ano, o evento busca proteger, promover e apoiar o aleitamento materno para a saúde do planeta e da população.
Os eventos vão ocorrer de forma remota, devido à Covid-19, respeitando o calendário estipulado para cada estado da federação.