Campanha do Janeiro Branco em 2025 tem como tema “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”

Campanha surgiu com o objetivo de despertar a atenção das pessoas para o que acontece ao redor delas, seja na vida pessoal ou na daquelas com quem se convive. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Criado em 2014 pelo psicólogo, palestrante e escritor mineiro Leonardo Abrahão, o Janeiro Branco é, desde 2023, reconhecido como Lei Federal 14.556/23 e surge com o objetivo de despertar a atenção das pessoas para o que acontece ao redor delas, seja na vida pessoal ou na daquelas com quem se convive. Assim, o mês não apenas é conhecido pela conscientização da saúde mental e emocional, mas também por carregar o peso de todas as expectativas de renovação traçadas anteriormente – um primeiro passo para o alcance de todas elas.

Tendo como tema em 2025 “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”, a campanha de alcance nacional promove o autoconhecimento em escolas, prefeituras, sistemas de saúde e palestras, incentivando o cuidado emocional em aspectos que são, diversas vezes, negligenciados em meio ao cotidiano, seja por tabus estruturais da sociedade ou por mera questão de rotina.

“Nos faz o convite de incluir nas resoluções para todo ano melhorar nossa saúde mental. Pois, muitas vezes, pensamos na saúde física, na saúde financeira, mas deixamos a mental de lado”, destaca a psicóloga pelotense Angelita de Souza.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, 86% dos brasileiros sofriam com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão. Assim, a iniciativa ganhou força no cenário nacional, especialmente devido ao crescente número de pessoas diagnosticadas com transtornos psicológicos. De acordo com Angelita, as questões de saúde emocional receberam maior atenção principalmente após a pandemia de Covid-19, quando o vírus e o alto risco de contaminação fez com que as pessoas ficassem reclusas em suas casas.

Ainda assim, considerando que a terapia e o apoio emocional são frequentemente considerados tabu ou sinal de fraqueza, o Janeiro Branco reforça a necessidade de quebrar o estigma associado a este cuidado. O movimento se mostra essencial para a mudança de pensamento, reforçando que cuidar da saúde mental é um gesto de força e, até mesmo, de auto compreensão.

No entanto, quando falamos sobre saúde mental no cotidiano, não podemos deixar de citar também sobre vínculo empregatício, que na rotina, independentemente de seu formato, ocupa um determinado número de horas que se manifestam tanto positiva quanto negativamente, influenciando em como as pessoas se sentem sobre si mesmas e sobre os outros.

“Somos uma sociedade adoecida e o povo trabalhador é que mais sofre com jornadas cada vez maiores de trabalho, trabalhando em mais de um emprego, enfim, a precarização da saúde, da educação e do poder aquisitivo dos trabalhadores influencia diretamente nos sentimentos e emoções, prejudicando não só sua saúde mental como a física também”, pontua Angelita, que exerce a função de psicóloga no Hospital Espírita.

Existente desde 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) estipula que práticas de cuidado com a saúde mental dos trabalhadores devem integrar os princípios do Sistema único de Saúde (SUS). Com ela, surgiram dentro das instituições de saúde os Grupos de Trabalho da Humanização (GTH), um coletivo organizado, participativo e democrático, que busca desenvolver uma política de resgate da humanização na assistência à saúde.

“O GTH do Hospital Espírita de Pelotas este ano, por exemplo, está com um plantão de 1h na parte da manhã e 1h na parte da tarde todas as terças e quintas do mês para que todos os trabalhadores possam dar uma paradinha neste mês para assistirem um vídeo sobre o que é o Janeiro Branco, com dicas de como melhorar nossa saúde mental, uma roda de conversa e uma dinâmica que muda todos os dias”, citou a psicóloga. Também durante o mês de janeiro, o Grupo de GTH do Hospital Espírita promove rodas de conversa especiais em alusão à campanha para seus funcionários.

Em um convite à reflexão, o Janeiro Branco nos faz também olhar para um lado mais humano de nós mesmos: aquele que percebe como os outros se sentem. A busca pelo bem-estar emocional deve ser constante e pequenas atitudes diárias, como falar sobre nossos sentimentos, praticar a empatia, adotar hábitos saudáveis e procurar ajuda profissional quando necessário, podem fazer a diferença.

Confira abaixo quais sinais podem ser observados para determinar se a saúde mental de uma pessoa está em risco:
Mudanças de humor extremas: alterações muito rápidas no humor, como passar de felicidade para tristeza intensa ou raiva sem motivo claro, podem ser um sinal de alerta;

Isolamento social: evitar amigos, familiares e atividades sociais que antes eram prazerosas pode ser um sinal de que a pessoa está se afastando devido a dificuldades emocionais;

Sentimentos de desesperança: a sensação constante de que as coisas não vão melhorar e que a vida não tem propósito é uma preocupação importante;

Dificuldade de concentração: problemas para se concentrar nas tarefas diárias, tomar decisões ou lembrar de coisas simples podem ser um sinal de estresse ou outros transtornos;

Alterações no sono: dormir demais ou ter insônia constante pode ser um sinal de que algo não está bem emocionalmente;

Mudanças no apetite: comer em excesso ou perder totalmente o apetite podem ser reflexos de distúrbios emocionais;

Sentimentos de ansiedade ou pânico: preocupações excessivas, ataques de pânico ou uma sensação constante de que algo ruim vai acontecer são sinais importantes;

Comportamentos autodestrutivos: pensamentos ou comportamentos autodestrutivos, como auto mutilação, abuso de álcool e outras substâncias, indicam um grande risco para a saúde mental.

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