A cultura da soja avança nos municípios da Região Sul. Com 87% da área total prevista plantada, pela primeira vez serão semeados mais de 400 mil hectares da oleaginosa, nos 22 municípios de abrangência do Escritório Regional da Emater Pelotas.
Na safra 2018/2019, foram semeados 377.711 hectares e colhidas 1.044.691 toneladas, com renda/riqueza para a região no valor de R$ 1.392.920.800,00.
A informação é do engenheiro agrônomo Evair Ehlert, assistente técnico regional de Sistemas de Produção Vegetal da Emater-RS/Ascar. “Pela primeira vez, os valores da renda prevista na safra de soja (R$ 1.462.701.600,00) ultrapassarão os valores da renda provinda da safra de arroz (R$ 1.186.581.600,00)”, afirma.
Ele lembra que é importante a renda da soja mais que do arroz irrigado, pois é dinheiro que entra totalmente de fora da região. “É renda mesmo”, afirma. Segundo Ehlert, todas as rendas são importantes, mas o destaque especial é a soja que avança na região, trazendo junto o desenvolvimento tanto dos serviços, como produtos que geram. “Circula dinheiro na região em todos os setores da economia, ou seja, é bom para todos”. O interessante, conforme ele, é que isto é fato em todas as escalas de produção, seja da agricultura familiar como a empresarial.
O cultivo deve seguir sua expansão tanto em área, como produtividade e produção. Expande-se tanto em áreas de coxilhas como de várzea, na agricultura familiar como na empresarial e tanto em áreas de campo de pastagens para pecuária como nas áreas coloniais. “E isto porque tem previsibilidade, tem preços internacionais sem grandes oscilações, consigo operar com contratos futuros, tem toda uma estrutura de cerealista e consultores para apoio técnico e financeiro”. Além disso, as áreas são 30% com financiamentos de agentes/bancos/crédito rural oficial. Grande parte da área é no sistema de troca-troca de insumos, fica devendo a safra ou sacos de soja em troca do recurso para os insumos.
Entre outras vantagens, suas atividades são 100% mecanizáveis, e com isto traz junto a mecanização para a região, principalmente para a pecuária. A região expandiu muito sua capacidade de armazenamento, com silos de empresas como a Puro Grão, Plantécnica, Agrofel, Grupo Quero Quero, Três Tentos, Semear, Planfer, bem como silos de produtores, como a Agro Müller, em Canguçu. “Os jovens preferem esta atividade em razão da mecanização, ou seja, temos sucessão garantida no negócio”, diz Ehlert.
O agrônomo cita, ainda, a disponibilidade de áreas na região, tanto coxilhas quanto várzeas, além da cultura entrar muito na integração com a pecuária. “Cultivar de soja aguenta mais que o milho quando ocorrem as estiagens. Eu perco também, mas não como o milho que eu zero a produção, ou seja, o risco é menor que o milho na região”.
Semeadura
Seguem as atividades de semeadura, que entra na fase final com expectativa de encerrar próximo do Natal, em razão das precipitações ocorridas no mês de dezembro. Na região, predominaram as semeaduras no mês de novembro, com destaque para Arroio do Padre e Santana da Boa Vista, com 100% da área semeada.
Estão semeadas 87% da área prevista inicialmente de 406.891 hectares. No estado, a implantação da cultura alcançou 90% do total da intenção de plantio, que é de 5.978.967 hectares. As áreas já semeadas 99% estão na fase de emergência e desenvolvimento vegetativo. Outros 1% estão em início de florescimento. As últimas precipitações favoreceram a cultura com o retorno da umidade no solo, somado aos prognósticos de chuvas esparsas até o final do ano em toda a região. Estima-se que 94% da safra de soja 2018/2019 já foi comercializada pelos sojicultores, permanecendo um bom volume armazenado junto aos cerealistas, na espera dos melhores negócios.
Mercado
A saca de 60 quilos está sendo comercializada a R$ 83 em Canguçu e Pelotas. Em São Lourenço do Sul a R$ 80,50. Em Jaguarão e Arroio Grande a R$ 82,50. Em Piratini a R$ 84,50, preços informados por produtores rurais.
Produtor está de olho no clima
O produtor de Morro Redondo, Leandro Rodeghiero Kruger, já concluiu o plantio de 270 hectares, iniciado no final de outubro e encerrado em 5 de dezembro. Do total, 200 hectares foram no sistema de plantio direto e 70 hectares convencional. Produtor de soja há 15 anos, ele está de olho no clima e torce para que tudo corra bem para que não haja redução na produtividade.
“O excesso de chuva no mês de outubro, causou atraso no início do plantio e agora temos problemas com a falta de chuva, que prejudicou um pouco o desenvolvimento vegetativo da cultura, bem como o plantio, pois vários produtores ainda não concluíram a semeadura”, diz. No entanto, ele diz que ainda não se pode afirmar que haverá redução na produtividade. Tudo vai depender do clima daqui para frente.
Kruger que plantava soja também em Piratini, por causa da falta de chuvas no município, resolveu plantar apenas em Morro Redondo. “No ano passado eu tinha 200 hectares em Piratini e mais 180 hectares em Morro Redondo, no total de 380 hectares”. A produtividade foi melhor em Morro Redondo, onde foram colhidos 51 sacos por hectare (3.060 quilos). Em Piratini, foram 31 sacos por hectare (1.860 quilos), devido a problemas de área sem palhada e pisoteio excessivo de gado, diz.
A situação das suas lavouras são variáveis e possui desde soja em início de floração até áreas recém emergidas.