*Com informações da Assessoria de Imprensa da Embrapa Pelotas
Pelo terceiro ano consecutivo, a Estação Experimental Terras Baixas (EETB) da Embrapa Clima Temperado, localizada em Capão do Leão, será sede, de 9 a 11 de fevereiro de 2021, do evento anual da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em sua 31ª edição. O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz), Alexandre Velho, conta que a ideia é fazer um evento híbrido, tanto com palestras presenciais quanto com transmissão pela internet. “Devem ser mantidos todos os protocolos de cuidados, o que já está sendo acertado com o governo do Estado e com a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul)”, garante.
O presidente ressalta que a expectativa é grande para esta abertura, que mantém o viés de intensificar o sistema de produção. “O título definido para esta abertura ‘Os novos rumos do sistema de produção’ consiste em uma busca por alternativas tanto de grãos quanto de espécies forrageiras para cobertura vegetal, que são as pastagens”, diz. Segundo ele, existe um consenso que além da soja, a pecuária tem cada vez mais, uma importância muito grande dentro do sistema. “Estamos intensificando a busca por alternativas dentro deste sistema, que para nós veio para ficar, que é o arroz junto com a soja e a pecuária”, afirma.
Apesar da mudança significativa de patamar no mercado do arroz, que está em alta, Velho adverte que o momento é de muita cautela e melhoria da gestão dos negócios na propriedade. Ele aconselha os produtores além de continuar com a rotação de culturas, não descuidar do acompanhamento e atualização dos custos de produção das lavouras. “Este mesmo câmbio que favoreceu as exportações neste ano, trouxe uma mudança no custo dos fertilizantes e dos agroquímicos, que precisam ser atualizados pelo produtor”, comenta.
Além disso, ele recomenda a revisão dos contratos de arrendamento, que atingem hoje mais da metade dos produtores de arroz do Estado, muitos com valores muito altos. Segundo ele, manter os custos atualizados é a maneira que o arrendatário tem de demonstrar o alto custo por hectare da lavoura de arroz. “É o momento de muita gestão e continuar plantando somente em áreas de alta produtividade e que são de acordo com o acompanhamento ao longo dos anos, áreas com a rotação de culturas, seja com a soja ou com as pastagens”.
Entre os destaques do evento, ele adianta um painel sobre logística e a busca por novos mercados para o arroz. Segundo ele, as melhorias do Terminal Logístico do Arroz (TLA), antiga Cesa, no porto de Rio Grande, que deve estar operando já no primeiro trimestre de 2021, irá favorecer a competitividade do arroz gaúcho e consequentemente oferecer um equilíbrio e sustentação de preços maior no mercado interno. O seminário irá contar com a participação do atual superintendente da Portos RS, Fernando Estima e também com representantes do TLA e do operador CCGL.
O novo presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Ivan Bonetti, que assumiu a instituição no dia 3 de dezembro, já garantiu o patrocínio e a participação do Irga na 31ª Abertura. No momento, e agora com a diretoria completa, pois há dois anos o Irga não possuía diretores administrativo e comercial, ele prioriza questões administrativas, entre elas a utilização maior da taxa CDO, questão amplamente debatida em aberturas anteriores. “Esta taxa, que é paga pelo produtor rural por cada saca de arroz vendida à indústria, tem hoje uma utilização de aproximadamente 60% do que arrecada pela autarquia e o restante vai para o Caixa Único do Estado”, diz o presidente. Assumiram as diretorias, Eduardo Milani (administrativo) e João Batista Camargo Gomes (comercial).
Segundo ele, é prioridade de sua gestão a melhor utilização destes recursos, beneficiando desde as questões salariais, como também garantir a assistência técnica ao produtor rural, entre outros serviços prestados.
O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira, anuncia recursos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a realização do evento, a partir de parceria com a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), do Ministério, o que assegura a importância da realização do evento para o estado e para o país. “Nesta edição estão previstas a renovação e ampliação do parque da Abertura da Colheita do Arroz, com novas áreas demonstrativas e um espaço institucional qualificado para atendimento ao público durante os dias do evento”.
A expectativa de Oliveira é que a Abertura da Colheita seja, mais uma vez, um espaço de fortalecimento da relação entre a Embrapa e o setor produtivo. “Nosso foco está em mostrar os resultados das atividades de pesquisa em terras baixas, envolvendo a cultura do arroz, que é o ‘carro-chefe’ deste ambiente, e outras culturas como a soja, o milho, o sorgo, e a ILP [Integração Lavoura-Pecuária]”, confirmou.
Área plantada no estado é superior a 969 mil hectares
Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apontavam para a conclusão da semeadura do arroz no Estado já nos primeiros dias do mês de dezembro, com pouco mais de 10 mil hectares ainda para serem concluídos. A área total estimada para a cultura na safra 2020/2021 é de 969.192 hectares em todo o Estado. A Zona Sul, região anfitriã da Abertura pelo terceiro ano consecutivo é responsável por 162.337 hectares. O coordenador regional do Irga Zona Sul, André Matos, reforça o tema do evento “Os novos rumos do sistema de produção”, pois cada vez mais se busca abordar outras culturas e atividades, não apenas o arroz, como alternativa de produção para as terras baixas. “Obviamente o arroz é o grande protagonista das terras baixas, mas a soja e a pecuária vêm cada vez mais ganhando espaço como coadjuvantes, muito importantes para dar sustentabilidade ao negócio do arroz.
Segundo ele, o RS possui 5 milhões de hectares de terras baixas, 1,3 milhões ocupados com arroz e soja. Os 3,7 milhões poderiam estar ocupados com pecuária, diz. A soja ocupa, nesta safra, 353 mil hectares no estado e 100 mil hectares na Zona Sul, diz. “Este trinômio arroz-soja-
pecuária já está consolidado e outras culturas devem ganhar espaço no futuro, como o milho por exemplo”.
Vitrine tecnológica
As lavouras experimentais estão em fase plena de implantação e desenvolvimento. São 9 hectares de áreas demonstrativas das tecnologias da pesquisa agropecuária, sendo 5,8 hectares de lavouras de arroz, soja e milho, além da nova área de forrageiras, voltada ao trabalho de melhoramento de campo nativo, que será uma das grandes inovações desta edição. “Será possível apresentar aos produtores mais alternativas de uso das terras baixas, com o objetivo de proporcionar maior sustentabilidade/rentabilidade das unidades produtivas, incentivando o sistema ILP”, explicou Jorge Schafhauser Jr, gestor do Núcleo Temático em ILPF.
Em função da pandemia de Covid-19, os organizadores estão em contato permanente com o governo do Rio Grande do Sul para estruturar o evento seguindo todas as diretrizes de proteção ao público que se fará presente. “Nesta edição, não serão recebidas caravanas de produtores para visitação ao evento; haverá limitação do número de participações presenciais, a depender de definição por parte do Estado. Este número será divulgado mais próximo da Abertura da Colheita”, adiantou o coordenador técnico da EETB, André Andres. O evento será compartilhado de forma online, garantindo o alcance e a interação com o grande público.
A Abertura terá a visitação preferencial de produtores rurais e suas equipes, além dos engenheiros agrônomos e técnicos das empresas ligadas à cadeia produtiva arrozeira, pesquisadores das principais instituições de pesquisa (Embrapa, IRGA e Epagri), além da presença de representantes das Universidades (UFPel, UFRGS e UFSM). Haverá a estrutura de estandes expositores de empresas e instituições de diversos segmentos na área de realização do evento, a fim de demonstrar as atuais tecnologias disponíveis no mercado.
Um outro ponto que está sendo planejado pela comissão organizadora é um único local (e maior) para realização de palestras, em estrutura efêmera externa, proporcionando maior segurança ao público participante.