A Embrapa Clima Temperado está participando da 47ª Expointer, em Esteio, com uma programação que traz novidades para o setor produtivo e também ao consumidor. A entidade localizada em Pelotas lançou, na quinta-feira (29), a cultivar de amora-preta BRS Karajá e o Sibraar, uma ferramenta de rastreabilidade de arroz.
Amora-preta BRS Karajá
A nova cultivar de amora-preta BRS Karajá promete aumentar em pelo menos 30% a eficiência da colheita. Isso ocorre porque a variedade não possui espinhos, ou seja, facilita a prática com maior agilidade. “O custo de produção maior da amora é a mão de obra. E, principalmente, para a colheita é o custo mais alto. Então, se a gente diminui esse tempo de colheita, diminui ou facilita o trabalho e, com certeza, vai reduzir o custo também”, disse a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado Maria do Carmo Raseira. Entre os benefícios da BRS Karajá para o produtor estão o menor risco a lesões, a possibilidade de fazer a colheita em períodos do dia mais adequados e não necesitar de um grande número de mão de obra.
Maria do Carmo explica os benefícios dessa característica que também influencia na qualidade da fruta. “Tem algumas plantas que tem espinho na haste, até na folha. Então, a pessoa tem que ou colher com luva ou tem que ficar se cuidando. E no caso da poda também. E ela não tendo espinhos, além disso, é uma planta cujas hastes são bastante eretas. Então, tudo isso facilita”, garante.
A pesquisadora destaca que o sabor da BRS Karajá é mais equilibrado que as outras variedades de amora-preta desenvolvidas pela Embrapa, que têm o sabor mais ácido. Essa particularidade possibilita o consumo in natura. Além disso, a nova cultivar serve para o congelamento e o processamento, sendo destinada à indústria. A produtividade pode chegar a 18 toneladas por hectare e, após um ano de cultivo, o produtor já terá os primeiros frutos. Essa variedade possui um ciclo menor de produção do que a cultivar Tupy, que é a mais plantada no país.
Os produtores interessados em adquirir mudas da BRS Karajá devem procurar os viveiristas licenciados pela Embrapa. A lista completa pode ser encontrada no portal da entidade pelo endereço www.embrapa.br/cultivar/amora. “No momento, as plantas já estão nas mãos de viveiristas, que estão multiplicando para disponibilizar para os produtores. Então, os produtores já podem começar a fazer suas reservas de muda para o plantio no próximo inverno”, finalizou Maria do Carmo.
Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar)
Desenvolvido pela Embrapa, o Sibraar é uma ferramenta de rastreabilidade com o intuito de levar informação para o consumidor sobre produto. As embalagens dos alimentos devem contar com um QR Code, que pode ser scaneado com o celular e, assim, direcionado para uma página com os dados. As informações são inseridas no Sibraar pela empresa que adotou a ferramenta e pode incluir dados sobre a origem da matéria-prima, o processo produtivo, geolocalização da propriedade, laudo laboratorial, ficha técnica, certificações, entre outros. A agrorastreabilidade já está presente em outros produtos, como o açúcar, mas para o arroz este é o primeiro piloto a ser lançado no Brasil.
O Sibraar utiliza a tecnologia blockchain que é baseada em ferramentas de criptografia para os registros de informações. Essa tecnologia garante o que é chamado de imutabilidade, ou seja, uma vez registrada a informação não poderá ser alterada.
A ferramenta tem o objetivo de suprir uma demanda do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com relação à Lei nº 14.515/2022, que prevê que o governo federal e setor produtivo colaborem na fiscalização agropecuária. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Alexandre de Castro, explica que a inciativa foi da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), que procurou a Embrapa para começar a realizar o teste de rastreabilidade do arroz.
Neste primeiro momento, a Arrozeira Pelotas é parceira na iniciativa e já foram rastreadas 300 toneladas de arroz branco tipo 1 da marca Brilhante. Conforme a indústria, as cultivares rastreadas são da Embrapa e correspondem a BRS Pampa e a BRS Pampeira. Os pacotes com QR Code chegarão aos supermercados nas próximas semanas no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. “A Arrozeira Pelotas tem outras marcas, mas escolheram uma marca para que a gente fizesse o piloto. Geralmente a gente vai, digamos assim, fazendo algo mais reduzido, mais selecionado, para ver se vai funcionar, mas a ideia deles é expandir para outras marcas”, explica Castro sobre as perspectivas de incluir mais marcas no rastreio de arroz.