Em 2050, daqui a aproximadamente 30 anos, o mundo necessitará 70% mais alimentos do que produz hoje. Em 10 anos, o Brasil supriu mais de 41% da demanda mundial e em segundo lugar ficou a China, com 15%. As informações são do presidente da Emater, Geraldo Sandri, que assumiu a empresa em abril deste ano e firmou um compromisso com os municípios de retornar quantas vezes forem necessárias para ouvir demandas e atender solicitações da área produtiva. Na tarde de quinta-feira (19), no Salão Nobre da Prefeitura de Pelotas, ele e a equipe dos escritórios Regional e Municipal de Pelotas se reuniram com prefeitos e lideranças da Região Sul para apresentar o relatório final de atividades de 2019 e as metas e estratégias para o próximo ano.
Conforme Sandri, a Região Sul possui uma diversidade muito grande de culturas, o que não se vê em outras regiões do RS. A Emater, uma empresa privada que presta serviços ao Governo Estadual, também sente os efeitos da crise financeira que atinge o estado e sofreu no último ano um enxugamento de R$ 40 milhões no seu orçamento. No entanto, continua a trabalhar ativamente junto aos produtores a fim de valorizar os sistemas produtivos como um todo. “É preciso usufruir deste grande celeiro de alimentos para o mundo que é o Brasil”, ressalta.
A importância do Estado nas exportações brasileiras é evidenciada pelo presidente. “54,3% de tudo o que é exportado pelo Brasil é produzido pelo Rio Grande do Sul e 38% vem da agropecuária no País e o Estado responde por 12% da produção nacional, mesmo com suas finanças degradadas”, diz o presidente, afirmando que é possível sim continuar o trabalho, mesmo com problemas sérios de gestão ao longo do tempo em todas as esferas. “Cabe a nós produzirmos a solução”.
De acordo com ele, a agricultura caminha para um futuro com menos pessoas no campo e propriedades, com mais gestão, conhecimento, tecnologia e pesquisa, na busca sempre pela maior rentabilidade. “O grande desafio é o quanto estamos preparados para o uso adequado das tecnologias em cada sistema de produção, região, visando a sustentabilidade”.
A Emater é um grande braço de todas as políticas públicas vinculadas à agricultura e pecuária do Rio Grande do Sul. Com 64 anos de existência, está presente em 100% dos municípios do Estado, com 497 escritórios instalados. Possui 2.119 funcionários, dentre os quais, 305 especialistas, 144 mestres e 55 doutores. Ao falar em nome dos agricultores, o produtor Claudiomar Fischer, respaldou a importância do trabalho da instituição junto aos produtores. A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), assinou a renovação do convênio de assistência técnica e extensão rural prestados pela Emater ao município.
O gerente regional da Emater Pelotas, Ronaldo Maciel, fez uma radiografia das cadeias produtivas locais em relação ao trabalho desenvolvido pela empresa junto aos 22 municípios de sua abrangência. Entre os dados apresentados, está o setor de agroindústria, que cresce a cada ano e somam 166 cadastradas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar, 56 delas certificadas, uma delas cadastrada no Susaf. Ele apresentou as áreas ocupadas pelas culturas da soja, arroz irrigado, milho grão e silagem, trigo, cevada, feijão, tabaco, ilustrando a diversificação da produção regional e também mostrou a evolução especialmente da área de grãos, nos últimos dez anos.
Abordou as culturas tradicionais como o pêssego (indústria e mesa), morango, uva, sua abrangência e número de famílias envolvidas. Outros setores como cebola, silvicultura, olivicultura, leite, bovinos de corte, ovinos e mel também foram lembrados.
Os supervisores regionais Edgar Norenberg e Luiz Ignácio Jacques mostraram a abrangência da Emater, que possui um escritório regional e em 22 municípios, uma unidade cooperativa, um Centro de Treinamento e cinco escritórios de Classificação de Produtos Vegetais.
Os técnicos e extensionistas atuam em quase 60 atividades diferentes, sendo que em 2019, foram priorizadas pelos municípios as atividades de segurança e soberania alimentar, bovinocultura de leite, pecuária familiar, solos e agroindústria. Foram atendidas em 2019, 16.215 famílias, com o total de 20.722 integrantes. “Atendemos todos os públicos possíveis e Pelotas tem todos estes públicos”, afirmaram. As formas como foram atendidos estes públicos incluem quase 50 mil ações e métodos, entre eles, dias de campo, reuniões, exposições e feiras, visitas, contatos e programa de rádio.
A elaboração de projetos de crédito rural viabilizou o investimento de mais de R$ 58 milhões nas cadeias produtivas, agroindústrias e cooperativas locais. Foram atendidas 26 cooperativas, 19 localizadas em Pelotas e sete na região e Bagé. O faturamento destas cooperativas previsto para 2019 é de mais de R$ 185,5 milhões.
No Centro de Treinamento em Canguçu, foram realizados 23 cursos e atingidos 271 alunos. O destaque especial ficou por conta da realização da segunda edição do curso de inovação e empreendedorismo ministrado a jovens rurais.
Ao final, foi oferecido coquetel aos participantes com produtos das agroindústrias locais, entre elas, a Agroindústria Aura Verde, do casal de jornalistas Helena Chies e Jonathas Rivero, com produtos que vem fazendo grande sucesso em feiras e eventos pelo estado. Também foram servidos sucos naturais de morango e pêssego.