
O Rio Grande do Sul deve produzir em torno de 7.149.691 toneladas de arroz na safra 2023/2024, mesmo com as perdas pelas inundações que o Estado enfrentou no mês de maio. O número é bem próximo ao registrado na safra passada, que foi de 7,239 mil toneladas e representa uma redução de apenas cerca de 1,24% em relação ao volume produzido no período anterior. Isso comprova que o arroz gaúcho é suficiente para abastecer o mercado brasileiro, sendo desnecessária a importação do grão. É o que garantem as entidades representativas do setor, como o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
No início da ocorrência das enchentes, em 5 de maio, 84% da área do Estado já estava colhida, restando apenas 142 mil hectares para colher. Destes, 22 mil hectares foram perdidos e 18 mil ficaram parcialmente submersos. Entre os grãos estocados nos silos, houve comprometimento de 43 mil toneladas, segundo o presidente do Irga, Rodrigo Machado.

em torno de 7.149.691 toneladas de arroz na safra 2023/2024. (Foto: Paulo Rossi/Divulgação)
Até o começo das cheias, a produção estava em 6.440.528 toneladas, somada a um cálculo de produtividade para os 101.309 hectares restantes de área que não foram atingidos pelas inundações. O Irga chegou na estimativa de 7,15 milhões de toneladas. Foi levado em consideração uma média de produção de sete mil quilos por hectare ainda a ser colhido. “Mesmo considerando as perdas, temos uma safra praticamente idêntica à anterior, o que nos leva a inferir que não haverá desabastecimento de arroz”, argumentou Machado.
As maiores perdas do grão no Estado se concentram na Depressão Central, região produtora que já havia registrado perdas nos eventos climáticos de setembro de 2023 e passou por um processo de replantio. “Lá será preciso fazer algo a mais, linha de crédito, seguro para atender a esses agricultores porque eles perderam não só a safra, mas suas casas, máquinas e animais”, disse o presidente da Federarroz, Alexandre Velho.
Nos dias 20 e 21 de maio, representantes do Irga, juntamente com o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Enio Marchesan, iniciaram a formatação de um diagnóstico das áreas de produção de arroz irrigado que foram afetadas pelas enchentes. Com o objetivo de estabelecer as diretrizes emergenciais e definir parâmetros para o novo cenário da lavoura da metade sul do Estado frente às mudanças climáticas, o presidente do Irga, junto com representantes do corpo técnico da autarquia da região Central, visitou algumas das áreas mais atingidas pelas enchentes, na região da 4ª Colônia.
O grupo visitou diversos produtores, visualizou os danos causados pela enchente e deve definir a forma de execução das ações. Segundo Marchesan, o plano está pautado em três fases. A primeira será de levantamento dos dados in loco, buscando visitar todas as áreas de lavoura atingidas aplicando questionários que têm como objetivo levantar os prejuízos em relação às estradas, infraestrutura das propriedades, silos, maquinários, rede elétrica, bombas, danos ao solo, bem como definir as prioridades para a reconstrução do local e arredores.
A segunda etapa será de análise de dados e o estabelecimento das ações prioritárias. E a terceira etapa consistirá na execução das prioridades. Cada uma das fases terá um tempo médio de execução de um mês, sob a coordenação do Irga e empresas públicas e privadas que tenham interesse em fazer parte do grupo de trabalho. Contudo, os danos mais preocupantes são em relação ao solo, que demandará grande investimento na sua recuperação.
O levantamento de dados ficará concentrado nas regiões produtoras de arroz que registraram algum tipo de prejuízo em decorrência das enchentes, sendo as principais a Região Central e a Planície Costeira Interna (PCI), que representam 27% da área de produção e caracterizam-se pela maior concentração de produtores de arroz gaúchos. Somente a Região Central responde por 33% desses produtores, distribuídos em pequenas propriedades.
Conforme Machado, com esse levantamento minucioso, o Irga espera fornecer informações precisas sobre as ações prioritárias a serem executadas por todos os envolvidos na recuperação das áreas atingidas pelas cheias, principalmente ao poder público. Segundo ele, ainda há grande dificuldade de deslocamento até as regiões afetadas. Os levantamentos são executados conforme a liberação dos acessos às estradas e lavouras.
Situação em 8 de maio:
RS – 84,2% colhidos dos 900.203 hectares semeados
Regiões produtoras
Zona Sul – 91,8% de 154.318 hectares semeados
Fronteira Oeste – 90,9% de 263.903 hectares semeados
Campanha – 89% de 130.954 hectares semeados
Planície Costeira Interna – 87,4% de 132.919 hectares semeados
Planície Costeira Externa – 83,5%de 100.002 hectares semeados
Depressão Central – 62,6% de 118.107 hectares semeados
Fonte: Dater Irga