O ataque aconteceu na noite de domingo (horário local) e provocou indignação nas redes sociais. Imagens transmitidas ao viv mostram pessoas gritando, enquanto homens espancam vários manifestantes e jornalistas nas plataformas da estação e em vagões de metrô, deixando poças de sangue no chão.
As vítimas acusaram os policiais de levarem mais de uma hora para chegar à estação, apesar das chamadas daqueles que estavam sob ataque, e de não prenderem os agressores armados, que ficaram nas ruas ao redor da estação na manhã de hoje.
Alguns homens vestindo camisas brancas foram posteriormente filmados deixando a cena em carros com placas da China continental.
Ferimentos
Lam Cheuk-ting, um legislador pró-democracia, foi um dos feridos, sofrendo escoriações no rosto e nos braços. Ele criticou a polícia e acusou “membros das tríades” de estarem por trás dos ataques, se referindo a organizações criminosas originadas da China, também presentes na região de Hong Kong.
“Seus atos extremamente bárbaros e violentos já violaram completamente os parâmetros mais rasos da sociedade civilizada de Hong Kong”, disse ele.
A indignação entre os simpatizantes das reformas democráticas em Hong Kong e as críticas à polêmica proposta de lei de extradição (suspensa desde 9 de julho) aumentaram após a divulgação de imagens do deputado de Hong Kong Junius Ho, em que ele aparece conversando amigavelmente e tirando fotos com os agressores. Ho negou ter qualquer relação com o grupo.
Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, parlamentares pró-democracia acusaram os líderes pró-Pequim de fecharem os olhos aos ataques. “São gangues tríades espancando o povo de Hong Kong”, protestou Alvin Yeung. “Mesmo assim vocês fingem que nada aconteceu?”
Os confrontos aumentaram a preocupação de que as temidas tríades estejam entrando no conflito político.
A estação de Yuen Long fica nos Novos Territórios, perto da fronteira com a China, onde gangues criminosas e os comitês rurais pró-Pequim permanecem influentes. Ataques semelhantes de agentes pró-governo contra manifestantes durante os protestos da Revolução dos Guarda-Chuvas de 2014 foram atribuídos às tríades.
Conflitos
Hong Kong tem sido abalada por semanas de marchas e frequentes confrontos entre policiais e manifestantes em sua pior crise na história recente.
Os protestos iniciais foram gerados por um projeto de lei agora suspenso visando permitir extradições para a China continental, mas desde então os protestos evoluíram para um movimento mais amplo, que pede reformas democráticas, sufrágio universal e a suspensão das restrições a liberdades no território semiautônomo.
Ao mesmo tempo em que ocorria o tumulto na estação de metrô de Yuen Long, policiais combatiam manifestantes mais agressivos no meio do distrito comercial da cidade.
Forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os militantes, horas depois de a sede do Escritório de Ligação do governo chinês ter sido atacada com ovos e grafites.
Wang Zhimin, chefe do escritório, criticou os manifestantes, dizendo que eles haviam insultado “todo o povo chinês”, enquanto pedia ao governo de Hong Kong que perseguisse os “desordeiros”.
A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, apoiada por Pequim, condenou o ataque ao escritório, dizendo ser um “desafio” à soberania nacional.
Ela condenou todo tipo de violência, descrevendo como “chocante” o ocorrido no metrô de Yuen Long e assegurando que as autoridades apurarão o incidente.