Uma nova reunião para atualizar os prejuízos na agropecuária na Região Sul causados pelo alto volume de chuva foi realizada na quarta-feira (29), na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), em Pelotas. Autoridades e representantes dos 23 munícipios da região e de órgãos ligados ao agro estiveram presentes para apresentar os dados. Foram feitos breves relatos das perdas de cada munícipio, que foram ouvidos de forma on-line pelo representante da Secretária Estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do RS Antônio Quadros Neto, o Cacaio.
“As perdas foram piores do que as da maior estiagem da região,” afirma o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Pelotas, Ronaldo Maciel, sobre os prejuízos que superaram o R$ 1,83 bilhão da maior estiagem dos últimos 20 anos, que ocorreu em 2023. Entre a primeira reunião realizada no dia 22 até a realizada no dia 29 de maio, o valor de perdas na agropecuária aumentou 25,5%. Em reais, esse número é cerca de R$ 1,85 bilhão só na Região Sul. Os dados foram coletados pela Emater/RS-Ascar a partir do que foi repassado pelos munícipios. Esse número tende a mudar, já que o evento climático e as enchentes seguem afetando o Estado, além de alguns munícipios ainda não terem fechado os valores de perdas já que a água não baixou o suficiente.
A soja segue sendo a cultura mais prejudicada, representado 62,42% das perdas da agropecuária. Um dos destaques da reunião foram os prejuízos na pecuária, isso porque apenas 64% da soja foi colhida e alguns produtores utilizam essa área para o plantio de pastagens para o gado. Além disso, as chuvas em grande volume na última semana danificaram o que já estava plantado. Os bovinos de corte fazem parte com 9,37% do valor das perdas e o leite tem a porcentagem de 0,77%.
Outro prejuízo considerável é no cultivo do arroz, com 8,85%, mesmo tendo sido colhida 97% da área cultivada na região. Já o milho, que só teve 40% da área colhida, é responsável por 7,23% dos prejuízos. Os representantes de alguns municípios relataram que não será possível aproveitar os milhos nem para silagem. As perdas relacionadas ao solo também são uma preocupação, já que ocupam 4,81% no valor total. Na sequência, vêm a pesca artesanal com 3,91%, outras culturas com 2,06 % e hortaliças 0,58%.
Situação dos munícipios da região sul
Entre os 23 munícipios que compõem a região, cinco estão em estado de calamidade, sendo eles Arroio Grande, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul. O munícipio mais afetado da região segue sendo Arroio Grande, concentrando 13,52%. Com pouca diferença nos prejuízos está Santa Vitória do Palmar com 13,21%; São Lourenço do Sul com 12,88%; e Jaguarão com 11,49%.
Outras cidades tiveram aumentos significativos desde a última semana, como Rio Grande (10,35%), Canguçu (7%), Pelotas (5,80%) e Pedras Altas (5,14%).
O coordenador regional da Secretaria de Agricultura do Estado, Henrique Pereira da Silva, anunciou que algumas medidas de mitigação serão implementadas através do órgão estadual com articulação com a Azonasul. Devem ser liberados R$ 500 mil em horas/máquinas para os municípios em situação de calamidade.