Como o eleitor idealiza o próximo prefeito?

Elis Radmann, cientista social e socióloga.

Sempre tem alguém que me pergunta: Como o eleitor constrói o tipo ideal de governante? Quando e como ele sabe o tipo de prefeito que ele quer para o próximo ciclo?

A resposta inicial a essa reflexão está na experiência que ele vive com o atual governo. Os diagnósticos estratégicos realizados pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) iniciam a jornada de pesquisa investigando como o eleitor percebe a realidade em que vive, o que ele quer para o amanhã, e que futuro ele almeja. De certa forma, a teoria do voto econômico é um alicerce deste debate: “se o governo vai bem, o eleitor tende a continuar”!

Como o comportamento do eleitor não é movido apenas por racionalidade, a questão é entender as subjetividades e os simbo­lismos da disputa.

Vamos imaginar o caso de um prefeito que tenha mais de 50% de avaliação ótima ou boa, o que retrata um indicador positivo e o levaria à reeleição. Entretanto, há casos em que a oposição lidera, mesmo nos lugares onde o prefeito está fazendo muitas obras e é classificado como um bom gestor.

Neste exercício mental, o eleitor tem uma boa experiência, com um prefeito sério, “tocador de obras” e que se preocupa com a boa gestão administrativa. Logo, a sensibilidade estratégica do adversário precisa ocupar a pauta em que o prefeito não se destaca. A oposição teria que construir a tese de que seu candidato não se preocupa apenas com obras, que cuidará também de pautas sociais como saúde, educação e assistência social.

Mas como não há receita de bolo, essa fórmula não é tão simples, pois é importante analisar, ainda, todo o contexto político e social da cidade e, principalmente, as características do candidato.

O que quero dizer com este exemplo? Que há no mínimo três grandes olhares do eleitor para idealizar o próximo prefeito:

a) A leitura da experiência anterior. O eleitor irá avaliar o que recebeu, se as entregas foram condizentes com as promessas e qual a capacidade de avançar com a situação;

b) O time mais preparado. É quase que um clássico, mas a governabilidade está sempre na avaliação dos eleitores, mesmo os que possuem baixo conhecimento de política. Os eleitores avaliam quais os partidos que estão apoiando o candidato, quais serão os seus vereadores e se o candidato terá trânsito fora da cidade;

c) Os atributos do candidato. Se ele tem capacidade de gestão para entregar o que oferece e conduzir o seu time. Por isso, o prefeito ideal precisa ter pulso firme, ser honesto, trabalhador, inteligente e ser próximo do povo.

Em muitos casos, o eleitor sabe que não encontrará o tipo ideali­zado em sua cidade. Nestes casos as pesquisas de intenção de voto irão mostrar que o eleitor deseja que o “menos ruim” vença a eleição.

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