A festa mais doce do Mundo está em plena realização. Andar pelas dependências da Fenadoce, em Pelotas, é encher os olhos, alegrar o coração e se preparar para deliciosas tentações… Ainda mais quando a equipe que a preparou foi feliz em selecionar como elemento motivador a frase: “Doce sabor de infância”. Impossível não simpatizar com a formiguinha, a mascote, ou com os personagens que dançam e motivam as crianças (só elas?) a dar os seus gingados pelos corredores próximos aos ambientes musicais.
Todos temos alguma lembrança de doces na infância. Especialmente numa cidade em que ele esteve presente, praticamente, desde a origem. Com depoimentos bonitos de mães que ensinam as filhas a continuar esta arte ou avós que passaram o conhecimento para as filhas e, agora, seguindo a tradição, são acompanhadas pelas netas que preparam (mas também degustam) os doces sabores. A magia dos laços que se estreitam em torno das mesas, dos tachos, do refinamento de cada docinho recheado de carinho.
Não lembro de doces quando morávamos no interior de Canguçu. Já em Pelotas, três tipos foram marcantes: a torta com bolacha champanhe e flan (feito com gelatina, também chamado de manjar), preparada aos finais de semana pela minha irmã, Loci. Amendoins torrados e caramelizados, a delícia da Páscoa. E merenguinhos. Na primeira ocasião em que entrei num supermercado e vi uma gôndola cheia de saquinhos de merenguinhos, me assustei: “quantos ovos as galinhas botaram para fazer tantos doces?”
No armazém do meu pai, havia dois tipos de doces: os caseiros e os industriais. Minha mãe preparava rapadurinha de amendoim (lembro das forminhas que precisavam ser untadas), uma variedade de pedaços de bolos e cocadas, sendo uma qualidade com chocolate, chamada de “preta” (que era marrom) e a outra branca. Os baleiros eram a tentação com as tradicionais balas, mas também pirulitos, línguas de sogra, maria-mole, suspiros coloridos, sorvetes (que não eram gelados, mas uma “casquinha” recheada).
Uma das lembranças gostosas da infância eram os bolinhos de mel do seu Osvaldo e da dona Maria. Por muitos anos, tiveram fábrica em que produziam esta delícia em pedaços. Cortados manualmente e embalados para revenda nos pequenos comércios, sempre sobravam as tiras laterais que, delícia das delícias, eram a parte mais tostada, crocante, autenticamente, com sabor de festa. Quando precisavam, ajudava no corte e embalagem e meu pagamento era um pacote com tiras suficientes para o café da tarde!
Formigões, formiguinhas, formigueiros… Artistas caracterizados perambulando pelos corredores, fazendo a animação dos diversos públicos; miniaturas encontradas em diversos ambientes, nas casas ou lugares públicos; impressos em folhetos, caixas, painéis… Onde também se encontram as imagens de crianças que dão suas carinhas para colocarem num mesmo tacho a realidade e a fantasia. O encanto que é um bom motivo para lambuzar e chupar os dedos, que ficam com o doce sabor de lembranças!
Confira a versão em vídeo no YouTube em https://youtu.be/dEhinMJxQZw.