Cavalos e problemas ortopédicos

Que equinos são animais robustos com um corpo formado para atividades físicas todos sabemos. É notória a capacidade atlética desses animais, misturando agilidade e elegância tanto para esportes quanto para o trabalho no campo. O equino se desenvolveu ao longo dos milênios mantendo características dos seus ancestrais, os quais necessitavam fugir rapidamente de seus predadores, e também tendo seu comportamento mais amansado, o que facilitou o elo de diferentes raças com o ser humano.

Mas tudo tem um preço. Apesar de ser um animal maravilhoso por fora, seu aparelho locomotor tem que suportar vários quilos que formam a cabeça e o tronco do cavalo. Cerca de 60% do peso corporal é sustentado pelos membros torácicos (anteriores), enquanto os outros 40% ficam a cargo dos membros pélvicos (posteriores). Além disso, há uma quantidade enorme de ligamentos e tendões nas porções distais, somados a aparelhos dentro de pequenas articulações nas porções mais distais dos membros. Ou seja, várias estruturas próximas aos cascos recebem constantemente a força do impacto causado pela atividade física do animal. Aliado a isso, no Rio Grande do Sul existe uma cultura muito forte em torno do cavalo crioulo. Este cavalo é treinado desde seus primeiros anos de vida para ser um competidor, almejando principalmente as finais do Freio de Ouro.

Um acompanhamento veterinário é necessário para evitar ou minimizar as lesões que com certeza virão para cavalos atletas. Cerca de 75% a 80% das enfermidades em cavalos se dá no sistema musculoesquelético destes animais. Portanto, é fundamental que a saúde dos equinos passe por consultas veterinárias para detectar claudicações, termo que engloba toda a situação onde o animal manca em diferentes níveis possíveis. As lesões podem ser das mais diversas possíveis, sendo as que acometem articulações as que podem interromper a vida atlética do cavalo. Porém, ligamentos e tendões podem sofrer inflamações e até mesmo rupturas, dependendo do tipo de exercício ao qual o animal é submetido.

Cavalos das mais diversas raças têm aptidões atléticas diferentes. Para que esses animais possam competir em alto nível, o médico veterinário deve fazer parte da vida do animal. Consultas periódicas podem detectar lesões precoces e evitar o interrompimento da vida esportiva. Exames clínicos para detectar alterações na andadura do animal, aliados a exames complementares de imagem (radiografia e ultrassonografia) são a chave da investigação veterinária para um bom diagnóstico, para o início da terapia e, com isso, um prognóstico favorável não apenas à vida do animal, mas também a sua capacidade atlética.

Dica veterinária da semana
Sempre que sentir ou detectar seu cavalo “defendendo” mais alguma mão ou pé, chame o veterinário. Não aplique anti-inflamatórios sem a indicação de um profissional, pois podem causar lesões no animal, além de nem todos terem indicação para o sistema locomotor. Mancar é indicativo de claudicação e podem haver lesões secundárias causadas pela lesão principal, caso esta não seja tratada adequadamente.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome