A tecnologia à serviço das pessoas

Elis Radmann, cientista social e socióloga.

A tecnologia está no “meio de nós”, transformando nossa forma de viver. Atualmente, pedimos comida e transporte por aplicativo, com um simples toque compramos produtos e falamos com pessoas em qualquer parte do mundo. A internet 5.0 está revolucionando o trabalho da indústria, do comércio e, principalmente, da logística e da prestação dos serviços.

Para a população, a tecnologia está tornando tudo mais próximo e mais ágil ao ponto de aumentar a impaciência quando não há instantaneidade na resposta de um aplicativo de mensagem.

Neste contexto, o primeiro GovTech Summit POA “veio bem a calhar”. O evento trouxe importantes reflexões sobre os dilemas institucionais e limites legais da implementação tecnológica dos governos e também possibilitou o compartilhamento de experiências bem-sucedidas de gestores públicos que estão à frente de seu tempo e de startups que atendem a governos ao redor do mundo.

A tecnologia tem servido como uma grande ferramenta para o desenvolvimento econômico e desburocratização dos governos. Pensando o governo da porta para dentro, a tecnologia traz celeridade aos processos internos, diminui mão de obra, cria canais diretos de comunicação com a população e traz indicadores para a tomada de decisão. Sem sombra de dúvida, os governos precisam se tornar tecnológicos, governos GovTechs.

O principal desafio é tornar os governos ágeis da porta para fora, levar agilidade para as ruas, fazer com que a tecnologia gere resultados práticos, melhorando os serviços públicos, antecipando e sendo resolutivo nos problemas. Para a população, um governo será considerado inovador quando os “serviços públicos funcionarem efetivamente”, quando a tecnologia mudar o paradigma da morosidade.

Nas pesquisas sobre experiência do cidadão no uso de tecnologias governamentais, realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, verifica-se que não adianta ter um sistema em que se registre onde está a lâmpada queimada se a troca da lâmpada levar meses. Não adianta ter um aplicativo para agendar o exame médico ou a cirurgia eletiva se a resposta só ocorrer quando a pessoa já morreu.

A tecnologia deve ser “um meio” para que os governos agilizem seus processos e atendam com eficiência a população, nunca esquecendo que a finalidade de um governo é o “bem comum”, seja ele tecnológico ou não.

Outro ponto importante para o sucesso de um GovTech diz respeito ao entendimento da maturidade digital de seu público-alvo. Grosso modo, podemos dividir a dificuldade dos usuários em dois públicos etários, pessoas com MENOS de 40 anos demonstrando uma maior facilidade com as tecnologias e, ao contrário, pessoas com mais de 40 anos, que são mais analógicos. E a inclusão digital também está associada à renda familiar.

Mesmo que 8 de cada 10 pessoas possuam um smartphone com sinal de internet, o nível de maturidade digital destas pessoas é muito distinto. Quase metade da população sabe acessar redes sociais e aplicativos de mensagem depois que os mesmos são instalados e formatados por um familiar ou amigo.

Apenas 1/3 dos entrevistados afirmam que dominam a atual tecnologia e estão se preparando para as futuras inovações. O trabalho de mais da metade da população gaúcha não pode ser realizado de forma remota e há unanimidade sobre a necessidade de políticas públicas de inclusão e treinamento digital. A tecnologia precisa servir ao governo para que o governo sirva a sociedade.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome