O setembro chegou e com ele as festividades da Semana (mês) Farroupilha. A Semana Farroupilha é um momento em que se rememora a epopeia farrapa, uma das guerras civis brasileiras mais significativas. Por longos 10 anos lutou-se pelos ideais republicanos e contra os mandos e desmandos do Governo Imperial.
Não obstante, os festejos transcendem a rememorar a Revolução Farrapa, transmuta-se em grandioso momento de cultuar as tradições gaúchas, um momento cultural e social de congraçamento entre irmãos.
E não há como falar em nossa cultura e tradição terrunha dissociado da nossa lida do campo e, em especial, da nossa pecuária de corte. De acordo com Reverbel, “o boi é (num sentido sociológico) o pai do gaúcho”. Adauto afirma que: “A impressionante e espetacular adaptação do gado no Pampa foi o fator responsável pelo surgimento do elemento humano gaúcho, o “centauro dos pampas”. A estância, hábitos, costumes e toda a cultura regional são decorrentes do ambiente pampiano”.
Embora a pecuária de corte tenha imensa relevância não só econômica, mas ambiental, social e cultural segue sendo alvo de ataques injustos pela grande mídia, inclusive com informações falsas e argumentos sem base científica, um verdadeiro estelionato intelectual.
Há que se frisar que a grande mídia, que não é isenta, tem compromisso com os grandes conglomerados econômicos, entre eles os detentores dos impérios alimentares, que atacam diariamente a pecuária de corte e exalta os seus produtos ultraprocessados (“carne” vegetal e outros) como “sustentáveis”.
A nossa pecuária de corte produzida a pasto, aqui no Rio Grande do Sul, com o manejo correto, é financeiramente rentável, fornece alimento saudável e de qualidade, contribui para manutenção do bioma pampa e dos campos sulinos, além de cultivar e manter o modo de vida de milhares de famílias de nosso estado. Ou seja, é uma prática que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras e que, ao meu ver, pode ser considerada como bem cultural imaterial, pois forjou e forja o gaúcho e as suas tradições, tão cultuada nas Semanas Farroupilhas.
Não se trata de negar o desenvolvimento, com apego a tradições pretensamente ultrapassadas, mas sim a construção do novo de forma consciente e autônoma, sem perder as raízes. Ou, em outras palavras, como disse o filósofo cubano José Juan Marti: “Ningun pueblo es dueño de su destino si antes no es dueño de su cultura”.
Parabéns aos gaúchos e gaúchas que lutaram e lutam na construção de um Rio Grande, Brasil e mundo com mais liberdade, igualdade e humanidade – uma excelente Semana Farroupilha!
Luís Otávio Daloma da Silva