Através de habeas corpus concedido pela Justiça, o agropecuarista e assentado Pedro Homero Stein, de 48 anos, deixou o Presídio Estadual de Canguçu na noite dessa segunda-feira (1º). Suspeito de roubar uma faca e de ameaçar com um revólver o idoso Adenir Meireles, 73 anos, Stein foi preso pela Polícia Civil no dia 26 de março. Além da vida no campo, o agricultor também é ligado à política – tendo fundado o PSOL em Piratini.
Relembre o caso
O fato ocorreu na localidade de Passo do Dorneles, 2º Distrito, no dia 18 do mês passado. Segundo informações, Stein e Meireles se desentenderam no Armazém Moura, resultando no desarmamento do idoso, que portava uma faca à cintura.
Meireles registrou o ocorrido na Delegacia de Polícia, apresentando como testemunha o amigo Brazilmar Damasceno, que confirmou o uso da arma de fogo. Com isso, a situação de Stein ficou complicada junto à Justiça.
“Foi uma injustiça, mas também um grande mal-entendido. Analisando toda a situação, entendo que por ter levado em conta somente o depoimento da suposta vítima e de sua testemunha, que publicamente é um desafeto do meu cliente, e não o que também disseram José Moura e sua esposa Lenir, que presenciaram tudo que ocorreu, a polícia foi induzida ao erro. Agora, tudo está esclarecido e se ficar claro que houve denunciação caluniosa, iremos tomar as providências cabíveis contra os autores destas”, afirmou Ernani Rossetto, defensor de Stein à reportagem do Jornal Tradição. A entrevista aconteceu em frente à DP do município, onde o casal Moura, proprietários do comércio havia acabado de prestar novos depoimentos confirmando que nenhuma arma de fogo fez parte do desentendimento.
Ao lado do filho de oito meses e da esposa, Jucelaine Ficher, 27 anos, Stein disse estar aliviado, mas ainda muito revoltado por ter passado sete dias preso, segundo ele, de forma injusta.
“Ainda estou em choque. Fui preso no dia seguinte ao tornado que deixou, inclusive, a região onde moramos sem luz, sinal de telefone e internet. A seguir, minha única preocupação foi minha família, que ficou diante do caos ocasionado pelo tornado sozinha e sem nenhuma estrutura. Mas, de todos estes dias sem a minha liberdade, ficou em mim a revolta, pois nada fiz além de desarmá-lo, mas concordo: o fato de não ter procurado a polícia para dar queixa e entregar a faca foi um erro que cometi”, analisa o agricultor.
Ao comentar o período na prisão, ele disse que mesmo tendo sido colocado em uma cela com traficantes e assaltantes, não sentiu medo, mas que para evitar mais problemas com os colegas os demais, recorreu ao diálogo.
“Quando cheguei na cela, a informação passada aos outros foi de que eu tinha esfaqueado uma pessoa. Notei que o clima não era nada favorável a mim. Então, conversei com eles e dei a minha versão sobre o que, de fato, aconteceu. A temperatura foi reduzida e tudo ficou bem. Quanto a eu ter ameaçado o Adenir com um revólver, só fiquei sabendo disso quando já estava preso. Mas, agora, estou mais tranquilo, sei que vou poder colher nossa soja e cuidar do nosso gado. E isso devo ao meu advogado, que se empenhou, sendo peça fundamental para que eu voltasse a minha esposa e filho. Vida que segue”, finalizou.
O JTR realizou reiteradas tentativas de ouvir, por telefone, tanto Adenir Meireles quanto sua testemunha Brazilmar Damasceno. Porém, o problema para localizá-los continua sendo a falta de energia no 2º Distrito, que nesta terça-feira (2) completou 13 dias.