Os motoristas que trafegam pela ERS-702, rodovia estadual que permite acesso ao município de Piratini, enfrentam a situação precária da via. No mês de agosto, após o percurso de 35 quilômetros que separa a cidade da BR-293, foram contabilizados 88 buracos, que trazem riscos a quem viaja e podem causar danos em veículos. À época, para a reportagem, o Departamento de Estradas de Rodagem (Daer) afirmou que seriam feitos reparos necessários na via.
Na segunda-feira (28), foi realizado o mesmo percurso, sendo possível constatar que a quantidade de buracos no asfalto – construído na década de 90 –
é bem maior, no mínimo uma centena, com até um metro de diâmetro. Diante disso, condutores trafegam em baixa velocidade, porém, aqueles que não conhecem a estrada passam por um risco maior. Há, ainda, pessoas que dirigem pela contramão na tentativa de evitar um acidente.
Além da escassa sinalização, a precariedade é maior para quem sai de Piratini, nos 20 quilômetros finais da rodovia, logo após passar a Ponte do Costa.
O motorista de caminhão, Luismar da Silva Furtado, de 58 anos, usa a rodovia seis dias por semana, até duas vezes. Ele transporta combustíveis de uma distribuidora situada em Rio Grande e diz não suportar mais a atual condição encontrada.
“Está horrível. Além dos buracos, também não existe mais sinalização à beira do asfalto, pois está escondida pelo mato. Encontram-se, no máximo, as faixas pintadas no centro do asfalto e nada mais”, reclama o caminhoneiro que exerce a profissão há 20 anos e que está acostumado a presenciar ocorrências.
“Todos os dias eu passo por carros parados no meio da faixa. Os veículos estão com pneus rasgados e seus donos fazendo consertos ou aguardando socorro. Maior perigo”, afirma Furtado.
Ele conclui dizendo que a velocidade máxima permitida no trecho, no caso para quem carrega cargas inflamáveis, é de 80 quilômetros horários, mas isso é impossível atingir.
“Ando, no máximo, a 50 quilômetros por hora. Para evitar bater de frente, vou para a contramão ou espero os que vêm na outra direção passarem primeiro. É isso ou bato o caminhão de frente”, alega.
Para o motorista José Inácio da Luz, de 59 anos, que trabalha há 40 anos na Prefeitura – 21 anos somente na Secretaria de Saúde –, a situação se torna ainda mais perigosa à noite, pois os profissionais que viajam para Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre saem, muitas vezes, por volta de uma hora da madrugada, carregando até quatro passageiros.
“Com a pandemia, eu viajo uma vez por semana para estas cidades, mas teve época que dava até cinco viagens de segunda a sexta-feira. Essa estrada é o maior perigo para nós que viajamos com frequência por ela. Imagina para quem não a conhece ou trafega com chuva ou neblina. Muitas vezes, sim, temos que ir para a contramão, uma vez que, se cairmos em um desses buracos é prejuízo na certa. Sem falar no risco de um choque de frente com outro carro. Ainda, há a possibilidade de surgir um animal na pista. A noite é muito cheia de surpresas”, observa.
Por e-mail, a reportagem enviou ao Daer perguntas sobre a estrada. Este respondeu que a manutenção citada em agosto começou a ser feita, inclusive com roçado no acostamento, mas que o serviço precisou ser paralisado devido à chuva. A previsão é de que o trabalho seja retomado em breve.