O estudante universitário de 24 anos, Eduardo Rosa, ou Edu, como é chamado pelos amigos, que em janeiro passou a apelar à comunidade de Piratini para não perder os movimentos das pernas, se recupera em casa após o procedimento cirúrgico realizado em 29 de maio, no Hospital São Francisco de Paula, em Pelotas.
Por meio de rifas, vaquinha online, bingo e outras ações, o jovem e a família conseguiram captar pouco mais de R$ 20 mil necessários para extrair um tumor que pressionava sua medula e que, se não fosse retirado, levaria à paralisia. “Considero-me um sortudo, já que, em relação a quem está na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), eu consegui arrecadar o dinheiro em tempo recorde. Afinal, quase a totalidade de quem depende do SUS para situações como a minha, por exemplo, passa um ano, dois, ou até mais esperando”, avaliou Edu.
O universitário revelou que a equipe médica, chefiada pelo neurocirurgião Vinícius Guedes, fez o possível para retirar, o que, ao acessar a área afetada, descobriu-se não ser um tumor cístico, o que a ressonância havia apontado, mas sim, um lipoma, que é um tumor benigno e que surge na cabeça, pescoço, tronco e membros. O procedimento iniciou por volta das 8h e se estendeu pela tarde.
Ao saber da doença em dezembro de 2023, Edu ouviu do médico que seria necessário correr para operar, pois, caso contrário, o tumor cresceria e a situação poderia tornar-se mais perigosa e complexa no sentido de encontrar a solução.
“Sim, era pra ontem a cirurgia, mas como eu não tinha o dinheiro, o risco aumentou. Após o procedimento que invadiu a tarde, o doutor me disse que não foi possível retirar toda a massa formada por uma espécie de gordura, enervação e sangue, pois estava muito aderida à medula. Sendo assim, ainda ficou uma parte do tumor, mas que foi cauterizada. Ou seja, como o tumor se alimenta de sangue, poderá retornar no futuro, mas a biópsia atestou ser benigno. Terei que fazer acompanhamento pelo resto da vida”, explicou.
Edu acrescentou que isso foi o máximo que o neurocirurgião pode fazer, pois se estendesse a intervenção de forma mais invasiva, ele ficaria inválido para sempre. “O doutor Guedes me explicou que não havia outra coisa a ser feita, já que, ao contrário, se ele fosse além do que foi, eu perderia não só movimento das pernas, mas também os dos braços. Afinal, ele atuou junto a minha cervical e ao meu sistema nervoso. Então, agora é fazer ressonância a cada seis meses e torcer para que a doença não retorne”, disse.
Edu finaliza agradecendo o apoio da comunidade nas campanhas de arrecadação de recursos para a cirurgia. “Foi uma batalha para afastar o risco de não mais caminhar. A incerteza no que diz respeito a levantar o valor para a cirurgia, o que eu sabia não aconteceria num estalar de dedos em uma comunidade pequena e de poucos recursos financeiros. Passou de tudo pela minha cabeça: os meus avós que são doentes e dependem de mim, a possibilidade real de paralisia, mesmo sendo muito jovem, enfim… Minha gratidão a todos que ajudaram e se envolveram de alguma forma”.