Sonhos singelos traduzidos em poucas linhas e em cartas escritas de próprio punho, a maioria delas com o uso de lápis, o que mostra que seus autores ainda carregam a pureza natural a uma criança. Feito isso, é torcer para que alguém possa tornar verdade as grandes vontades peculiares da infância de quem quer passar a noite especial com uma boneca, um carrinho simples de plástico ou uma bola, por exemplo.
Há quatro anos, durante o mês de novembro e também nos dias que antecedem o Natal, uma clínica que oferece serviços de profissionais em Medicina em Piratini, divide o espaço dos consultórios usados para atender os pacientes com pacotes que embalam a alegria de quem dedicou alguns minutos para tentar sensibilizar o Papai Noel a atender os pedidos carregados de expectativas.
Na busca por padrinhos que tornem realidade esses pedidos, o empresário Alex Serrat e sua esposa Josiane Ibeiro acumulam nesta época do ano em seu local de trabalho as correspondências que vem, principalmente, de estudantes de escolas da zona rural.
“Vimos na televisão empresas empenhadas em captar presentes para crianças carentes. Foi quando pensamos em ter também essa iniciativa, então fizemos contato com professores das escolas do interior, pois considero que neste meio às vezes é mais difícil para os pais darem presentes para os filhos. Todos acharam a ideia ótima, incentivaram as cartas em suas turmas e desde então buscamos, através das redes sociais, pessoas que possam dar aquilo que é pedido nas correspondências”, conta Serrat.
Mas essa atitude do empresário também passa por sua infância humilde que ele mantém viva na memória um episódio marcante. “Uma vez ganhei de minha mãe uma boneca. Na época foi impossível entender o gesto, mas o tempo passou e ela me explicou que foi a maneira que achou para eu ter um brinquedo no Natal, pois ela não tinha condições de me dar algo melhor”, relembrou o empresário, que junto com sua família também adota cartinhas.
“Eu não tive e hoje tenho condições de dar isso à minha filha, então é gratificante ajudar. Saibam que numa época em que muitas crianças querem somente telefones celulares, as que escrevem essas cartas pedem brinquedos singelos e também são solidárias”, assegura Serrat, lembrando que certa vez recebeu um pedido de uma bola, mas o menino salientou que ficaria feliz se o irmão mais novo e que ainda não estava em idade escolar, também ganhasse um brinquedo, se propondo para isso ficar sem o que pediu.
“Esse estudante já tinha noção de solidariedade, é muito humano, como eu, e todos deveriam ser assim, não pôr o dinheiro em primeiro lugar, pensar mais em quem está próximo”, encerra o empresário.