Em evento triplo, Santa Casa de Pelotas comemora os 174 anos da instituição, inaugura um Centro Clínico e sela uma cápsula do tempo, para ser aberta em 2071
Desde março de 2020 o mundo mudou. Desde as medidas sanitárias, a adoção de novos hábitos, até a perda de uma pessoa próxima por conta da doença causada pelo vírus Sars-CoV-2, a Covid-19. Na terça-feira (22), em um evento triplo, a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas decidiu comemorar seus 174 anos com um olhar no presente, com a inauguração de um Centro Clínico, mas com uma lembrança do tempo que vivemos para as futuras gerações, através do selamento de uma cápsula do tempo, colocada no pilar principal do hospital, para ser aberta daqui a 50 anos.
“É um dia triplamente feliz”, destacou o vice-provedor da Santa Casa, Ubirajara Terra, ao Jornal Tradição Regional. Ele lembra o fato de que nasceu na Santa Casa, e de que o hospital continua fornecendo atendimento de qualidade, por meio dos cerca de 1.000 colaboradores. “Esses 174 anos que comemoramos hoje é uma trajetória que iniciou há muito tempo e faz com que esta entidade esteja sempre de portas abertas, 24 horas por dia, 365 dias por ano, no intuito de auxiliar e de receber as pessoas enfermas”, seguiu Terra.
Com isso, ele apontou o fato do novo Centro Clínico contar, também, com o suporte da Santa Casa, nos casos que forem necessários. “Um centro clínico de excelência, onde teremos as portas abertas à comunidade”, disse. O local contará com seis consultórios, uma sala de curativos, uma sala de gesso para traumatologia, um bloco para procedimentos ambulatoriais, duas salas de observação, uma sala de emergência, uma sala de fisioterapia, uma sala de triagem, uma sala de coleta e uma sala de exames cardiológicos, como eletrocardiograma, MAPA e Holter.
O momento único em que vivemos também foi registrado por meio da colocação de objetos na cápsula do tempo “2020, o ano em que o mundo parou”. Na caixa, foram inseridos três frascos vazios de vacinas, três fracos vazios dos medicamentos Ivermectina, Vitamina D e Zinco Quelado, que compõem o chamado “tratamento preventivo” contra a Covid-19, mas são ineficazes cientificamente contra a doença, quatro tipos de máscaras que estão sendo utilizados pelos profissionais de saúde, registros fotográficos de importantes momentos desde o início da pandemia, um pen drive com vídeos do hospital, as primeiras notícias de jornais locais sobre a chegada do vírus ao país e em Pelotas, entre eles uma edição do Jornal Tradição Regional, dois informativos do hospital, e um relato histórico para que os futuros colaboradores da Santa Casa possam compreender melhor o momento que estamos vivendo. “Eu não vou estar aqui daqui a 50 anos, mas muitos jovens que estão aqui poderão participar da abertura para ver o que aconteceu no ano de 2020 e 2021”, comentou Terra.
Durante a cerimônia, a curadora do Memorial da Santa Casa, Beatriz Montoito, apontou que a cápsula perpetuará a história de como o Sars-CoV-2 afetou a rotina diária, e também lembrou dois colaboradores do hospital que faleceram devido às complicações da Covid-19, o médico traumatologista José Raymundo e a técnica de enfermagem Patrícia Zóia da Silva. “O selamento desta urna, a qual denominamos cápsula do tempo, revelará, para as gerações futuras, como se deu a doença, sobretudo dentro da nossa instituição. Seus objetos serão testemunhos vivos desta história”, afirmou Beatriz.
Na ocasião, a secretária de Saúde de Pelotas, Roberta Paganini, lembrou que o hospital fornece atendimento para os moradores do município e também da região, agradecendo o esforço dos colaboradores de todas as áreas do hospital durante o enfrentamento à Covid-19. “Nós sabemos o quanto todos estão cansados, além do cansaço físico, o cansaço emocional, da pressão que nós vivemos todos os dias”, destacou.