Chegou ao fim mais uma safra de pêssego na Zona Sul do Estado. Nos primeiros dias do mês de janeiro ainda foram colhidas algumas variedades remanescentes da fruta para mesa. Devido a alguns problemas climáticos, principalmente a chuva na época de maturação e algumas doenças, como a podridão parda, a produção para o produtor ficou 15% menor e chegou a 30,6 mil toneladas.
Na indústria, foram enlatados 5% a menos de produto, com uma produção total de 42 milhões de latas entre dez indústrias. No ano passado foram 43,5 milhões de latas, informa o presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas e região (Sindocopel), Paulo Crochemore.
Segundo Crochemore, a diferença se refere a perdas na variedade Maciel, uma das mais tardias, já no finalzinho da safra, próximo do Natal, por causa das chuvas justamente no período em que a fruta estava pronta para ser colhida. “Foram muitos dias de chuva que provocaram o apodrecimento da fruta, uma perda de 20% a 25% apenas nesta variedade”, ressalta. Segundo ele, a Maciel é uma variedade representativa para o setor. Além disso, houveram perdas ainda na variedade Santa Áurea.
Mas nem tudo são más notícias para o setor, que experimenta uma busca pelo produto nacional nos países da América Latina. “Para nós é uma novidade, pois antigamente apenas a Oderich exportava alguma coisa, e hoje já temos até cinco empresas exportando produto tanto para o Uruguai, Paraguai, Bolívia e outros países aqui da volta”, ressalta.
É um cenário novo que se desenha, já que havia uma preocupação em relação a excedente do produto pêssego em lata. “É uma perspectiva nova dentro do setor, o que deve aumentar a produção de fruta na lavoura, resultar na implantação de novos pomares, pois se abre uma válvula de escape para uma possível supersafra e produção excedente de fruta”, destaca. Com a pandemia, se notou uma retração no mercado nacional com queda de consumo e com as 42 milhões de latas não deve faltar produto no mercado nacional, assegura. Os industriais comemoram esta nova janela e irão fazer o “seu dever de casa” para manter o mercado externo aberto, assegura.
Na safra 2021/2022, dez indústrias realizaram o processamento da fruta com a geração de pelo menos quatro mil empregos diretos e uma movimentação financeira em torno de R$ 260 milhões.
Nos pomares, a produtividade caiu de 12 toneladas para dez toneladas por hectare, havendo ainda uma redução no tamanho da fruta. O preço médio pago pela indústria foi de R$ 1,60 o quilo, com remuneração de R$ 1,65 pela fruta de primeira e R$ 1,45 a fruta tipo 2. Com esta perspectiva de exportação, os produtores ganham um novo alento e já começam a preparar os pomares para a próxima safra, explica o extensionista da Emater, o engenheiro agrônomo Rodrigo Prestes.
“O que eles precisam observar principalmente é o planejamento para o próximo ano, controle de pragas e doenças, realizar cursos de tecnologia de aplicação dos defensivos, manejo preventivo, entre outros”, diz. Segundo ele, o produtor local realiza já há bastante tempo a rastreabilidade dos pomares o que indica ser o pêssego um alimento seguro, cuja produção é feita com qualidade e responsabilidade.
Já no início da safra, os produtores precisaram lidar com o aumento dos produtos para aplicação nos pomares, como fertilizantes e agroquímicos, que tiveram aumentos superiores a 35%.