Em um ano de recomeço e reconstrução para o Rio Grande do Sul, especialmente no setor de agropecuária, que foi um dos mais afetados pelas enchentes e as chuvas intensas de maio, o Pavilhão da Agricultura Familiar cresceu dentro da 30ª Fenadoce. Nesta edição, são 70 estandes que seguem três segmentos principais: a agroindústria familiar, o artesanato rural e as floriculturas. Além disso, a disposição dos estandes está mais inclusiva e espaçosa para melhor circulação dos visitantes. Já os produtos comercializados trazem um conjunto de sabores com laticínios, doces caseiros, pães, cucas, bolos, linguiças, salames, sucos, vinhos, entre outras iguarias e também produtos artesanais para usos diversos.
De acordo com o conselheiro gestor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Daniel Centeno, o Pavilhão teve um recorde de vendas na edição passada, com um crescimento de 40% nos lucros. Neste ano, o espaço tem uma importância maior para auxiliar na economia, que foi prejudicada com as enchentes. Ao todo, 73 produtores estão presentes no local.
O espaço participa do Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF), criado pelo Decreto nº 49.431/12, que tem como objetivo estimular a realização de feiras municipais, regionais e estaduais. “As feiras são fundamentais nesse período de reconstrução das atividades da agroindústria familiar aqui no estado do Rio Grande do Sul. E a Fenadoce é uma dessas feiras onde a gente tem uma expectativa bastante grande para esse ano porque a gente vê a necessidade desse mercado das feiras e dessa venda direto dos produtores”, explica o extensionista da Emater/RS-Ascar, Renato Cougo, sobre a importância da Feira para os produtores do Estado. Sobre essa edição, Cougo diz que a expectativa é que as vendas tenham 5% a mais do valor do ano passado.
Para o extensionista, o Pavilhão é também uma atração cultural na qual os visitantes podem desfrutar de produtos de origem francesa, alemã, italiana, africana, quilombolas, indígenas, entre outras. “O espaço da Agricultura Familiar é um espaço de comercialização, mas ele também é um espaço importante para essa troca entre o urbano e o rural. É importante a gente destacar aqui que uma das forças da Feira da Agricultura Familiar é justamente a presença do agricultor familiar, aquele que produz o alimento”, destaca Cougo.
Entre as agroindústrias que estão participando pela primeira vez da Fenadoce está a Bom Gosto, que comercializa quatro qualidades de pães, biscoito tradicional, integral, mini pizza, bolacha de coco, de chocolate e de leite. “No começo, eu vendia nas casas. Depois, comecei na Feira. Com o tempo, eu registrei [a agroindústria] e, agora, estou entregando para os colégios do município”, comenta a comerciante Marilene Alexandre, de Pedras Altas. Ela diz estar esperançosa que a Feira seja lucrativa com a vendas de seus produtos.
O Pavilhão também conta com comerciantes que estão há várias edições da Fenadoce, como Rosangela Costa Dias, proprietária da Agroindústria Costa Dias, que participa há 27 anos do evento. A produção da jurupinga é uma tradição portuguesa que passa entre as gerações da família de Rosangela, que junto do marido, começou a produzir em pequena escala para venda. Ela conta que começou a comercializar a jurupinga e vinhos em feiras.
Por isso, a Agroindústria está presente na Fenadoce antes mesmo do Pavilhão da Agricultura Familiar. “A gente trabalha durante o ano pra vir para Fenadoce. Então, assim, é uma referência nossa estar aqui, os nossos clientes retornam pra pegar os nossos produtos, que são diferenciados, que não se encontra em outra região”, conta Rosangela.
Durante as enchentes, a Agroindústria, que é de Rio Grande, também enfrentou transtornos. “Foi um período bem difícil e, agora, é um período de renovação. Eu acredito que vai ter bastante gente [na Fenadoce] e que a gente vai seguir em frente e vamos ajudar a todos para seguir”, reflete Rosangela.