
O agro vai soltar a voz na 97ª Expofeira Pelotas. A maior e mais antiga feira agropecuária do interior do Rio Grande do Sul será realizada em 2023 de 9 a 15 de outubro nas dependências do Parque de Exposições Ildefonso Simões Lopes, sede da Associação Rural de Pelotas (ARP), entidade realizadora do evento que nesta edição, dia 12 de outubro, completa 125 anos de fundação.
Presidente da ARP, o produtor rural Augusto Rassier é pela segunda vez o principal anfitrião de uma iniciativa que somente em 2022, primeiro ano em que voltou a ser realizada de forma totalmente presencial após a fase aguda da pandemia de Covid-19, levou ao parque de exposições mais de 120 mil pessoas e movimentou quase R$ 7 milhões em vendas apenas de gado de corte durante a programação de leilões – afora a comercialização de maquinários e implementos agrícolas e o montante registrado no Pavilhão da Agricultura Familiar, outra atração confirmada pela 11ª vez seguida na Expofeira.
Mas o evento não pretende mostrar sua importância apenas pela força dos números. Nesta edição, que traz o slogan “Nossa história tem voz”, a Feira promete amplificar as realizações do agronegócio por meio da comunicação.

A ideia é aproximar o agronegócio com todos os setores da sociedade, principalmente o urbano, assumindo sua narrativa com ideias inovadoras, como experiências de realidades imersivas e a exibição de uma série de podcasts, batizada Agrocast Expofeira, que começou a ser exibida em agosto no canal do evento no Youtube (https://www.youtube.com/@expofeirapelotas) e na plataforma de streaming Spotify.
“O que as pessoas não sabem do agronegócio é da responsabilidade do agronegócio”, assume o presidente da ARP. “Este ano, na Expofeira, o agro vai expandir sua voz para comunicar o que realiza, esta é a nossa proposta, numa perspectiva de levar a nossa Expofeira, a nossa cidade, a força do nosso agronegócio a romper fronteiras e estabelecer conexões com uma sociedade diversa, que não é feita apenas de produtores rurais”, acrescenta.
Para ele, a Expofeira é historicamente uma importante vitrine das 14 cadeias produtivas que compõem a diversidade do agronegócio regional. É necessário, portanto, utilizá-la como um instrumento de propagação de conhecimento de um setor que é o principal pilar econômico da Zona Sul do estado.
Não há mais motivos para que uma população regional que soma um milhão de habitantes desconheça esta realidade. “As pessoas não têm intimidade com a lavoura e com a pecuária, como produtor rural e líder de classe posso dizer que nossa atividade, que é complexa, não chega como deveria ao público, e com isso se cria uma imagem distorcida desta realidade – queremos romper com isso nesta edição”, afirma.
Mas para além das inovações na área da comunicação, a 97ª Expofeira Pelotas lança mão de outro recurso para expandir o agronegócio, este já bastante conhecido: a Conferência Rural, maior evento técnico-científico do setor agropecuário na Metade Sul do estado, e reconhecido por Rassier como um dos pilares da Feira: “Possibilita a aproximação de atores muito importantes do nosso setor, como os responsáveis pela pesquisa. Não somos ninguém sem a pesquisa, que é o grande esteio do agronegócio”.
A Conferência Rural leva ao Parque Ildefonso Simões Lopes representantes de instituições como Embrapa, Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Emater/RS-Ascar, universidades, como professores e estudantes, e o próprio produtor rural. “Aproxima todos os atores importantes da cadeia, a gente faz esses personagens conversarem, sem falar que nascem lideranças dali, temos vários casos, principalmente da Agronomia, que já estão ocupando espaços de destaque, pessoas com mente aberta, que sabem da importância de se comunicar de uma maneira inteligente, não tenho dúvida que a conferência rural também proporciona isso, além de difusão do conhecimento”.
Expectativa
Para a 97ª edição, o presidente espera repetir o movimento financeiro do ano passado, quando a conjuntura do agronegócio vivia um momento mais favorável, e aumentar o fluxo de pessoas no Parque durante os dias de evento, apesar do quadro climático que prevê chuva em excesso no Rio Grande do Sul até dezembro. “Este ano teremos um feriado no meio da Feira, que não tínhamos nos outros anos. Se o tempo ajudar acredito que vamos receber um público superior ao do ano passado”, acredita.
Quanto ao faturamento, principalmente com os leilões de gado de corte, nos quais a Expofeira Pelotas é reconhecida pela genética de ponta que coloca em pista, Rassier admite nutrir uma expectativa “um pouco conservadora”. “O grande ativo da pecuária gaúcha é a qualidade, e para se ter qualidade é preciso investir em genética até para assediar os mercados que nos assediam – e genética de ponta é justamente o que nós oferecemos nos nossos leilões, a história da pecuária é cíclica, se hoje está em baixa, amanhã não estará, portanto, quem quiser aproveitar o bom momento que virá precisa fazer investimentos que a Expofeira Pelotas tem de sobra”.