A região de Pelotas tem uma extensa produção de pêssego. Neste momento, os pessegueiros estão na fase de floração, ou seja, quando as gemas floríferas que se formaram durante a brotação no ano anterior se abrem. Isso ocorre devido ao acúmulo de determinadas horas de frio que podem variar de acordo com a cultivar do pessegueiro. “As gemas floríferas estão abrindo. E as gemas vegetativas estão começando a brotar, que vão se desenvolver e originar os gramos que vão garantir a safra do ano que vem”, explica o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Rodrigo Franzon, sobre a atual fase de floração e brotação.
Segundo Franzon, após a abertura das flores, acontece a fecundação dos ovos – o pessegueiro possui dois, mas apenas um é fecundado e se desenvolve. Esse processo forma o fruto. O período para a colheita pode variar de 90 até 140 dias de acordo com o ciclo da cultivar. “Algumas cultivares têm uma floração mais concentrada, em poucos dias, 10, 15, 20 dias. Já outras têm uma floração um pouco mais prolongada, em torno de 30 dias. Em geral, nas nossas condições de clima, essa floração ocorre durante 20 a 30 dias”, afirma Franzon. O pesquisador também relata que nos anos em que o frio é mais rigoroso, principalmente nos meses de maio e junho, a floração tende a ser mais concentrada quando a temperatura se eleva – isso porque as gemas ficam mais uniformes.
O inverno é o período da poda, que é fundamental para uma boa safra com frutas de qualidade. Além disso, o produtor deve também realizar os tratamentos com fungicidas e fitossanitários para evitar possíveis pragas. “A principal doença, agora, tanto na flor quanto no fruto é a podridão parda. Então, é necessário ter cuidados com esses períodos de umidade alta, que favorece a ocorrência de doenças”, aconselha Franzon. Ele diz ainda que o produtor deve ficar atento à previsão climática e realizar a pulverização antes das chuvas para que o tratamento tenha efeito e evite problemas com maiores ocorrências de doenças fúngicas.
Na região de Pelotas, a safra acontece entre os meses de outubro e novembro. Entretanto, algumas cultivares começam uma maturação ampla no final de outubro. Também pode ocorrer de algumas cultivares estenderem a colheita dos frutos até janeiro. “A expectativa é de uma boa safra de pêssego porque a floração está bem boa, pelo que a gente tem visto aqui na Embrapa e também em alguns pomares da colônia”, garante Franzon.
O pesquisador acrescenta que depois das chuvas intensas que ocorreram neste ano, o processo de produção já foi normalizado. E como choveu relativamente pouco em julho, isso pode favorecer o pessegueiro. Mesmo com a previsão de estiagem a partir do mês de agosto decorrente do fenômeno La Niña, a expectativa é positiva para a safra. “Por enquanto, o que a gente poderia dizer se não ocorrer geadas intensas, agora entre agosto e setembro, a previsão é de uma boa safra”, finaliza Franzon.
Mauro Scheunemann é produtor na Colônia São Manoel, 8º Distrito de Pelotas. Ele conta que a família cultiva pêssegos há mais de 60 anos, desde o avô dele, que passou o ofício de geração em geração. Na propriedade de Scheunemann, existem variedades de polpa amarela, Granada, Jade, BRS Mandinho, Maciel e Eldorado. Já de polpa branca, algumas das principais cultivares são: BRS Kampai e BRS fascínio.
“Os pomares estão em plena floração, umas já mais adiantadas, com frutinhos, mas diria que estão em plena floração quase na [época da] queda das pétalas. É uma floração que está muito boa, o frio ainda veio um pouco tarde, mas ele apareceu, o que favoreceu bastante a cultura”, salienta o agricultor. Scheunemann diz também que a boa floração ainda não garante a safra, porém, é um bom sinal.
“A gente teve um ano bastante difícil, a gente perdeu por granizo uma área muito grande na região e, assim, precisamos de uma safra boa esse ano. Ela está começando bem, mas precisamos fazer uma safra boa tanto para o produtor como para a indústria”, explica Scheunemann sobre a situação dos produtores da região. Ele também relata que existe uma falta de mão de obra nos pomares, principalmente na parte de poda, entre outros problemas enfrentados nos pomares, como doenças e morte de plantas.