Monitoramento das horas de frio realizado pela Embrapa auxilia na produção de cultivares de clima temperado
Há dez anos, produtores da região podem contar com uma ferramenta para auxiliar na adoção de medidas para um melhor cuidado com a produção de fruteiras. Realizado pela Embrapa Clima Temperado, o monitoramento das horas de frio é feito durante os sete dias da semana, e divulgado às segundas-feiras.
“Nós tínhamos muita demanda por parte dos produtores de fruteiras de clima temperado a respeito de horas de frio”, afirma o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Carlos Reisser. Ele explica que há uma relação importante entre a quantidade de horas de frio e a previsão de safra. Com isso, a metodologia empregada prevê a coleta de dados a partir da medição de temperatura e umidade relativa realizada em três estações presentes em bases da Embrapa, sendo duas em Pelotas, no Monte Bonito e na Cascata, e uma no Capão do Leão. “As bases físicas são, mais ou menos, representativas dos ambientes que nós temos aqui na nossa região”, conta Reisser. Os equipamentos contam com as mesmas condições.
As medições ocorrem durante toda a semana e os dados são disponibilizados às segundas-feiras, a partir do site agromet.cpact.embrapa.br. Na página também estão disponíveis informações sobre a média histórica mensal das horas de frio, que são temperaturas abaixo de 7,2º, e de monitoramentos e relatórios realizados em anos anteriores. Além disso, o espaço conta com mais informações sobre temperatura, umidade, vento, entre outros.
A importância do monitoramento
O pesquisador explica que as fruteiras de clima temperado, como pêssego, maça, pera, entre outras, tem a característica de um período de dormência. “Nos períodos mais frios do ano, elas perdem as folhas, e entram em dormência, ficam paralisadas”, diz. Para sair desse período, seria preciso um acúmulo de horas de frio, que é variável para cada cultivar. Esse acúmulo, portanto, pode determinar se os próximos estágios, como floração e brotação serão de um desenvolvimento adequado. Esses aspectos estariam, também, relacionados com a produtividade.
“Os produtores tem uma noção de como é que vai ser o ano de sua produção”, afirma Reisser. Dessa forma, essa expectativa de produção auxilia também em outros aspectos, como a compra de equipamentos e produtos necessários.
Tendências para este ano
“Estamos em um bom começo”, conta. Para este ano, a comparação dos dados já obtidos com números de anos anteriores permitiu a observação de que a região de altitude mediana está com acúmulo de horas de frio abaixo da média, enquanto a região mais alta conta com um acúmulo acima da média, o que possibilita uma boa condição para a safra. No entanto, o pesquisador aponta que as horas acumuladas durante os meses de junho, julho e agosto são as mais importantes. “Vamos esperar para ver o que vai acontecer nesses próximos meses”, disse.
Melhoramento no cultivo
Uma das inovações criadas pela Embrapa nessa questão foi no âmbito do Programa de Melhoramento, que permitiu com que cultivares criadas nos últimos anos fossem de média e baixa exigência em frio, a partir do cruzamento de polens de diferentes plantas. Mais especificamente sobre o pêssego, Reisser aponta que o programa estaria adequado para as mudanças climáticas. “Porque ele trabalha com baixa exigência de horas de frio, e a mudança climática está mostrando que as temperaturas mínimas estão diminuindo aqui na nossa região, o que torna muito adequado se criar variedades de baixa exigência”, finaliza o pesquisador.