Cancon15 é aberto sob o desafio de aumentar consumo do pêssego em calda

Conferência possui delegações de nove países. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

Aumentar o consumo de pêssego em calda foi a pauta dominante do primeiro dia da programação oficial da 15ª Conferência Mundial de Frutas Processadas de Caroço (Cancon15), que se realiza até quarta-feira (1º) na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas. O evento foi aberto na manhã desta segunda-feira (30) e se estendeu durante a tarde com apresentações de números e dados de conjuntura da indústria de doces em calda de cada um dos nove países representados na Cancon (sigla derivada da junção das palavras em inglês can – lata – e congress – congresso).

A diminuição do consumo não é fato isolado. Os debates nesta Cancon15 deixaram transparecer que se trata de uma tendência global de menor procura por produtos industrializados. Fenômeno que não foge à realidade do pêssego em calda, que concentra em Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão as dez indústrias que abastecem a totalidade do mercado interno. “Há um entendimento que o pêssego em calda é um produto que tem conservante, e não tem”, reage o presidente do Sindicato dos Doces e Indústrias de Conservas Alimentícias de Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão (Sindocopel), Paulo Crochemore, também anfitrião da Cancon15.

Presidente da Sindicato dos Doces e Indústrias de Conservas Alimentícias de Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão (Sindocopel), Paulo Crochemore destacou a importância de fomentar o consumo dos produtos. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

“Quando se lê na lata ‘conserva de pêssego’, muita gente entende como um produto que não se alinha ao nicho do alimento saudável, a gente precisa desmistificar esse entendimento em escala global porque são pêssegos crus, descascados, que levam um pouquinho de açúcar. Nosso conservante é a lata, não usamos insumos que conservam o produto”, esclarece. De acordo com o empresário, o pêssego em calda sequer é cozido. Conforme ele, é uma fruta in natura, embebida em calda. “O que dá longevidade ao produto é a lata, que é 100% reciclável, em Pelotas é uma cultura gastronômica que já tem quase 150 anos, nosso principal desafio é aumentar o consumo, principalmente entre o público jovem”, afirma.

A delegação da África do Sul foi a primeira a participar da programação oficial da Cancon15, seguida pela da Argentina, do Chile e, fechando a agenda da manhã, da China, que trouxe a maior delegação ao evento, com nove integrantes.

Delegação da China é a maior do evento, com nove integrantes. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

Além desses países e do Brasil, país-sede, a Cancon15 conta também com representações dos Estados Unidos, Espanha, Grécia e Itália. Juntos, são considerados os maiores produtores de frutas em conserva do mundo. No caso do Brasil, as dez empresas localizadas em Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão, além de abastecerem o mercado interno – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo –, destinam 20% de sua produção para a exportação. Atualmente, ocupam fatia do mercado de países como Uruguai, Bolívia, Paraguai e Venezuela. Dados do Sindocopel apontam que essas unidades são responsáveis por quase 800 empregos fixos durante todo o ano. Na safra, sem contar nos pomares, estima-se que este número chegue a quatro mil postos de trabalho.

Delegação da África do Sul foi a primeira a apresentar. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

A Cancon15, traduzida para 15ª Conferência Mundial de Frutas Processadas de Caroço, prossegue nesta terça-feira (31). A abertura do segundo dia de evento será com o empresário e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Marcos Oderich. Ele vai falar sobre a “Importância e tendências da agroindústria no comércio alimentício mundial”. Também está prevista na programação visita às dependências da Embrapa Clima Temperado e ao pomar na propriedade do produtor Dari Bosembecker.

Boas-vindas

As delegações estrangeiras chegaram domingo (29) a Pelotas. À noite, no hotel Jaques George Tower, foi oferecido um coquetel de boas-vindas aos representantes. Além deles, participaram a direção do Sindocopel e empresários do setor de pêssego em calda e da indústria em geral. O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, Gilmar Bazanella, representou a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).

Evento está ocorrendo na sede da Embrapa Clima Temperado. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

“Para nós, para o sindicato, é um orgulho muito grande e é também o reconhecimento de um trabalho que começou lá em 1880, e vem ser contemplado hoje quando temos a oportunidade de realizar um congresso que reúne os maiores fabricantes de pêssego do mundo”, disse Crochemore na ocasião. “Conseguir trazer esse congresso para cá nos auxilia na troca de experiências e nos atualiza sobre o que o mundo está fazendo no setor, as novidades e o tipo de pêssego que os mercados estão querendo consumir, o congresso serve pra isso”, finalizou.

O Cancon é um evento bienal, que reúne associações de indústrias produtoras de pêssego para discutir custos, inovações tecnológicas, ampliação de mercado e outros temas de interesse do setor. Conta com patrocínio do Sicredi, da Omip Food Processing Machinery, Atlas Pacific e CTI Foodtech. O apoio é do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Sebrae Agronegócio, Embrapa, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Prefeitura e Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

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