Como e por quem são produzidas as frutas, verduras e legumes que consumimos é de conhecimento geral. Mas de que maneira elas chegam até os pontos de venda, aí já é outra conversa. Este é o papel do atacadista, muitas vezes conhecido como intermediário ou atravessador. São eles que vão buscar os produtos nas regiões disponíveis para oferecer aos varejistas em geral.
“Nesta época começam a entrar em maior volume os produtos regionais, como o pêssego, o tomate, o pimentão, todo tipo de legumes e folhosas”, explica o atacadista Paulo Benemann. “As frutas tropicais, como mamão, melão espanhol e abacaxi vêm do centro do país”. Esta vem sendo a tarefa de Benemann, há 27 anos, e o que muitos não sabem, é que ele é um dos responsáveis por fazer chegar até o consumidor, produtos que ainda não estão na época de serem produzidos na região. É papel dele também, fazer com que estes produtos cheguem com qualidade ao consumidor e a preços o mais acessíveis possível.
É o caso da melancia, uma fruta muito apreciada pelos consumidores locais, mas que só começa a ser produzida em larga escala na região a partir do mês de janeiro. E é aí que entra o atacadista, ele vai buscar a fruta junto a produtores de outras regiões para poder oferecer a supermercados, fruteiras e feiras livres.
De acordo com Benemann, graças a este elo da cadeia produtiva, os consumidores locais podem saborear a fruta já no mês de outubro, quando ela vem de Tocantins, Goiás e São Paulo, na ordem de disponibilidade. Já as consumidas no mês de dezembro, vêm aqui mesmo do Rio Grande do Sul, de municípios como Arroio dos Ratos, Butiá e Triunfo, que detém a maior produção.
Entre as variedades ele destaca a Top Gun e a Manchester. “A Manchester tem como característica a casca mais dura e por isso, resiste melhor à viagem”. Desta variedade, as frutas têm peso que varia entre 15 e 20 quilos. Já a Top Gun é vermelha até na casca e é mais macia, o que a torna sensível à viagem e deve ser muito bem acondicionada, ressalta. Estas já são um pouco menores e pesam em média 12 quilos.
Ele cita, ainda, a Pingo Doce, uma melancia com casca preta que, na sua opinião, deve dominar o mercado por ser mais gostosa. Os compradores procuram muito ainda, pela Baby, de tamanho menor e pela sem semente. Os preços atuais no atacado variam entre R$ 1 a R$ 1,20 o quilo, o que é negociável de acordo com a quantidade adquirida. “Mas nos supermercados, em dias promocionais, se encontra a R$ 0,99 o quilo”, diz.
Em janeiro e até meados de março, já começa o consumo da fruta da região, oriunda dos municípios de Pedro Osório, Arroio Grande e Capão do Leão. “A melancia é uma fruta em que o produtor precisa renovar o local do plantio de dois em dois anos”, explica. Por isso, muitas vezes um produtor que plantava em Capão do Leão, passa a plantar em Pedro Osório ou Arroio Grande, e vice-versa. “Melancia, cerveja, água e sorvete vende com sol rachando”, brinca o atacadista, que apesar da venda em larga escala, não dispensa a venda direta e até fracionada da fruta. Quando a fruta chega já é selecionada e separada por tamanho. O volume comercializado neste período chega a mil toneladas.