Em entrevista, prefeita faz um balanço das ações no período de pandemia, e aponta propostas para enfrentar problemas na saúde e na economia
Em março de 2020, quando estava no último ano de seu primeiro mandato como prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) se deparou com o que apontou como o maior desafio de sua vida: a chegada de um vírus até então desconhecido no município, mas que já despertava preocupações em outras cidades e países. Pouco mais de um ano e três meses depois, Paula destacou, em conversa com o Jornal Tradição Regional, algumas das ações tomadas durante o período e como o governo se prepara para enfrentar as consequências da pandemia nas áreas da saúde e da economia.
“O caminho para que a gente retome a normalidade é a vacinação”, diz a chefe do Executivo. No dia 24 de junho, o município contava com 52,5% da população vacinada com a 1ª dose e 23,1% com a segunda dose, em relação à população vacinável do município, formada pelo grupo maior de 18 anos, que somam 248 mil pessoas. Segundo ela, o avanço foi possível a partir da dinâmica aplicada utilizando o modelo drive-thru, no Centro de Eventos, e também nos bairros que contam com a participação de voluntários.
Até que a vacina começasse a ser distribuída para a população, no entanto, a prefeita aponta que o enfrentamento à Covid-19 foi o momento mais desafiador que já enfrentou durante sua trajetória de vida, na administração do município com população estimada em mais de 340 mil pessoas. “Enfrentar algo desconhecido, uma crise sanitária com repercussão nunca antes vivida”, afirma, lembrando o fato de que as decisões afetavam a realidade de muitas famílias. “É algo com uma dimensão muito grande porque está ceifando vidas. Meio milhão de pessoas perderam a vida no Brasil, mais de 900 em Pelotas, e isso nos fere muito”, completa.
Durante o período, Paula ressalta a decisão pela obrigatoriedade no uso de máscaras, ainda em abril de 2020, e as parcerias feitas com hospitais para a abertura de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dedicados exclusivamente para atendimentos de coronavírus, que passaram de cinco para 64, além da criação do Centro Covid.
Consequências também na economia
Além da saúde, as consequências da pandemia se estendem para outras áreas, como a economia. “A gente sabe que as sequelas da pandemia vão ser muito graves”, comenta. Ela lembra que dois projetos foram enviados e protocolados na Câmara de Vereadores, um deles trata do Conselho de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego (Comdester), “que vai dar as ferramentas para que a gente possa fazer um projeto na área de desenvolvimento e geração de emprego e renda, que é o Bairro Empreendedor”, afirma. A ideia desse projeto é que o governo se aproxime de empreendedores nos bairros que já tenham negócios e precisam de apoio, além de quem procura uma alternativa e busca iniciar um empreendimento, mas não dispõe de meios para isso, através de microcrédito a juros baixos ou zero. “Para que o governo mostre na prática que as pessoas não estão sozinhas, que a gente está junto com elas, que a gente dê os estímulos necessários para que as pessoas tenham essa alternativa de se desenvolver e, com isso, desenvolver a cidade”, complementa.
Outro desafio citado é a demanda de atendimentos e cirurgias que foram interrompidos pela necessidade de atendimento dos pacientes com a Covid-19. Para isso, há a previsão de retomada do programa Saúde Ativa, que foi anunciado em fevereiro de 2020, e será retomado em um período pós-pandêmico. O programa é voltado para a diminuição da fila de procedimentos como exames, consultas e cirurgias eletivas.
209 anos do município
Para o aniversário de Pelotas, a prefeita destaca a gravação de apresentações direto do Theatro Sete de Abril. “Isto eu acho que traz um ânimo, um otimismo, uma esperança para a população num momento tão difícil”, conta. Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, a chefe do Executivo enfatiza a importância de se celebrar os 209 anos do município como um momento de reflexão sobre nossas ações e sobre as perdas.
“É um momento de olhar para nós mesmos. Olharmos para trás, ver tudo que conquistamos, tudo que aprendemos ao longo do tempo e também olhar para frente, tudo o que temos por fazer. Olhar para frente com otimismo, porque eu não tenho dúvidas de que nós vamos vencer. Vamos sair, claro, com muitas perdas dessa pandemia, mas mais fortes para enfrentar o futuro e construirmos juntos esse futuro”, comenta.
Para que a retomada aconteça e enquanto a vacina não chega para todos, a prefeita aponta a necessidade de que a população continue seguindo os protocolos de segurança, como o distanciamento social, o uso de máscara e evitando aglomerações. “Enquanto isso, a gente vai trabalhando na imunização da população para que a gente consiga, o quanto antes, vencer essa crise sanitária e retomar a vida normal”, finaliza Paula.