
Durante a tarde de quarta-feira (29), aconteceu no Auditório Dom Antônio Zattera, no Campus I da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) o Seminário de Prevenção e Combate à Violência Contra Mulheres e Meninas. O evento é uma iniciativa do Observatório Nosotras e faz parte da Campanha dos 21 Dias de Ativismo, que busca conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressão contra esse público em todo o mundo.
Com início marcado para as 13h, o evento seguiu até o fim do dia com uma programação recheada pela presença de mulheres influentes na batalha pela equidade de gênero. Voltado especificamente à análise e debate da violência nos 22 municípios que integram o Conselho Regional de Desenvolvimento Sul (Corede Sul), foram discutidas ações e políticas públicas voltadas à diminuição deste fenômeno.
Ao lado de fora do auditório, também foram instaladas bancas de empreendedorismo feminino, com brechós, comercialização de doces, artesanatos e produtos agroecológicos.
A abertura do seminário se deu a partir de uma Mesa Redonda, com pauta de abertura referente à violência contra mulheres e meninas na região sul do estado e fronteiriças. Foram debatidas práticas, fatos ocorridos e principalmente meios de enfrentamento aos resultados que hoje somam-se às estatísticas apresentadas em relatórios da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Em relatório apresentado para comparativo de violências contra a mulher entre 2022 e 2023, destacaram-se aumentos e diminuições em categorias que influenciam os resultados umas das outras. Sendo estes: aumento de 9,2% em feminicídios tentados; diminuição de 32,2% em feminicídios consumados; aumento de 6,8% em ameaças; diminuição de 3,3% em estupros; e aumento de 11,9% em lesões corporais.
A escritora, pesquisadora, bacharel em Direito e doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Winnie Bueno, foi uma das participantes da mesa redonda e relata que o evento foi muito importante e enriquecedor, enfatizando ainda a necessidade de uma educação integral com comunicação precisa e constante, além da presença de aparatos públicos nas regiões onde as mulheres têm menos acesso. “Fortalece as redes de construção feminista e permite construir saídas a partir de diferentes visões,” comenta.
Para a professora do programa de pós-graduação em Política Social e Direitos Humanos da UCPel, Christiane Russomano Freire, se faz necessário o fortalecimento do Ministério das Mulheres e também a criação de instâncias estaduais e municipais, como Secretarias de Mulheres com autonomia, orçamento próprio e também recursos humanos com capacitação específica para enfrentamento do fenômeno social violência contra mulheres”.
Também representante do Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Penitenciários (GITEP) dentro do Observatório Nosotras, a professora relata ainda que se fazem necessárias amplas campanhas de conscientização nas mídias sociais, bem como o compromisso dos governos federal, estadual e municipal de incluir a temática da violência contra a mulher como essencial nas práticas de educação formal e não formal. Ela também considera importante, ainda, construir projetos e programas voltados aos agressores.