Rua do Doce chega para celebrar o doce artesanal pelotense o ano inteiro

Local possui sete espaços para as doceiras, além de um sanitário para o público em geral, adaptado para Portadores de Necessidades Especiais (PNE), área de alimentação e de convivência. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

O mês do aniversário de Pelotas deve marcar a entrega de um grande presente às doceiras e à população. Trata-se do Centro de Comercialização de Produtos Associados ao Turismo, denominado “Rua do Doce”, onde serão expostos e comercializados os doces tradicionais pelotenses o ano inteiro. “O ponto corresponde ao desejo do Município de proporcionar espaço qualificado, que valorize as profissionais responsáveis por fazer Pelotas ser reconhecida nacionalmente por sua tradição doceira”, afirma a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).

O espaço, localizado no centro da cidade, na rua Sete de Setembro, entre o calçadão da rua Andrade Neves e a rua General Osório, junto ao chafariz As Três Meninas, terá gestão da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas (Aprodopel) em parceria com a Cooperativa de Doceiros de Pelotas (Coodopel). O local contará com sete espaços para as doceiras, além de um sanitário para o público em geral, adaptado para Portadores de Necessidades Especiais (PNE), área de alimentação e de convivência.

A inauguração está prevista na programação da Semana de Pelotas, já nesta sexta-feira (1o), às 11h. O projeto da Prefeitura, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação (Sdeti), que tem como titular o secretário Gilmar Bazanella, teve obra orçada em R$ 368 mil e executada pela empresa Apague Comércio de Equipamentos de Combate a Incêndios Ltda.

O secretário salientou que a Rua do Doce, localizada em um dos pontos comerciais mais importantes da cidade, se tornará referência. “Quem vai ao Centro passa por ali e, além disso, é próxima ao setor de hospedagem, oportunizando a quem está em viagem encontrar facilmente variedades dos doces tradicionais”, disse.

Para Bazanella, a construção do espaço é um investimento importante, que dá mais visibilidade aos produtores. “O doce é um dos elementos que mais projeta Pelotas no mundo. Assim, a divulgação tende a chamar novos investidores. O doce deve ser usado como ferramenta para prospectar Pelotas”.

Parte dos recursos são oriundos de emenda parlamentar, indicada ao Orçamento Geral da União (OGU), em 2019, pelo deputado federal Afonso Hamm (Progressistas) e o restante de contrapartida da prefeitura. A rubrica do legislador federal prevê a designação de R$ 270 mil à construção de quiosques fixos e padronizados, bem como a instalação de mobiliário urbano. Hamm destaca a concretização deste projeto e pretende estar em Pelotas para inaugurar, ao lado do Poder Público, esta obra que ele define como “a vitrine do doce e uma marca para Pelotas”.

“É um projeto estratégico para alavancar a comercialização dos doces e potencializar a renda das doceiras nos 365 dias do ano”, segundo ele, um estímulo à economia e ao turismo. “Quem ganha é a população, o consumidor e, fundamentalmente, a cadeia produtiva do doce, que além de alavancar a atividade econômica, vem mostrar esta vocação local, através das doceiras e fábricas de doces”, ressalta.

Tradição Doceira
Tradicionalmente, o mês de junho é, para os pelotenses, um momento de enaltecer, durante a Fenadoce, a tradição doceira, que conquistou para a cidade, em 2018, o reconhecimento como patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Na 28ª edição, ocorrida entre os dias 3 e 19 de junho deste ano, no Centro de Eventos Fenadoce, foram comercializados 1,8 milhão de doces e recebidos 313 mil visitantes. É neste mês também, que é comemorado o Dia da Doceira, em 6 de junho, instituído através da lei 6.582/2018, projeto de autoria do deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB), vereador na época.

A tradição dos doces ao território de Pelotas é garantida através do selo de Indicação de Procedência dos Doces de Pelotas (IP), registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Quinze doces tradicionais pelotenses têm a indicação de procedência e certificação através do selo de identificação e origem geográfica. São eles, a Panelinha de Coco, Pastel de Santa Clara, Bem Casado, Broinha de Coco, Amanteigado, Beijinho de Coco, Ninho, Olho de Sogra, Camafeu, Fatias de Braga, Papo de Anjo, Queijadinha, Quindim, Trouxas de Amêndoas e os Doces Cristalizados.

Pelotas está no ponto central da região doceira que envolve multiplicidade de saberes e identidades sob a forma de duas tradições: a de doces finos e a de doces coloniais. O doce desempenha importante papel nas comunidades regionais, tornando-se elemento cultural que interliga a diversidade dos grupos étnicos e sociais que as compõem.

Para doceiras e doceiros, o trabalho com o doce é uma forma de dar continuidade à trajetória de suas famílias, principalmente no meio rural, entre os produtores de doces de frutas, que se encontram profundamente ligados à região colonial, como um espaço de vivências, trabalho e afetos. O registro de Indicação de Procedência contempla o espaço onde ocorrem as duas tradições doceiras e os sentidos que a elas são atribuídos pelos grupos detentores, se justifica pelo seu valor identitário e a relação demonstrada entre o saber doceiro e o território onde são produzidos.

As doceiras levam os doces e o nome de Pelotas também a feiras regionais e estaduais, como a Expofeira Pelotas, a Feira do Artesanato de Rio Grande (Fearg) e a Expointer, em Esteio, onde possuem espaço físico fixo, junto ao pavilhão de Indústria e Comércio, localizado ao lado do Pavilhão Internacional, no Parque Assis Brasil.

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