Há, aproximadamente, dois meses, o Pop Center de Pelotas mantém as portas fechadas. Porém, na quinta-feira (4), em transmissão ao vivo via Facebook, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) divulgou que acontecerá a reabertura do local. As alternativas para o dilema que envolve a gestão municipal, a direção do Pop Center e os lojistas foram discutidas desde a terça-feira (2), quando a chefe do Executivo se reuniu com os permissionários. O local está fechado desde o dia 20 de março.
De acordo com a prefeita, um novo decreto, que será publicado hoje (5), irá permitir a reabertura, desde que sejam cumpridos determinados requisitos. Para isso, as bancas deverão contar com apenas um atendente por banca, controlar o fluxo de clientes no espaço, disponibilizar álcool gel, realizar aferição de temperatura e manter as portas abertas para arejar o ambiente.
Até então, os lojistas que estão aglomerados nas calçadas em torno do prédio convivem com o dilema de estarem expostos às intempéries e enfrentarem o alto aluguel cobrado pela direção do local assim que retornarem às atividades.
Situação da comercialização
O decreto municipal nº 6.267 estabeleceu a reabertura do comércio local, Shopping Pelotas e Mercado Central, mediante uso de máscaras por funcionários e clientes, funcionário na porta para assessorar quem não obedecesse as medidas e distanciamento de dois metros, bem como a proibição de provar roupas e acessórios. Além disso, o decreto regula que o número máximo de funcionários seja de 40% e 30% de clientes no interior do estabelecimento. Porém, não previu a normalização das atividades do Pop Center, pois, segundo o Comitê de Crise da Prefeitura, os corredores são estreitos e contam com pouca ventilação.
Em contrapartida, por meio da assessoria de imprensa, a direção do Pop Center diz que se responsabilizaria pela desinfecção do local, e todas as futuras recomendações solicitadas pelo Executivo, tal qual fez o Pop Center de Porto Alegre que, obedecendo às regras e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), já se encontra com as portas abertas.
Enquanto isso, a lojista Carine Braga diz que os permissionários se organizam sozinhos, na rua, cada um em seu local. Contudo, lembra que falta sinalização. “O camelô mantém uma ordem, cada um tem seu espaço. Mas está mal sinalizado. Não tem como parar carro, não pode colocar cone porque os azuizinhos começam a buzinar”, afirma, mas ressaltando que prefere trabalhar na via durante a pandemia, porque o ar circula entre os transeuntes.
Já para o lojista Mogar Fonseca da Rosa, está complicado trabalhar desta forma, porém concorda que não é possível a reabertura do local. “É complicado trabalhar aqui na rua por causa das intempéries, mas a gente está se virando, porque ali dentro não tem condições”.
A lojista Cristiane Domingues fica revoltada em apenas aceitar a situação imposta pelo Executivo. Aponta, ainda, que está trabalhando com o estoque que tem em casa, já que o estabelecimento encontra-se fechado. Além disso, destaca a necessidade de estar trabalhando em meio ao coronavírus. “A gente se organizou, estamos com álcool gel e usamos máscara, porque temos consciência de que tem familiar em casa e se está aqui é porque tem que trabalhar”.
Por outro lado, os lojistas são unânimes em ponderar a respeito do valor do aluguel. Porém, estando na rua, sofrem com a falta de estrutura de não possuir banheiros apropriados e nem luz elétrica.
Da Rosa sugeriu que uma possibilidade seria alocar as bancas, com o devido distanciamento e restrições dentro do espaço destinado no estacionamento do Pop Center. Entretanto, de acordo com ele, o pedido foi negado pela administração municipal.
Enquanto isso, o Pop Center continua de portas fechadas, com a receita interrompida, parte dos funcionários em suspensão de contratos e a maioria dispensada, arcando com a equipe de segurança do local.
“Compreendemos a necessidade dos comerciantes seguirem trabalhando para sustentar suas famílias. Por isso, num primeiro momento, permitimos que as vendas fossem realizadas na frente do Pop Center, pois entendemos ser uma situação de risco, principalmente, com o estendimento da pandemia. Entretanto, precisamos retomar a comercialização no Pop Center, com todos os cuidados contra o coronavírus”, defendeu Paula, em reunião realizada na quarta-feira (3).
Atualização
Após o fechamento da edição 715, foi divulgado que houve negociações e manifestações em frente ao prédio da Prefeitura de Pelotas na quinta-feira (4), sendo o centro da pauta a retomada das atividades do Pop Center. Além de mediar as tratativas, a prefeita anunciou que o comércio informal instalado na área externa do prédio deve ser encerrado até o dia 14 de junho.
Paula deliberou a possibilidade da reabertura do Pop Center na próxima semana ao consultar o Comitê de Crise municipal e os especialistas das área da saúde, que estão monitorando a progressão da pandemia no município.
Texto atualizado às 12h06 do dia 5 de junho de 2020