Pelotas: Tradição que luta para permanecer

Doceiras estão na expectativa da construção da Rua do Doce (Foto: Daniel Batista/JTR)

Com dificuldades nas vendas, doceiras de Pelotas esperam manter a tradição após mudança para a nova Rua do Doce

As doceiras da região central de Pelotas vêm enfrentando dificuldades nas vendas nos últimos anos. A mudança do Calçadão para a Travessa Ismael Soares e o novo coronavírus reduziram a quantidade de visitantes no local e de doces vendidos. A expectativa é que a situação melhore após a construção da Rua do Doce, cujas obras devem ser iniciadas até o final deste mês, conforme a Secretaria de Planejamento e Gestão.

A doceira Sandra Siqueira, de 55 anos, trabalha na função há 30 anos, sendo 20 dedicados às vendas nas ruas de Pelotas. “Desde pequena estou envolvida com doces. Minha família toda é doceira”, afirma. A banca, que era localizada no Calçadão central, está há cerca de quatro anos na travessa. A mudança representou uma queda nas vendas, que foi acentuada com o início da pandemia de Covid-19, em março do ano passado. “Nós temos que vender de dia para poder comer de noite”, diz.

A situação não é diferente na banca em que Amélia Tavares, de 47 anos, trabalha como vendedora. No momento, em média 30 doces são vendidos por dia, número que dobra aos finais de semana, mas ainda é abaixo do período pré-pandemia. Datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, também costumam representar um aumento nas vendas, mas as incertezas afetam até mesmo a produção dos doces. “A gente não sabe se vai poder vender e temos que fazer menos, diminuir a variedade de doces”, comenta.

Para ela, a mudança para o novo local irá trazer visibilidade para as bancas de doces, o que pode promover ainda mais a tradição doceira da cidade que, mesmo durante a pandemia, continua atraindo visitantes de todo o Brasil. “Todos disseram que tem doce em todo lugar, mas nenhum se compara com o de Pelotas”, destaca, citando que o mais vendido é o quindim.

No entanto, ainda há incertezas quanto à mudança para o novo local, que contará com sete espaços para as doceiras. Na Travessa Ismael Soares, dez profissionais atuam em regime de rodízio mensal no espaço destinado às vendas. A Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Pelotas informou que a distribuição das bancas será realizada após a conclusão das obras. Conforme a Secretaria, que é responsável pela fiscalização do projeto, as obras devem ser iniciadas até o final deste mês. A empresa terá o prazo de até três meses para a conclusão.

Saiba mais
A assinatura do contrato de construção do Centro de Comercialização de Produtos Associados ao Turismo no município de Pelotas, a Rua do Doce, foi realizada pela prefeita Paula Mascarenhas no último dia 10. O investimento será de R$ 368 mil, oriundo de emenda parlamentar indicada pelo deputado federal Afonso Hamm ao Orçamento Geral da União, em 2019. Além dos sete pontos de vendas de doces, o espaço também contará com sanitários para o público, adaptado para pessoas com deficiência, área de alimentação e de convivência.

A Rua do Doce será construída na rua 7 de Setembro, entre a ruas Andrade Neves e General Osório.

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