A Associação dos Deficientes Físicos de Pelotas (Asdefipel) nasceu dentro do Sindicato dos Eletricitários (Sinergisul) e foi fundada em 21 de outubro de 1998, por iniciativa do atual presidente, Carlos Rodrigues, junto com um funcionário da CEEE, que foi o primeiro presidente. Com deficiência devido à poliomielite, que lhe deixou com problemas na perna esquerda, para a qual precisa fazer uso de um par de muletas, Rodrigues conta que desde jovem luta pela inserção das pessoas com deficiência, principalmente no que diz respeito ao emprego. “Batíamos de porta em porta para buscar o emprego, que sempre foi muito difícil”, ressalta.
Ele conta que a ideia de fundar a Asdefipel foi colocada em prática após ser encaminhado para o funcionário da CEEE, quando estava na luta por emprego, que poderia lhe dar informações sobre concursos, e presidiu a entidade nos primeiros dois meses, mas desistiu. Rodrigues assumiu a presidência ainda em 1998. “Representamos os portadores de deficiência que não tinham uma representação junto a outras entidades fechadas como Alfredo Dub, Cerenepe, Apae”. Segundo ele, foi realizada uma pesquisa de opinião na época, que revelou um número considerável de pessoas com deficiências em geral na cidade e que não eram assistidas.
De acordo com Rodrigues, a partir daí a entidade se alicerçou em quatro eixos, que nortearam as atividades da Asdefipel. “Em 1999/2000, foi a conquista do transporte coletivo adaptado para cadeirantes, que já existia em Rio Grande, onde fomos visitar para conhecer”, conta. Em seguida, para possibilitar o deslocamento pela cidade, ele lembra que veio a questão da acessibilidade, através do projeto “Pelotas sem barreiras”, o Promob, que para ele, hoje é realidade, apesar de ainda não ser o ideal, e com cobrança persistente junto ao Poder Público. “As conquistas foram muitas de 1998 para cá”, diz.
Outro aspecto que integra a luta da entidade é o mercado de trabalho. “Buscamos a 4ª Região da Justiça do Trabalho para que fiscalizasse as empresas com mais de 100 funcionários, mas por cinco anos o pedido ficou engavetado. O responsável por desengavetar o pedido foi o procurador Gilberto Souza dos Santos, hoje desembargador, que chamou a entidade para uma audiência e colaborou na mudança desta realidade. Ele relata que, a partir disso, se estabeleceu um vínculo com o procurador e abertas inúmeras vagas para Pessoas com Deficiência (PCDs), inclusive com o envio de currículos pela Asdefipel, na área de abrangência da 4ª Região do Trabalho.
Em 2011, o atual diretor de Esportes da Asdefipel, Diego Lemos, procurou a entidade, pedindo apoio para fazer uma viagem para uma competição. Na ocasião, foi realizado o convite para que ele se somasse à entidade, com a criação do Departamento de Esportes e da primeira equipe de futsal de cegos. “Ainda com a intervenção do procurador do Trabalho, conseguimos oito a dez bolsas-atleta para PCD deficiente visual que estivesse filiado a alguma entidade”, conta. A partir daí, ele lembra que foi montada a equipe de futsal com viabilidade para fazer as viagens e participar de competições, o que acontece até hoje. “Com isso, se montou os quatro eixos que definem o trabalho da Asdefipel: transporte adaptado, acessibilidade, trabalho e esporte”, ressalta.
O departamento jurídico da Associação representa mais de mil pessoas com deficiência no Brasil, que realizaram concurso público, passaram e não foram chamados. A entidade também realiza trabalho eventual junto a comunidades, ajudando com alimentos, roupas e campanha de cadeiras de rodas. “São ações contudentes que mudaram a vida de muita gente, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho, que abriu muitas portas”. Ele também destaca a importância da imprensa local na divulgação dessas ações.
A Associação tem ainda o programa Espaço Asdefipel, na TVC Pelotas, aos sábados, das 12h30 às 13h, que fala sobre a entidade e assuntos gerais da cidade. Os contatos podem ser feitos pelo telefone (53) 99968-6210, com o presidente, ou pelo e-mail: [email protected].
Departamento de Esportes realiza seleção de jogadores com deficiência visual
Segundo Rodrigues, o Departamento de Esportes, sob a direção de Diego Lemos, é o único que existe de fato e de direito dentro da entidade. Por ser um trabalho voluntário, sem remuneração, ele salienta que o número de pessoas dispostas a trabalhar pela entidade é bastante restrito.
No mês de outubro, entre os dias 24 e 31, a equipe de futsal da Associação participou, em São Paulo, de competição da série A, que ocorreu no Centro de Treinamento (CT) Paraolímpico, mas foi eliminada ainda na primeira fase, com um empate e duas derrotas.
Conforme Lemos, no mês de novembro o foco se volta à seleção de jogadores com deficiência visual da região Sul que queiram começar no futebol de cinco. O “peneirão” ocorre na terça-feira (9), às 14h, no Ginásio Planeta Bola.
“Convido a todos, quem seja deficiente visual ou que conheça alguém com deficiência visual acima de 16 anos para participar”, diz. Os interessados devem se apresentar com carteira de identidade e um responsável. Segundo o diretor, será realizada uma simulação de jogo, com toque de bola, chutes a gol e escanteio.
A intenção é selecionar 20 participantes em boas condições de saúde. O calendário de jogos inicia no mês de março de 2022, com os amistosos e, em maio, os campeonatos. Os treinos ocorrem sempre às terças-feiras. “Para esta competição em São Paulo, agradeço aos meus apoiadores, vereador Carlos Júnior, Macro Atacado Treichel, Arroz Sul, Simeão Auto Peças, Mini Mercado 3M, Wilson Lanches, Granja Mangueira e Tordilho Alimentos”, finaliza.
Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (53) 98164-9889 ou 98134-4374, com Lemos.