A chegada da estação mais fria do ano faz com que todos comecem seus preparativos para se manterem saudáveis e aquecidos. Tirar os agasalhos do fundo do guarda-roupa, ir ao posto mais próximo se vacinar, estocar remédios e chás para a gripe, entre outras ações começam a ser planejadas. Mas não são só os humanos que precisam de cuidados e conforto extra durante o inverno, os bichinhos também são sensíveis a esta estação.
A médica veterinária e responsável técnica pelo Canil e Gatil Municipal, Cristiane Berçot destaca alguns cuidados que os tutores devem ter com seus amigos de quatro patas. “Os animais, assim como nós, sofrem de doenças do trato respiratório, principalmente nesse período que está entrando agora de inverno. O nosso inverno, o frio aqui no Sul, é bem rigoroso, muito úmido também, então eles também [sofrem], principalmente os animais que têm a imunidade comprometida”, explica.
Ela cita os animais idosos, filhotes, fêmeas gestantes e animais com doenças crônicas como as principais figuras entre o grupo de risco, principalmente no caso daqueles que estão em situação de rua ou abandono. “É muito importante que nesse período de frio eles tenham um abrigo, um local seco, que eles possam dormir, que eles possam se abrigar de vento, de chuva, e que eles consigam ter conforto, o que a gente chama de bem-estar animal. Ele está baseado em cinco liberdades, e uma dessas liberdades é estar livre de frio e de dor, porque a gente sabe que o frio também dói”, detalha.
Sobre os animais idosos, Cristiane reforça alguns cuidados básicos que os tutores podem tomar, como a preparação de uma caminha ou um estrado de madeira com cobertor e carpete para mantê-lo aquecido. Ela indica que até mesmo um papelão pode auxiliar quem tem menos condições a garantir que o bichinho não fique diretamente no piso frio, o que é muito importante.
Para aqueles que têm cachorrinhos e fazem suas caminhadas diárias, há recomendações com relação aos horários. “A gente sabe que no início da manhã tem aquele período daquela névoa onde a umidade fria tá ainda bem suspensa no ar. É ruim para o sistema respiratório dos humanos e dos animais também. Então, evitar sair muito cedo, até porque se o animal não está de roupa ele vai ficar com o pelo úmido, e também é mais frio. O cão e o gato, diferente dos humanos, não transpiram pelo corpo, eles fazem a troca através das almofadas plantares, da língua e do nariz”, pontua.
Ainda elencando cuidados básicos, Cristiane cita as roupinhas para pets, que podem mantê-los aquecidos e ainda são, muitas vezes, sinônimo de carinho. Mas é preciso ficar atento para que este item da “moda animal” não perca sua real utilidade.
“Sempre tomar cuidado com a humanização exagerada, porque a gente coloca a roupa naqueles que sentem muito frio, que aceitam, porque não é todo animal que aceita. A roupa tem que ser confortável, ela não pode impedir os movimentos e também não pode ficar apertando o animal, aquilo que é ruim pra gente é ruim pra eles também”, garante. Ela ainda salienta que é fundamental que o tutor confira se a peça utilizada no seu pet não está úmida, o que pode prejudicar a saúde do bicho.
Para aqueles que querem reforçar ainda mais a garantia de um inverno saudável para seu familiar de quatro patas, a médica veterinária cita que há vacinas que podem ser aplicadas nos animais.
“Assim como tem pra nós, tem também uma vacina da gripe pros animais. Ela é indicada, principalmente, pra animais braquicefálicos, que têm o focinho curto e também pra animais que vivem em creche ou que vão pra canil, porque tem muito contato com animais que ficam aglomerados”, explica. Mas, conforme Cristiane, apesar de ser indicada para estes grupos específicos, todos os animais podem ser vacinados contra a gripe.
Mas e os animais que não possuem um lar?
Latidos e alguns miados despontam por todos os lados do Canil Municipal. Mesmo estando em um local onde recebem os cuidados necessários e carinho dos funcionários, cada animal que está no abrigo espera por seu próprio lar amoroso, e ainda precisam contar com o auxílio da população.
Praticamente todos os cães do espaço fazem uso de roupinhas e outras peças para afastar o frio durante o inverno e, com o início da estação, a Prefeitura de Pelotas e o Canil intensificam sua campanha de agasalho.
Mas os pedidos não se limitam apenas às peças que podem ser vestidas pelos animais. Alguns dos bichos do Canil, como é o caso dos idosos e cadeirantes que possuem incontinência urinária, exigem a troca constante também de cobertas. “A nossa demanda de cobertores, cobertas, tapetinhos e essas coisas é bem alta em virtude disso”, diz.
A responsável técnica garante que quase todo item de tecido que não seja mais usado pode ser reaproveitado para os cães e gatos sob tutela do município. “A gente conta com o auxílio da população, porque tem muita coisa que não serve mais, um tapete, uma capa de sofá, qualquer coisa que dê pra aquecer eles”, lista. Cristiane aponta que até objetos como colchonetes de academias ou colchões impermeáveis utilizados com bebês podem ser reaproveitados para os bichinhos.
Além de colaborar com as peças e poder garantir um dia aquecido para um animalzinho, é possível também proporcionar um lar amoroso para esses animais que já sofreram com históricos de maus-tratos e abandono. Diversos cachorros e gatos aguardam todos os dias por aquele que virá a ser seu tutor. No caso dos felinos, esta espera possui um prazo até que estes sejam devolvidos ao local de recolhimento, já tratados e com microchips. O Canil e Gatil Municipal estão localizados no km 71 da BR 392, com visitação aberta ao público de segunda-feira a domingo das 9h30 às 16h30, via agendamento prévio.
Alguns dos itens que podem ser doados são roupas pet (principalmente para cães de porte M e G), cobertas, mantas, edredons, cobertores, toalhas de banho, lençóis, tapetes, carpetes, colchões, colchonetes, camas pet, coleiras, guias, brinquedos, tecido a metro (soft).